“Sei que não dá para mudar o começo, Mas se a gente quiser, vai dar pra mudar o final

Começo esta nossa conversa lembrando a citação de autoria da Elisa Lucinda, correlacionando-a com a ilustração que representa Adão e Eva que, por séculos, justificou a existência da mulher na sociedade, sob a visão do mundo católico.

Mulheres foram representadas da forma mais simples no reino da dominação: o ser dominante desqualificando a parte que ele deseja subjulgar, humilhar, dominar, para garantir o seu poder.

A história que nos contaram sobre as mulheres, nascidas a partir da costela de Adão e, depois, incitando-o ao pecado! Essa história situa a mulher como a vilã, a culpada e, por isso, até hoje, deve expiar a sua culpa, sofrendo todo tipo de agressão?!

Insisto que fomos desinformados quanto a verdadeira história das coisas e se pensarmos nos exemplos dos sábios filósofos veremos que influenciam até hoje o valor atribuído às mulheres.

Aristóteles Aristóteles (384 a 322 a.C.) é acusado de Misoginia ao escrever que: “as mulheres são homens imperfeitos, acreditando que as mulheres eram como homens, mas apenas com os órgãos genitais internos em vez de externos; a mulher era como se fosse um macho deformado”.

E pasmem, parte da nossa sociedade, a machista, sexista, misógina, ainda está aprisionada a estes posicionamentos defendidos há mais de 300 anos a.C. !

É o exemplo dado pelos adeptos do movimento “Machosfera”.

Machosfera: O que prega esse movimento ?

Violência contra a mulher e a retomada da “virilidade” dos tempos pré-históricos.

Os homens adeptos desse movimento acreditam que são superiores às mulheres e que o feminismo deve ser combatido, pois oprime a classe masculina.

Tais homens são misóginos, tem ódio e repulsa às mulheres e a tudo que é relacionado a elas.

“Os homens aprendem desde pequenininhos que ser homem é não ser uma ‘mulherzinha’. Então, se constrói um discurso de que o verdadeiro homem é aquele que domina e subjuga, que trata as mulheres como objeto sexual” – Valeska Zanello, Psicóloga.

Este movimento começou nos Estados Unidos, no início dos anos 80, para combater o crescimento do feminismo. Mas não conseguiu impedir esse crescimento em âmbito mundial.

Com a chegada da internet, os seus adeptos passaram a atuar de forma anônima, em locais escondidos da web.

Hoje, estão disseminados nas redes sociais mais conhecidas, propagando sua supremacia e o ódio às mulheres, tentando impedir a consolidação do feminismo e do empoderamento feminino, justamente agora que as organizações empresariais estão atentando para o cumprimento da Legislação e Princípios globais ESWG.

Eles culpam as mulheres e as feministas por todos os tipos de problemas da sociedade, incentivam o ressentimento e o ódio contra mulheres e meninas.

Basta ler “Os 16 Mandamentos dos relacionamentos para o homem lidar com a mulher”, veiculado em plataforma internacional com milhares de seguidores, para chegar à náusea.

Existem quatro grupos principais:

  1. Ativistas dos direitos dos homens: defendem mudanças políticas que beneficiarão os homens. Seu ativismo consiste em assédio e abuso contra feministas e figuras públicas femininas.
  2. Homens seguindo seu próprio caminho: argumentam que as mulheres são tão tóxicas que os homens deveriam evitá-las completamente. Alguns namoram mulheres, mas evitam compromissos, enquanto outros sequer são amigos de mulheres.
  3. Pick-up artist: ensina aos homens estratégias de sedução para que tenham mais sucesso em atrair mulheres. Muitas dessas técnicas envolvem matratá-las, insultá-las ou desconsiderar o consentimento.
  4. Celibatários involuntários: acreditam que têm direito a um relacionamento com uma mulher, mas são incapazes de encontrar uma parceira. Vários atos de extrema violência e assassinatos foram atribuídos a este grupo. Fonte: Jessica Aiston .

Mas, não nos esqueçamos que, ainda bem, temos o respeito, o carinho da maioria da população masculina brasileira.

E é essa maioria, que não pratica a violência contra as mulheres, que queremos chamar para essa conversa. Precisamos, urgentemente, de aliados, genuínos !

Homens Pró-feministas

Os homens pró-feministas têm questionado o ideal cultural da masculinidade tradicional. Eles argumentam que as expectativas sociais e as normas têm obrigado os homens a adotarem papéis de gênero rígidos, limitando sua capacidade de se expressar e restringindo suas opções aos comportamentos considerados como socialmente aceitáveis para o público masculino. Por outro lado, os homens pró-feministas têm procurado eliminar o sexismo e reduzir a discriminação contra as mulheres

 2014: ONU Mulheres com a Campanha HerForShe – Trouxe os Homens Para a Conversa

Há quase 20 anos, a ONU Mulheres lançou a Campanha Eles Por Elas (He For She), em 20 de setembro de 2014, reforçada pela Agenda Global da ONU 2030, na qual estão descritos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável lançados em 2012. Entre os quais, o ODS 5, Igualdade de Gênero.

A campanha He For She foi idealizada como um “esforço global para envolver homens e meninos na remoção das barreiras sociais e culturais que impedem as mulheres de atingir seu potencial e ajudar homens e mulheres a modelarem, juntos, uma nova sociedade” (ONU Mulheres).

A campanha utiliza uma abordagem inclusiva, declarando a responsabilidade dos homens e meninos para a igualdade de gênero e a criação de novas relações sem atitudes e comportamentos machistas.

Contribuição

Desde 2014 iniciei essa abordagem em organizações de grande porte tais como Eletrobras/Furnas Centrais Elétricas, entre outras, e sempre foi surpreendente a receptividade positiva dos participantes do sexo masculino, muitos pertencentes a áreas de trabalho tradicionalmente masculinas.

Insisto: É preciso escutar os Homens.

Por que? Nenhum homem nasce odiando a mulher. Ele aprende. E se ele aprende a odiar, pode aprender a amar (Lembrando Nelson Mandela).

Por que escutar os homens?

Os agressores estão, também, ao nosso lado nas organizações empresariais. Estão por toda parte.

Estratégia Vital

Precisamos demonstrar que estamos predispostos, com atenção e respeito, para escutar a fala dos homens, o que é diferente de ouvir, que é um processo mecânico da audição.

Abordar as questões de gênero sem escutar a contribuição dos homens é falar de parte desse universo que é feminino, masculino, mas sem respeitar todas as formas de ser mulher e de ser homem.

Acredito que só assim conseguiremos avançar nessa trajetória, reconhecendo que Equidade e Inclusão são formas de expressar o Respeito à mulher e a todos no ambiente de trabalho e na sociedade, o que é bom para todos.

Estratégia de Oportunidade

Construção de Pontes: Do Respeito à Equidade de Gênero. Quem são e onde estão nossos aliados?

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ONU Mulheres, Instituto Avon e  Fundação Dom Cabral foram as instituições que conceberam a Coalizão Empresarial Pelo Fim da Violência Contra Mulheres e Meninas, em 2019.

É uma iniciativa privada e colaborativa de mobilização de diversas empresas de todo o Brasil, cujo propósito comum é o de transformar vidas de mulheres e meninas vítimas de violência, por meio de investimentos em prevenção e cuidado dentro e fora das empresas.

A Coalizão atua nas seguintes frentes:

 

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Cito aqui uma empresa que saiu a frente, aderindo à Coalizão: Grupo Tacbel. 

Sua empresa já aderiu? Parabéns! Se não aderiu, ainda há tempo!

E para finalizar deixo para sua reflexão:

 

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Por Jorgete Lemos, sócia fundadora da Jorgete Lemos Pesquisas e Serviços – Consultoria. É uma das Colunistas do RH Pra Você. O conteúdo desta coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.