A cada dia se torna mais intrigante o relacionamento humano e os recursos tecnológicos, principalmente com a expansão do uso da Inteligência Artificial, abrangendo de forma progressiva as funções antes exclusivas do ser inteligente.

Enquanto os avanços tecnológicos simplesmente ampliavam as capacidades humanas, como da manivela à força motriz, e desta à automação industrial e agrícola, as pessoas não se sentiam ameaçadas em sua superioridade intelectual.

Apliquei os princípios da Inteligência Artificial na gestão de CRM, em 1971/72, com um sistema desenvolvido em ”Cobol”, combinando detalhes do território dos vendedores, seus relatórios de visitas, perspectivas de vendas, e resultados, emitindo parecer textual sobre o desempenho individual de “Insatisfatório”, “Precisa Melhorar”, “Bom”, “Ótimo”, e “Excelente” automaticamente, com as vantagens de ser equânime (os mesmos parâmetros para todos), impessoal (feito pelo computador), sem erros (pois eram apurados conforme os dados alimentados pelo próprio vendedor), e em tempo real, economizando grande parte de meu tempo, e evitando desgastantes explicações pois os algoritmos haviam sido pré-aprovados por todos.

Todavia, com o desenvolvimento dos computadores eletrônicos modernos, surgiu a possibilidade dos sistemas de I. A. realizarem muito mais do que simples equações matemáticas, e previamente programados, executar os mais complexos algoritmos, com base em imensa quantidade de informações alimentadas automaticamente por sensores externos, e tomar decisões com a mesma lógica do raciocínio humano.

Os supercomputadores tornaram a “Inteligência Artificial” muito poderosa, e isso espanta até mesmo os especialistas, embora continue sendo simplesmente uma extensão da capacidade humana, mas com enorme poder de acumular informações digitais, e manipulá-las a velocidade da luz!

A preocupação chegou até mesmo a pessoas do ramo como o Dr. Geoffrey Hinton, especialista em redes neurais, que se retirou do Google para poder comentar livremente o assunto, considerando que, mais além dos Chatbots ou GTM’s, os futuros dispositivos podem significar uma ameaça à humanidade e adquirir um comportamento inesperado a partir da vasta quantidade de informações que processam. Isto é, que os sistemas de I. A. possam gerar códigos próprios, e como nas obras de ficção cientificas, converterem-se em robôs emancipados e agir por conta própria, de forma descontrolada.

O Dr. Hinton opina que os avanços no desenvolvimento de sistemas de I. A. sejam regulados por entidades mundiais para não irem além de dispositivos que possam ser controlados, principalmente os de uso militar como armas inteligentes com autonomia na tomada de decisões, uma vez que, alimentados automaticamente, não seria possível prever os resultados.

Vale a pena mencionar que, embora os algoritmos sejam elaborados por especialistas, os sistemas podem armazenar estatísticas de erros e acertos, criando sinapses próprias e encontrar respostas não previstas. Nisso está o risco de se transferir o poder decisório final a sistemas críticos, como disparar armas de defesa e/ou ataque militar cujos efeitos podem ser catastróficos.

Para o RH, por exemplo., um sistema que ajude a aprimorar a avaliação de candidatos para efeitos de admissão, integrado ao sistema de Planejamento e Avaliação de Desempenho Individual dos empregados, pode ser alimentado por estatísticas de sucessos e fracassos, e aprimorar os parâmetros de seleção automaticamente, embora deva ser “visitado” por um especialista periodicamente.

Não há limites para o uso da Inteligência Artificial; “o gênio escapou da garrafa, já não é mais possível voltar a engarrafá-lo”, precisamos saber usá-lo!

Vicente Graceffi, consultor em desenvolvimento pessoal e organizacional. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.