Ponto de Partida

  • A contradição: 

Em estudo publicado na Revista Escola do Caos, trazendo diversas referências sobre os temas mais relevantes para 2024, em Gestão de Pessoas (treinamento), destacamos: 

Oportunidade Para RH – Gestão de Pessoas:

  • “73% das empresas pesquisadas acham que são inclusivas, mas menos de 10% do quadro de colaboradores é composto por minorias” – Fonte: Pulses
  • “70% das pessoas se sentiram uma fraude no ambiente corporativo ao menos uma vez na vida” – Fonte: Page Personnel

O que podemos inferir a partir desses dados? A evidência da “Falta de representatividade” e “Autossabotagem”.

Estamos deixando passar, sob os nossos olhos, fatos que não deveriam ser perpetuados no ambiente corporativo.

Se “70% das pessoas se sentiram uma fraude no ambiente corporativo ao menos uma vez na vida”, estamos falando de Autossabotagem. 

Autossabotagem o que é?

É representada por uma série de comportamentos, criação de empecilhos e problemas que  impedem atingir um objetivo e através de pensamentos negativos, inconscientemente, agimos no sentido oposto às nossas necessidades e desejos.

Fenômeno do Impostor 

A autossabotagem, também conhecida como Fenômeno do Impostor, caracteriza-se pela crença que os outros tem uma opinião exagerada sobre nossos talentos e capacidade, gerando o medo de ser descoberto/a como uma farsa e a persistente atribuição do próprio sucesso a fatores externos, tais como a sorte ou o trabalho extraordinariamente duro.

Nós realmente somos impostores ou nos fizeram acreditar nisso?

Quem teve a oportunidade de nascer e viver em um meio apoiador, provocador de suas múltiplas inteligências e amoroso, respeitoso, é um privilegiado, que terá mais facilidade em romper a autossabotagem, mas não há como garantir que estará livre disto.

Agora: esperar de indivíduos que não tiveram esse apoio ao longo da vida, que tenham orgulho de ser o que são e superem os desafios postos por uma sociedade que tem visão estereotipada, preconceituosa e discriminatória sobre as pessoas é exigir mais esforço, mais entusiasmo e adicionar ainda mais tensão a esses indivíduos.

Portanto, recomendo: empatia e respeito, condições básicas para começar essa nossa conversa.

Michelle Obama, uma das pessoas mais reconhecidas do mundo, já declarou ter se sentido, em vários momentos de sua atuação, não pertencente e merecedora de tal sucesso.

E quais eram as causas?

Críticas por ser uma mulher negra e não ter o tipo físico idealizado para a mulher norte-americana. Fonte.

Estratégias Para Superar a Autossabotagem e Conviver Com Racistas

Uma alternativa eficaz para evitar a autossabotagem, não é a única, mas que recomendo quando realizo mentoria – principalmente de jovens – é: ”Construção de alicerces Para ter Orgulho de Ser o Que se é.”

Falar é fácil, mas, como construir esses alicerces? Cada indivíduo terá apoiadores diversos nessa construção, começando por aqueles que cuidaram de nós desde a nossa concepção, vida intrauterina e, principalmente, na 1ª infância.

Estratégia 1: Espelhar-se em Sankofa

Olhar para trás, conhecer nossa ancestralidade, honrá-la e ir adiante, tal qual o afrofuturismo que, enquanto ferramenta de emancipação da raça negra e de combate ao racismo no Brasil, introduz referências às matrizes africanas nas narrativas sobre passado, presente e futuro como possibilidade positiva e de orgulho.

Ao conhecer nossos ancestrais, não se fixar no que nos é apresentado (negativo da cultura negra), mas buscar a contribuição positiva para a sociedade ao longo da verdadeira história.

“A África explicada aos meus filhos”, de autoria de Alberto da Costa e Silva é uma indicação para conhecer a verdadeira África. 

Estratégia 2 : Analisar o ambiente e Contingências

Livro: O Pacto da Branquitude. Autora: Cida bento

Estamos navegando em um mar de negacionismo (não há racismo em nosso País!) e supremacismo (pacto da branquitude).

Tal ambiente requer que façamos da análise de contingências uma prática constante para não sermos surpreendidos negativamente.

Não se trata de ficarmos blindados aos contatos interpessoais, mas sim, saber quando avançar, aproveitar as oportunidades ou, até mesmo, recuar para depois avançar duplamente.

Estar preparado para as contingências tais como:

  • Bullying

“O bullying é uma prática que tem uma diferença em relação ao racismo, que às vezes, constitui-se um crime. Mas, os dois usam como ferramenta o preconceito e a discriminação. Só que o racismo acontece sob uma ideologia de inferioridade e o bullying de superioridade.”

“Quem comete o bullying sempre tem um sentimento de poder”.

Fonte: Michelangelo Henrique Batista, coordenador pedagógico, Escola Municipal 12 de Outubro, Cuiabá-MT

  • Injúria racial 

É desconcertante, inesquecível, para quem sofre esse tipo de ofensa, pois normalmente vem sob a capa da ingenuidade, desconhecimento, sem intenção de… , e ofende.

Ao sofrer uma injúria racial religiosa de um líder, diante de inúmeros colegas da mesma organização e vendo que todos “sorriam” da brincadeira do líder, como proceder?

  • Permanecer no ambiente?
  • Sair do ambiente?
  • Ficar e calar-se?
  • Ficar e ensinar o porquê da impropriedade da fala do líder?
  • Ficar no ambiente e depois dar feedback ao líder?
  • Escolha! 

Estratégia 3 : Desarmar o Antagonista

Por Jorgete Lemos, CEO da Jorgete Lemos Pesquisas e Serviços – Consultoria Organizacional. É uma das Colunistas do RH Pra Você. O conteúdo desta coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.