Olá a todos e todas! Sou Fátima Motta, meu trabalho é direcionado para líderes, embora tudo que escrevo, ensino, oriento, é para qualquer ser humano que tenha vontade de ser mais consciente sobre si mesmo e apostar na sua própria evolução, seja na carreira ou em qualquer outra área da vida. Nosso propósito na Fatima Motta Treinamentos é empoderar as pessoas na sabedoria do “ser”.  Para isso, somos especialistas em desenvolvimento humano, através de programas de capacitação, palestras, atendimentos individuais, trabalhos com equipes, consultoria e mentoria.

Estamos aqui para mais uma reflexão importante, seja para líderes seja para profissionais em outros cargos, seja para quem é profissional liberal, pessoas em transição de carreira, ou pessoas que queiram apenas descomplicar suas vidas.

Este tema “por que líderes têm dificuldade com conversas difíceis” é importante porque percebo ser um grande desafio para a maioria dos profissionais. Escuto essa queixa com muita frequência: preciso dar um feedback difícil, mas não consigo, tenho que realinhar com a minha equipe várias coisas, mas “não tenho tempo”, antes do final do mês eu me posiciono a respeito, é melhor minha assistente resolver isso…. desculpas muito usuais que disfarçam a dificuldade em ter conversas difíceis.

As pessoas estão desaprendendo a conversar

Eu ousaria dizer que as pessoas estão com dificuldade de conversar… quanto mais ter conversas difíceis. Parece que hoje as pessoas resolvem tudo por WhatsApp, enviando mensagens das mais diversas. Telefone virou coisa do passado, até para falar de coisas gostosas como afeto, amor, gratidão. Tudo se resolve por uma mensagem, ou ainda mais presente, as mensagens no face, no Instagram, ou no TikTok, de preferência com sticks e poucas palavras.

Já é, então, possível identificar uma dificuldade em ter conversas difíceis, que é a dificuldade de expressão e uma necessidade incrível de não se expor. Ouço isso com frequência dos meus alunos. Professora, eu não abro a tela do zoom e não falo, porque não quero me expor, não sei o que as outras pessoas vão pensar ou vão comentar…. é melhor não….

Por isso que escolhi refletir sobre a dificuldade com conversas difíceis, mas na solução em como tê-las. Saliento que, em nenhum momento, tenho a pretensão de esgotar esse tema, porque como qualquer dificuldade, estamos falando de algo pessoal e subjetivo. De qualquer forma, a origem precisa ser tratada, ou seja, é importante entender por que não temos as tais conversas difíceis e fugimos delas o tempo todo, gerando problemas significativos na vida pessoal e profissional.

Os problemas que geramos são simples de entender. É como quando temos um cômodo sujo em nossa casa e não temos vontade de limpar de verdade. Damos uma limpadinha por cima e a sujeira vai ficando, vai engrossando a tal ponto que, para limpar (quando é possível), por vezes precisamos muito esforço, produtos de limpeza muito fortes, que acabam danificando o próprio cômodo. E, mesmo assim, às vezes as marcas ficam para o resto da vida.

É exatamente assim que acontece com as conversas difíceis.

O que são conversas difíceis

Então, para começar, vamos alinhar entre nós o que podemos entender como Conversas Difíceis.

Conversas difíceis são situações, aspectos, sobre os quais alguém não quer falar, embora se sinta muito incomodado com o fato. Por exemplo: entender por que está sendo cobrado além das suas funções, dizer para um colaborador da insatisfação sobre o desempenho, demitir alguém e dizer o motivo pelo qual isso está acontecendo, dar limites para um par profissional que invade constantemente a sua área, dizer o que não gosta do comportamento do(a) companheiro (a), fazer um pedido de algo importante, mas delicado, ou queixar-se a um vizinho sobre o latido do seu cão, ou do barulho que o vizinho está fazendo.

Tenho até um exemplo disso: outro dia, recebi um WhatsApp (claro!!) de um vizinho que mora aqui no meu condomínio, pedindo para que eu orientasse o meu inquilino (que também mora no mesmo condomínio) sobre as regras do condomínio em termos de horário em que se pode furar a parede. Eu respondi que já tinha passado as normas do condomínio e que, caso a situação continuasse e ele se sentisse incomodado deveria falar pessoalmente para o novo morador, uma vez que a minha posição era apenas de uma condômina, igual aos outros. Esse meu posicionamento suscitou uma reação interessante do síndico, que logo se colocou na defesa do outro condômino, defendendo-o de uma maneira pessoal e não se atendo simplesmente ao fato em questão. Esse simples exemplo mostra como essa questão não é simples, principalmente porque o emocional também está envolvido e temos muita dificuldade de lidar com o nosso emocional.

Vimos muito desse tipo de problema nas últimas eleições. Em vez de conversas difíceis, ataques pessoais, onde cada pessoa passava a expressar talvez questões muito mais internas, dela mesma, problemas e desentendimentos antigos, guardados, enfim, a velha poeira embaixo do tapete.

Coloquei tudo isso para introduzir o ponto em que as pessoas geralmente estão relutantes em abrir uma conversa difícil por confundirem conversas difíceis com “lavar roupa suja” ou ainda e o mais frequente, principalmente no universo corporativo, medo das consequências.

Então, conversa difícil não é ataque pessoal. Não é querer “tomar as dores do outro”, como se o outro fosse uma criança que precisa ser defendida e protegida. Conversa difícil é colocar às claras pontos de vistas diferentes, emoções que foram geradas, de forma positiva ou negativa e buscar uma solução conjunta.

Primeira dificuldade: falta de objetivo

Muitas vezes algo incomoda, precisa ser dito, mas qual é mesmo o objetivo? Se não existe um objetivo claro, é muito provável que a conversa não existirá, ou, se for a termo, poderá ser leve demais (que não resolve nada) ou ser apenas a discussão de pontos de vistas diferentes.

Segunda dificuldade: o que vão pensar de mim?

O medo de não parecer tão “legal”. Tão “bom líder”, tão “bom professor”. Tão bom marido ou esposa, são dificultadores, porque, na nossa sociedade, posicionar-se de forma diferente do esperado significa algo que não é bom, que deve ser isolado e não entendido. Sendo assim, é melhor não falar nada. Como líder, o medo da avaliação feita pelos colaboradores, ou até que alguém faça uma denúncia anônima. Como professor, que os alunos não queiram mais fazer a sua matéria (porque hoje existem matérias onde o aluno elege em detrimento de outras). Como marido ou esposa por não querer arranjar complicação no casamento. Entre amigos, para não perder a amizade. E assim, os exemplos poderiam ser construídos eternamente.

Mas a pergunta que fica é… que relacionamento é esse onde a verdade não pode ser dita?

Que maturidade é essa das pessoas que não aguentam ouvir a opinião do outro sem se sentirem atacadas?

Terceira dificuldade: confundir o pessoal com o profissional

Não se diz algo para um par ou para um colaborador, porque essa pessoa vai achar que eu não gosto dela… Ao contrário, ter uma conversa difícil talvez seja a maior prova que realmente essa pessoa vale a pena, que se gosta dela. Investir um tempo, limpando a situação, seja ela qual for, é a maior prova de valor, de consideração que se tem pelo outro. Um feedback, por exemplo, é sempre um presente que se dá para quem de fato importa para nós. Falar do ponto positivo é mais fácil do que explicitar a oportunidade a melhorar.

E aí entra um aspecto que faz todo diferencial: a intenção com que eu dou o feedback. Deixar explícita essa intenção ajuda muito. Exemplo: “é por eu acreditar muito no seu potencial que percebo que você está perdendo clientes e prejudicando o resultado geral. Quero discutir com você alternativas para que não perca mais nenhum cliente.” No entanto, o pessoal se mistura com o profissional, com o fato em si e gera uma imensa dificuldade. Pensamentos como: não adianta falar porque fulano não gosta de mim e não vai mudar, ou, ele está falando isso porque não gosta de mim, ou ainda, essa pessoa é impenetrável e não adianta tentar.

Quarta dificuldade: buscar culpados

Se a situação já aconteceu, não interessa saber de quem foi a culpa, mas sim, alinhar o que for preciso para que não se repita. O foco na culpa elimina a possibilidade de solução e parece que existem pessoas que precisam sentenciar uma “pena”, ficam presas na crítica. Conversas difíceis trazem para a mesa o assunto para que seja solucionado e não para que as pessoas se sintam culpadas.

Quinta dificuldade: personalidade

Cada pessoa tem sua essência e sua personalidade (não vou entrar aqui em aspectos conceituais porque não é o caso). Existem personalidades que têm dificuldade em se posicionar, são mais caladas, quietas, preferem não criar polêmica em nada na sua vida. São pessoas que aguentam caladas humilhações, pressões acima do necessário, mas também podem ficar presas na teimosia e não mudarem em nada. Líderes com essa personalidade, por vezes preferem fazer do que pedir, justificar em vez de se posicionar, às vezes chegam até a preferir ser demitido do que demitir.

Há outras pessoas que conversas difíceis são sinônimo de demonstração de poder, portanto só a pessoa fala. Líderes assim, são os que falam muito, escutam pouquíssimo e nunca resolvem nada, porque todas as conversas com ele passam pelo seguinte modelo mental: eu sei, e você não sabe, portanto é “isso” que precisa ser feito. Outras, muito passionais e sensíveis, tendem a não querer magoar ninguém para que também não sejam magoadas.

Um líder assim é o que trata todos como filhos pequenos que precisam de atenção, carinho, recursos eternamente. Há outros que veem o resultado como única motivação e não querem perder tempo com conversas difíceis, pois falam o que precisa ser dito, sem se preocupar com o “estrago” que podem causar. Há ainda os líderes que preferem ficar presos no mundo das ideias, focados em aspectos mais mentais e apresentam dificuldade em entrar em empatia e dar valor para aspectos mais focados no humano. Esses líderes mantem um grande distanciamento da equipe, mais do que prejudicial à unicidade da equipe.

Há também os que precisam sempre ter prazer no que fazem e, quando acham muito chato, desprazeroso ter conversas difíceis, deixarão sempre para “um outro dia” a conversa difícil e, se não for possível “empurrar com a barriga”, entram para a conversa falando o que pensam e não escutam a outra parte. E os líderes focados na perfeição, nas regras, nos procedimentos, podem sim, apreciar as conversas difíceis, mas acabam dando tantos detalhes, que a conversa não sai do lugar.

Evidente que poderíamos ir muito mais longe e mais profundo quando o assunto é personalidade, mas, o que quero deixar aqui é que nós, seres humanos, dependemos totalmente do contato com o outro. O medo, a desconfiança, o excesso de imaturidade querem que esse contato seja perfeito, sem nenhum problema, provavelmente do jeito que era a relação da mãe com o bebê. No entanto, a vida mostra, escancara que as dificuldades fazem parte da vida e que, falar, conversar, “limpar” a sujeira é o que garante a continuidade das empresas, mas, principalmente da saúde do líder.

Provavelmente ainda existem infinitas dificuldades, mas eu convido cada pessoa que me segue, que está vendo ou escutando essa reflexão, a se auto observar, identificando suas dificuldades e, ao entrarem em contato com elas, tragam para a consciência a importância de não fugirem dessas conversas, por mais difícil que possam parecer. O resultado disso, talvez seja um olhar para as situações difíceis mais simples, mais direto, menos pessoal e, sobretudo, mais resolvedor e prático.

Profa. Dra. Fátima Motta, Sócia-Diretora da FM Consultores. É uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.

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