Esta matéria é um clamor a vocês, aliados genuínos, à causa da humanidade chamada Diversidade, Equidade e Inclusão Racial.

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Vamos começar falando sobre o conceito de dor social. Na sequência, desenvolveremos o tema em cinco atos.

Dor Social – O que é:

“A dor social vem com as ameaças às nossas conexões sociais, sejam ameaças reais ou potenciais, ou seja, é a dor decorrente de perdas sociais como luto, rejeição, separação, divórcio, isolamento, críticas, perdas de oportunidades e todos os tipos de eventos relativos à exclusão social”. Naomi Eisenberger e Mattew Liebermann

A dor social desencadeia outras dores, entre as quais a dor espiritual, que se reflete na perda do sentido e significado da vida, e da esperança; é a “dor da alma”.

Esses são alguns starts para a ansiedade, depressão, que tanto assustam as organizações e estão sob o guarda-chuva dos transtornos mentais, sendo consideradas as doenças do século XXI e podendo gerar consequências graves, como o suicídio.

Dor física e dor social ocorrem nas mesmas partes do cérebro; daí a sua importância por ser tangível tanto quanto a dor física. 

1º Ato: como dói a chibatada do século XXI!

‘Mamãe, um dia eu vou ficar branco?’, pergunta criança negra chamada de ‘cocô’ por colegas de escola em SP.

A declaração feita por Mathew, de 5 anos, foi compartilhada nas redes sociais pela mãe: “Foi a coisa mais dolorosa de ouvir”, desabafou a mãe… Por Ana Flávia Paula*, g1 SP — São Paulo 19/09/2022  

Sentir-se excluído pela cor da pele, cabelo, vestimentas e crenças.

Tudo isso é motivo para justificar o injustificável, porque, na realidade, as pessoas tidas como “modelo” têm pavor de se igualarem aos tidos como desiguais.

Tais pessoas têm dificuldade de enxergar os danos que causam à totalidade da humanidade, inclusive a elas mesmas.

O pavor é tanto que, mesmo letradas, fecham os ouvidos para não escutar a verdadeira história das coisas: viemos todos da África. Somos todos descendentes de africanos.

O racista não consegue admitir essa evidência, por exemplo:

Dor Social - IMG III

Estas ilustrações representam a Teoria de Wegener:

“Pangéia dividiu-se inicialmente em duas partes e, daí em diante, as partes foram sendo fragmentadas até atingir a forma atual. Tal teoria foi comprovada em meados do Século XX, com a utilização de aparelhos que puderam comprovar o crescimento dos oceanos. Assim, os cientistas elaboraram a Teoria das Placas Tectônicas, que explica como os continentes chegaram à atual posição.

2º Ato: Estatística, para quê?

Para que, se aqueles que questionam as informações, mesmo as vindas de fontes confiáveis, mas que mostram a realidade que não convém, continuam em uma posição de negacionismo?

– 56% da população brasileira é formada por negros (pretos e pardos) – IBGE

– A cada 23 minutos, uma pessoa negra é morta.

– 75% da população extremamente pobre é negra – IBGE

-Aos 21 anos, um jovem negro tem 147% mais chances de morrer por homicídio do que um jovem branco – IPEA

– Em 2018, os negros representavam 75,7% das vítimas de homicídio – IPEA 

3º Ato: Programa Esquenta agora é “full time”? 

“Esquenta” foi um programa de televisão com participantes em sua maioria negros, pois seu foco era a música popular brasileira, o samba em suas diversas vertentes. Agora, a inclusão de pessoas negras nas programações televisivas causa espanto às pessoas racistas que precisarão saber o que é representatividade e o que é proporcionalidade da população negra.

Daí a pergunta do título, acima. E eu digo: ainda estamos só no começo.

Dor Social é isto:

Dor Social - IMG IV

4º Ato: Tokenismo – Representatividade X Proporcionalidade 

Não é motivo de orgulho ouvir: “Você é a primeira pessoa negra a ocupar esse cargo…”

É, antes de tudo, motivo de tristeza, pois ratifica a realidade desigual na qual ainda vivemos e que impede o acesso de pessoas negras aos espaços que lhes são devidos por direito como seres humanos, cidadãos.

Tal situação exige que tenhamos responsabilidade transformada em ação, exercendo a sororidade e irmandade. 

5º Ato: Eles são muitos, mas não podem voar! 

Por fim, uma esperança: lembrando um trecho da música “Pavão Mysteriozo”, de autoria de Ednardo (José Ednardo Soares Costa Sousa):

“…Não temas, minha donzela, nossa sorte nessa guerra. Eles são muitos, mas não podem voar.”

Eles são muitos: negacionistas, supremacistas, polarizadores, mas nós, ao contrário desses, podemos voar, dando-nos as mãos, alçando voos tal como um bando de cisnes, biguás, pelicanos e gansos selvagens…

Por Jorgete Lemos, sócia fundadora da Jorgete Lemos Pesquisas e Serviços – Consultoria. É uma das Colunistas do RH Pra Você. O conteúdo desta coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.