O tempo passa, a sociedade muda e os obstáculos enfrentados pelo mercado de trabalho se transformam. Porém, existem aqueles que ano após ano continuam causando dores de cabeça para empresas de todos os tamanhos e segmentos, como é o caso dos desafios relacionados à pauta de diversidade. Ainda que as companhias atualmente reconheçam sua importância, muitas ainda têm dificuldade em incorporar efetivamente essa prática.

E é por isso que a busca por diversidade deve continuar no radar das companhias em 2024. De acordo com a pesquisa Diversidade, Equidade e Inclusão nas Organizações 2023, realizada recentemente pela consultoria Deloitte, com 355 entrevistados, 96% deles disseram que iniciativas de DE&I ajudam na criação de um ambiente mais acolhedor, e 95% que melhoram a qualidade da força de trabalho e geram valor.

Ainda segundo o estudo, entre as organizações participantes, 76% possuem práticas ou setores dedicados a DE&I, e 61% se reportam ao departamento de recursos humanos e, em seguida, à presidência (23%). Dados como esses mostram como o RH desempenha um papel fundamental nesse cenário, pois ele é um dos principais responsáveis pela promoção de uma cultura mais inclusiva.

Além disso, reafirmam o que já sabemos: a importância de investir em diversidade não apenas para o sucesso dos negócios, como também para a criação de espaços mais leves e confortáveis para os colaboradores. Porém, mesmo que esse conhecimento já esteja mais difundido hoje em dia entre as lideranças, ainda temos alguns obstáculos a superar.

Um deles e o que considero principal é a necessidade de vencer preconceitos inconscientes, pois, apesar dos esforços para promover a igualdade, muitas organizações ainda possuem diretrizes e visões que sustentam diversos estereótipos.

Outro desafio é a implementação de políticas inclusivas verdadeiras, que vão além do discurso. Isso porque muitas empresas se declaram compromissadas com a diversidade, mas infelizmente nem sempre essas palavras se traduzem em ações concretas. O RH precisa garantir que iniciativas claras estejam em vigor, incentivando ativamente essa agenda em processos de recrutamento e atividades de desenvolvimento profissional.

A resistência à mudança também segue como uma barreira para o sucesso das ações com foco em diversidade, assim como a falta de representação em cargos de liderança. Para contornar esses problemas, as companhias precisam criar oportunidades tangíveis para que os profissionais cresçam em suas carreiras, demonstrando que há espaço para todos, independentemente do cargo.

E vale destacar que a diversidade não é apenas uma questão ética, mas também uma estratégia de negócios inteligente. Segundo estudo realizado pelo Instituto Identidades do Brasil, para cada 10% de aumento na diversidade étnico-racial e de gênero, foi possível identificar um aumento de quase 4% e 5%, respectivamente, na produtividade das empresas.

Os dados não mentem: organizações com equipes diversas têm mais chances de crescer, inovar, alcançar diferentes segmentos de mercado e superar desafios. Esse cenário deixa ainda mais claro como o RH é fundamental no apoio às políticas de inclusão e iniciativas educacionais que conscientizem os times, e deve focar seus esforços para garantir que as lideranças também entendam a importância da promoção da diversidade.

Mais do que nunca, precisamos criar uma cultura que celebre as diferenças e mostre como a diversidade pode enriquecer as dinâmicas em equipe e o cotidiano nas instituições. Também é crucial o entendimento de que esse é um desafio contínuo e, portanto, exige um compromisso constante de todos.

Gustavo Caetano é CEO da Samba Tech, embaixador da Reserva e autor do best-seller “Pense Simples”. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.