A ONU instituiu 1º de outubro com o Dia Internacional do Idoso, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica como idosos as pessoas com mais de 65 anos de idade em países desenvolvidos e com mais de 60 anos nos países em desenvolvimento.

Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) visam o desenvolvimento inclusivo para todas as idades, reduzir a desigualdade dentro e entre os países; garantir a igualdade de oportunidades e promover a inclusão social, econômica e política de todos, independentemente de idade, sexo, deficiência, raça, etnia, origem, religião, status econômico ou outro.

Mas há uma profunda dicotomia entre a utopia e a realidade.

Estudo publicado por uma equipe de médicos e psicólogos no New England Medical Review, além de diversas pesquisas recentes nos indicarem que a faixa etária de maior produtividade vai dos 60 a 70 anos, inclusive fundamentados na média de idade dos ganhadores do Nobel (62 anos), mas na prática, grande parte das empresas planejam a aposentar ao compulsoriamente aos 65 anos. Basta ver os planos de previdência privada.

No Brasil, a Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003 formalizou direitos aos maiores de 60 anos  no “Estatuto do Idoso”, criando facilidades e direitos para a preservação de sua saúde física e mental, e no art. 3º estabelece que é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

A média de vida do brasileiro aumentou 31 anos, saindo de 45,4 anos em 1940, para 76,8 anos em 2021. Entre as crianças e adolescentes, o índice caiu de 34,4 por 100 para 29,9 por 100, entre 2012 e 2021. Já entre os idosos, essa taxa subiu de 11,2 por 100 para 14,7 por 100, e a população do país teve uma alta de 7,6% na década, saltando de 197,7 milhões, em 2012, para 212,7 milhões em 2021.

Passamos 2019 discutindo a reforma da Previdência Social, que se encontrava a beira da falência devido ao aumento da média de vida, e o alargamento do topo e redução da base.

Para que o segurado possa se aposentar usando a regra de transição, em 2023 será necessário que as mulheres estejam com 58 anos de idade e ter uma contribuição junto ao INSS de 30 anos, e os homens com 63 anos de idade e ter contribuído junto ao INSS por 35 anos. Como a regra é progressiva, será acrescentado seis meses a cada ano até que chegue aos 62 anos para as mulheres em 2031; e aos 65 anos para os homens em 2027.

Está tacitamente decretado o fim da vida útil aos 65 anos, e os idosos que conseguem o benefício da aposentadoria não representam problema de viabilidade econômica.

O grande problema social reside nos que são economicamente inviáveis, o que independe da idade, gênero e cor, como já mencionei em comentário sobre o ESG.

“A consciência de que a responsabilidade social das empresas vai além das obrigações trabalhistas é ainda modesta. Temos muita retórica, mas poucas iniciativas práticas no sentido de uma sociedade realmente igualitária, com plena diversidade, e consciência ecológica, embora sobrem movimentos sectários e defensores de ideologias “politicamente corretas” e interesses obscuros”.

 “O RH das empresas pode e deve fazer a diferença promovendo programas de estágio, menores aprendizes, previdência privada, a assistência médica extensiva à família e pós emprego, e algumas outras iniciativas que ultrapassam as fronteiras das empresas, como os projetos de voluntariado, ferramentas importantes para fomentar companheirismo, e produzir benefícios sociais, uma vez que os funcionários são a via mais adequada para a participação das empresas no desempenho social”.

“Fomentar projetos que atendam os objetivos do ESG resultará em satisfação pessoal, autoestima e orgulho em pertencer à uma empresa de elevado padrão social, e nos frutos de um bom clima organizacional”.

Quem não estiver minimamente capacitado após os 18 anos, dificilmente conseguirá um emprego, daí a importância dos programas de menor aprendiz, ou estágio. Quem perder o emprego após os 40 anos e não ser um bom profissional, e quem não estiver empregado ou apto ao benefício de uma aposentadoria, seja da previdência social ou privada após os sessenta anos, dificilmente encontrará quem o empregue.

Por maior que seja, a benevolência do capitalismo consciente, não será possível resolver mais do que uma pequena proporção do problema social no âmbito das empresas.

Prover ensino básico e profissionalizante para capacitar as pessoas para uma vida útil e autossuficiente, bem como garantir a subsistência dos inviáveis economicamente, sem ignorar a responsabilidade da família, é dever de toda a sociedade pois requer recursos econômicos vultuosos somente viáveis através dos programas sociais fundeados pelo estado.

Vicente Graceffi, consultor em desenvolvimento pessoal e organizacional. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.

Clima organizacional insuperável, e engajamento total do pessoal com uma “Universidade Corporativa”. Saiba mais.