O impacto que a pandemia gerou no dia a dia de todos foi muito forte, mas existem aspectos que ainda parecem difíceis de mensurar, como é o caso das empresas. Em um primeiro momento, os negócios foram afetados economicamente, mas é preciso observar o quanto este momento de pandemia vai afetar o amanhã, principalmente se considerarmos o fechamento das escolas.

Um relatório feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostrou que essa suspensão no funcionamento das atividades escolares vai impactar a economia até o final do século, com uma perda de, na média, 1,5% na economia global. É um impacto muito grande para a economia, afinal, a educação de hoje é um reflexo do futuro do mercado de trabalho.

Com as escolas fechadas, as aulas a distância se tornaram a nova realidade para os estudantes, porém nem todos possuem os recursos necessários para que possam acompanhar a rotina de estudos on-line. Esse cenário aumenta a distinção social e não promove um aprendizado igualitário para todas as crianças.

Os que neste momento estão na faixa dos 12 anos de idade estão desenvolvendo o viés da aptidão. Este é um momento importante de transição, que marca o fim do desenvolvimento infantil e da lugar a criação de um comportamento que vai definir decisões essenciais para a vida adulta. Ou seja, essa é uma fase essencial para a definição das camadas de conhecimento que as pessoas acumulam ao longo da vida. O comprometimento dessa formação gera uma perda evidente de habilidades, o que tem relação direta com a produtividade.

Por isso, podemos concluir que toda essa situação de escolas fechadas por um longo período neste momento vai impactar diretamente as empresas no futuro. Em um período de 10 anos ou menos, essas crianças, que foram impactadas pelo fechamento das escolas agora, chegarão no mercado de trabalho e as empresas vão contratar essa geração com um grande desafio, que é prepara-los, desenvolver uma base de conhecimento que ficou de lado após o fechamento das escolas.

Oferecer um programa de educação corporativa bem estruturado não vai ser mais um benefício ou diferencial para os negócios, mas, sim, uma necessidade para as empresas que querem continuar funcionando. O que nos leva a considerar como será o desenvolvimento profissional, a educação corporativa nos próximos anos. Então, para começar a se preparar para este cenário é preciso pensar em três pontos fundamentais.

Criação de uma área de desenvolvimento humano

Não basta apenas ter uma programação de cursos, como um braço do setor de RH, as empresas vão precisar ir além disso, criando uma área de desenvolvimento humano. Este novo departamento terá um papel decisivo para que a companhia possa ter a disposição os talentos de que precisa para alavancar os resultados.

Estabelecer uma estrutura eficiente de capacitação

As empresas vão precisar direcionar seus esforços, mudar a forma como as atividades são feitas e focar no desenvolvimento de pessoas. Para que isso seja possível é preciso uma bem planejada estruturação, que seja capaz de mudar, evoluir, inovar, os processos. Além de criar um setor é preciso planejá-lo, entender todas as lacunas existentes e propor soluções.

Diversidade é essencial para o conhecimento

O mercado tem falado muito de diversidade nos últimos tempos e isso é algo que deve aumentar daqui pra frente. A diversidade, assim como as boas práticas de ESG vão ganhar cada vez mais espaço e merecem a atenção dos negócios, pois são fatores essenciais para os resultados.

Os impactos da Covid-19 não serão percebidos apenas agora, mesmo após este período, por muitos anos, as empresas e toda a sociedade será um reflexo do legado deixado pela pandemia. Por isso, é importante que todos estejam atentos para identificar as mudanças e reflexos que podem surgir e, com isso, antecipar as necessidades, criando soluções que possam minimizar os impactos e manter os resultados!

Por Aline Sueth, é palestrante, mentora e diretora de gente e gestão do Grupo Elfa. É uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião da colunista. Foto: Divulgação.