Há cerca de 13 meses nossa rotina virou de cabeça para baixo. O que supostamente seria um curto período de distanciamento social para que pudéssemos achatar a curva de transmissão da COVID-19 passou a ser nosso cotidiano.

Se, por um lado, de acordo com o estudo das Práticas de Trabalho Flexível e Remoto da Mercer, 78% das 609 organizações diminuíram o espaço físico e disponibilizaram equipamentos para aumentar o conforto de seus colaboradores, por outro lado, somos mantidos distantes daquela troca “real” que fazia parte de nosso trabalho.

Não é à toa que uma pesquisa conduzida pela Kantar destaca que 62% dos brasileiros se mostram preocupados com a pandemia. Medo, ansiedade, pânico, falta de foco, produtividade, preocupação com o futuro. Então, como conseguir aprender com tantos sentimentos negativos?

A equação “Disposição + Engajamento = Aprendizagem” dá uma boa pista sobre elementos essenciais, contudo, a soma destes fatores não basta. Cenários incertos e complexos como o atual não configuram um ambiente favorável de aprendizagem, mas podemos virar este jogo.

E o que precisamos? Relevância! Essa desempenha um papel fundamental na nossa disposição. Não devemos oferecer conteúdos que não sejam essenciais para a execução do trabalho de quem vai aprender, afinal aquilo que será aprendido contribui para a disposição para aprender.

Uma vez que estamos dispostos a aprender, fica mais fácil nos engajarmos com o aprendizado de maneira ativa, o que é mais fácil quando o desenho da experiência de aprendizagem utiliza métodos adequados para cada tipo de conhecimento.

É de suma importância também intervenções mais curtas, fato que contribui muito para a aprendizagem e que, apesar de termos sabido disso desde sempre, raramente utilizamos.

Outro fator de peso: é preciso ter foco e a nossa falta de foco está relacionada em conseguir manter o equilíbrio e prestar atenção no que está acontecendo aqui e agora. Não adianta a gente se preocupar com aquilo que ainda não aconteceu.

Sim, é preciso pensar no futuro e analisar as variáveis para que possamos tomar as melhores decisões, mas a preocupação traz consigo os outros itens aqui citados. Conseguimos melhorar o nosso foco com exercícios de atenção plena. Mindfulness pode ser uma dessas ferramentas. São práticas simples.

Como vimos, o ambiente interfere no nosso foco e por isso, ainda que eu tenha disposição e me engaje, interferências externas podem atrapalhar este processo.

Entende agora porque a equação “Disposição + Engajamento = Aprendizagem” dá uma boa pista sobre elementos essenciais, contudo, a soma destes fatores não basta?

Lembrando que o cenário de complexidade e mudança trazido pela COVID-19 evidenciou ainda mais que a aprendizagem acontece ao longo da vida e não se limita aos ambientes formais de aprendizagem. Cabe a nós facilitadores preparar os profissionais para o futuro, lembrando que as mudanças, mesmo que “radicais”, trazem novos começos!

Por Flora Alves, CLO da SG – Aprendizagem Corporativa, idealizadora do Trahentem® e uma das maiores especialistas de aprendizagem no Brasil. É  uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.