Os dois fenômenos antagônicos: Vagas Disponíveis por falta de bons candidatos e Desemprego por falta de qualificação podem encontrar uma solução comum através de uma estratégia de T&D, explorando as possibilidades do CIEE, e da legislação trabalhista (menor aprendiz)!

É evidente a defasagem entre o ensino médio e superior e a necessidade de mão de obra qualificada das atividades produtivas, estando de um lado, as escolas que não investem em equipamentos porque retorno é duvidoso, pois depende da receita das mensalidades de alunos sem recursos financeiros, e de outro lado, as empresas que precisam estar tecnicamente atualizadas para competir.

Nos anos 60, quando ocorreu a introdução da Tecnologia da Informação no Brasil, as empresas que produziam computadores tiveram que formar profissionais para análise, programação, e operação de sistemas, tanto para suas necessidades, como para seus usuários.

A solução inicial foi criar um centro de treinamento com instrutores treinados nos Estados Unidos para capacitar profissionais próprios, e, posteriormente, estabelecer convênios com as escolas através do CIEE, e implantar programas de estágio para a capacitar a mão de obra local.

O conteúdo a ser ensinado foi desenvolvido em parceria das empresas com o corpo docente das escolas conveniadas; as empresas forneciam o material e treinava os professores que dariam a parte teórica, e os instrutores internos, que dariam a parte prática.

O estágio tinha a duração de um ano, sendo destinado a profissionalizar estudantes do último ano de um curso superior de ciências exatas, aprovados no período precedente.

Nos últimos meses de cada ano eram abertas as inscrições para os alunos que se interessavam pela oportunidade, aplicavam-se os testes, realizavam-se as entrevistas e, por intermédio do CIEE, firmava-se o contrato de estágio com os mais aptos.

O contrato era por um ano, de janeiro a dezembro, a carga horária era de 4 horas na empresa, além do tempo dedicado na escola, onde a parte teórica integrava o currículo acadêmico. Pagava-se uma bolsa mensal de um salário-mínimo e meio.

O treinamento prático era, na medida em que o estagiário avançava, dedicado a projetos produtivos, e o desempenho do estagiário o credenciava para formalização de emprego ao final do estágio, o que coincidia com sua formatura escolar. Conduzidos nos pontos em que havia recursos para o treinamento prático, as vagas eram preenchidas onde os recursos fossem necessários.

Esse programa abasteceu durante anos nossas necessidades de pessoal, com excelente índice de sucesso, pois a seleção era feita na prática, expurgando-se os fracassos durante o próprio estágio.

Esse mesmo critério foi empregado com alunos de cursos profissionalizantes, do ultimo período do ensino médio, visando preencher cargos que não exigiam curso superior, sendo a bolsa de um salário-mínimo.

Em termos econômicos, além das vantagens no recrutamento e seleção, o investimento oferecia retorno atrativo, uma vez que os estagiários produziam durante o estágio.

Vicente Graceffi, consultor em desenvolvimento pessoal e organizacional. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.