Neste Mês da Mulher, falo sobre a invisibilidade do trabalho da população feminina, fenômeno multifacetado que permeia diversas esferas da sociedade e que se manifesta em inúmeros contextos, desde o âmbito doméstico até o profissional.

Durante muito tempo, a mulher foi erroneamente rotulada como “o sexo frágil”, embora ela possua uma notável força. No ambiente doméstico, as mulheres muitas vezes são as protagonistas silenciosas, atuando nos bastidores da vida familiar. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mulheres dedicam, em média, 21,3 horas semanais a afazeres domésticos, enquanto homens dedicam apenas 10,9 horas. Suas contribuições para a manutenção do lar, cuidado dos filhos e apoio emocional muitas vezes são naturalizadas e consideradas parte intrínseca de seu papel, resultando em sobrecarga física e mental invisíveis e não reconhecidas.

No contexto profissional, a invisibilidade do trabalho da mulher é evidente em diversas formas. A disparidade salarial persiste, refletindo a desvalorização de suas habilidades e competências. De acordo com o relatório de Desenvolvimento Humano da ONU, as mulheres ganham, em média, 16% a menos que os homens em todo o mundo.

Além disso, as mulheres muitas vezes enfrentam obstáculos para ascenderem em suas carreiras, sendo subrepresentadas em cargos de liderança. As distorções de gênero se refletem em estereótipos que perpetuam a ideia de que as mulheres não são adequadas para posições de poder, uma crença profundamente enraizada que contribui para a invisibilidade de suas capacidades e conquistas profissionais.

Para combater a invisibilidade sistêmica, a sociedade como um todo deve se mobilizar. Educação voltada para a desconstrução de estereótipos de gênero é fundamental, promovendo a igualdade desde a infância. Além disso, é necessário fomentar um ambiente inclusivo que valorize as contribuições de mulheres em todos os setores.

No ambiente corporativo, as empresas desempenham um papel crucial na mudança desse panorama. Adotar políticas de equidade salarial e oportunidades de ascensão baseadas no mérito, independentemente do gênero, é imperativo. Implementar programas de conscientização sobre igualdade de gênero e oferecer suporte para conciliação entre trabalho e vida pessoal são passos importantes. Além disso, é crucial envolver homens e mulheres em discussões abertas sobre equidade de gênero, promovendo uma cultura organizacional que valorize a diversidade.

Empresas que reconhecem e valorizam o trabalho das mulheres colhem benefícios significativos. Diversidade de gênero no local de trabalho não só promove um ambiente mais justo, mas também está correlacionada com melhor desempenho organizacional. Sendo assim, todo mundo ganha!

Rosalina Moura é Psicóloga Clínica, Organizacional e Coach. Sócio fundadora da Rumo Saudável, empresa que atua no segmento de bem-estar, saúde mental  e gerenciamento do estresse em Organizações. É um das Colunistas do RH Pra Você. Foto: Divulgação.01