Com a recente aceleração da vacinação contra a pandemia de Covid-19 e o crescente relaxamento das medidas de segurança por parte dos governos, diversos estados brasileiros já estão retomando suas atividades comerciais em horários mais abrangentes e permitindo a entrada de uma quantidade maior de pessoas nos estabelecimentos. E esse movimento também está sendo acompanhado pelas empresas, que pouco a pouco voltam à rotina do trabalho presencial.

Por mais que boa parte dos trabalhadores que passaram o último ano e meio em regime de home office estejam ansiando por esse retorno aos escritórios, como apontam dados da pesquisa realizada pela WeWork, companhia de coworking, em parceria com a consultoria Workplace Intelligence, que diz que 34% dos funcionários gostariam de trabalhar todos os dias direto da empresa, essa retomada certamente será permeada por alguns desafios. Entre eles, destaca-se a ressocialização com os colegas e a readaptação ao próprio ambiente de ofício em si.

Depois de passar tanto tempo interagindo apenas por meio de uma tela e por mensagens trocadas em e-mails e aplicativos, voltar a se relacionar pessoalmente e acertar o tom das interações certamente levará algum tempo, mas é algo pelo qual as equipes precisam passar para gradativamente criarem cumplicidade e sintonia essenciais à dinâmica presencial.

Porém, vale lembrar que diversas organizações já declararam que vão continuar permitindo o sistema remoto, optando pelo esquema híbrido. Segundo o mesmo levantamento da WeWork e Workplace Intelligente, existe uma parcela de 53% dos funcionários que querem trabalhar três ou mais dias da semana em casa.

Nesse primeiro momento, o desejo por retornar às atividades laborais da mesma forma como era antes da pandemia ainda está muito presente entre os líderes e colaboradores, mas esse é um movimento que pode diminuir no decorrer do tempo e os times se acostumando novamente a rotina, por vezes cansativa, dos escritórios.

Com a ajuda da tecnologia, novas formas de trabalho foram desenvolvidas e aprimoradas, o home office sendo uma delas, e logo tanto as empresas quanto os funcionários começarão a sentir falta dos benefícios trazidos por ele, tais como menos tempo gasto no deslocamento, flexibilidade de horários e a possibilidade de contratar profissionais de outros lugares do mundo.

Mas não podemos esquecer que o teletrabalho realizado no período de pandemia e aquele a ser feito em circunstâncias normais não será da mesma forma, pois, agora, as pessoas podem sair de casa com mais tranquilidade e utilizar o tempo livre para frequentar locais que antes não podiam, e não sabemos se isso vai afetar questões como produtividade, comprometimento, entrega de resultados e disponibilidade de horários.

Essa retomada ao presencial, ao menos pelos próximos meses, tem um papel essencial para a vida em sociedade, e passar por essa experiência tirando o melhor que ela pode oferecer, aproveitando para treinar as habilidades de comunicação pode ser uma ótima oportunidade para evoluir pessoal e profissionalmente. Ao mesmo tempo, também vamos testar como funcionam o trabalho híbrido e o modelo 100% home office nesse novo momento.

Ainda não sabemos quais serão os resultados, mas o fato é que os tempos mais sombrios e difíceis estão ficando para trás, e o que levamos deles é o entendimento de que somos capazes de aprender coisas novas, nos reinventarmos e evoluirmos naquilo que nos propomos a fazer.

Gustavo Caetano é CEO da Samba Tech, embaixador da Reserva e autor do best seller “Pense Simples”. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.