Trabalhadores invisíveis são profissionais com funções sociais fundamentais, porém desvalorizadas.

Fazem parte deste grupo tanto trabalhadores informais quanto registrados.

Por que o trabalho da mulher é invisível?

Antes de falar desse trabalho com funções sociais, falaremos do trabalho da mulher no mundo corporativo, porque estão interrelacionados, uma vez que a mulher tem que cumprir seu papel profissional paralelamente aos demais papéis, como cuidadora do lar, da família, de pessoas fragilizadas da sua família ou do circulo de conivência, tudo isso pois não há equidade na assunção de responsabilidades.

E a equidade de gênero no trabalho ainda é um sonho distante nas organizações.

Equidade de gênero no trabalho é um conceito que busca garantir a igualdade de oportunidades e tratamento justo para homens e mulheres no ambiente profissional.

A importância desse tema reside na necessidade de superar as desigualdades históricas e promover um ambiente inclusivo e diverso.

Mas, enquanto tivermos registros cada vez em maiores quantidades de situações de injustiça; assédio moral, sexual; microagressões; violência, desvalorização de toda ordem, não teremos equidade.

Casos de assédio sexual no TRT-15 crescem 9% nos 2 primeiros meses de 2023. Fonte: CONJUR 04.04.23 https://www.conjur.com.br/2023-abr-04/trt-15-recebe-processo-assedio-sexual-dia/

Mas, temos exceções!

São as organizações humanizadas que trazem a bandeira do RESPEITO como lema e desenvolvem ações concretas usando a equidade para a inclusão em seu ambiente de trabalho.

São empresas alinhadas às diretrizes ESG – Enviromental, Social, Governance -, que exigem comportamentos equilibrados entre o Ambiente, o Social e a Governança e as diretrizes B3.

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Contudo, apesar desses impulsores externos movimentarem as organizações para a evolução do modelo de gestão, a relação da mulher com o trabalho é um tabu dentro de muitas organizações.

Para termos a equidade (customização das soluções de inclusão), reconhecida como uma necessidade precisaríamos ter a Diversidade percebida como intrínseca à totalidade dos componentes do mundo corporativo, pois:

Somos todos diferentes seres únicos, originais, iguais em direitos à vida com dignidade e orgulho de ser o que se é. 

Mas, esse entendimento não é unanimidade, pois muitas organizações falam que “vão implantar diversidade!”, quando esta já existe em todos os espaços de convivência de seres humanos.

Sem esse entendimento, a maioria das empresas ainda são “exclusivas” e tem dificuldade de aceitar que representatividade não é a solução e o que deve ser alcançado é a proporcionalidade da diversidade, em todos os níveis de decisão e poder nas organizações.

Proporcionalidade de pessoas minorizadas:

  • Mulheres: 52% da população, sendo 29% mulheres negras.

Tivemos avanços? Sim. Avançamos na quantidade de contratações, mas precisamos monitorá-las para saber se, efetivamente, há oportunidades de carreira para todos.

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Enquanto convivermos com atitudes preconceituosas, machistas, sexistas, disfarçadas de preocupação com resultados, que levam ao impedimento da admissão e ao sucesso na carreira porque pairam no ar preocupações tais como “você pretende ter filhos” ou “quem cuidará deles?”, estaremos estagnados.

Essas perguntas jamais são feitas ao homem. Não há a cultura da corresponsabilidade, compartilhamento das atividades da casa e de cuidados com a família. Este comportamento de “não é comigo” ficou evidenciado durante a pandemia, com a adoção do teletrabalho em home office, quando as mulheres mantiveram suas  atividades profissionais além de todas as atividades do lar. 

Trabalhadores invisíveis são profissionais com funções sociais fundamentais, porém desvalorizadas.

E, em boa hora, o ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio -, realizado em 2023, trouxe à tona o tema: “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.

O que foi naturalizado por gerações anteriores às atuais, agora será analisado à luz de fatos históricos que discriminaram a mulher.

Hoje, os jovens com suas várias alternativas de acesso às informações tomarão conhecimento da verdadeira história que desvalorizou a contribuição da mulher na sociedade ao longo dos séculos. 

A invisibilidade do tema decorre, entre outras causas, da herança escravagista que trouxe consigo a figura da “empregada doméstica”, verdadeira escrava no lar, cuidando de todos os afazeres sozinha, sem ajuda, incluindo o cuidado das pessoas da casa; das crianças aos idosos, doentes…

 

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Esta figura está impregnada na mente dos privilegiados, dos racistas, que até hoje negam os direitos a essas profissionais, as – empregadas.

Obs.: Não usamos aqui a palavra doméstica, porque refere-se à linguagem escravocrata, pois as mulheres escravizadas ao serem escolhidas para o trabalho na casa do seu escravizador eram domesticadas, pois antes era tidas como selvagem.

Hoje, ainda, não importa a cor da pele, é à mulher que são atribuídas essas tarefas de casa. 

Como empresas e Profissionais de RH podem contribuir?

Empresas e Profissionais de RH precisam querer, genuinamente, realinhar-se à atualidade e ao futuro, tendo a grandeza de reaprender as causas da situação atual indesejada e de agir, com mudanças disruptivas!

O que é Vital: Ensinar à totalidade de sua força de trabalho o que não lhes foi ensinado na infância:

Homens: responsabilidade em compartilhar os afazeres da casa em que habita ou visita.

O que é oportunidade: Mudar o foco

Tornar o Dia Internacional da Mulher uma oportunidade para informar que esse dia é um marco para resgatar todo o histórico de lutas pela igualdade de direitos entre homens e mulheres:

  • Esclarecer dúvidas quanto ao conceito e ações do Feminismo e Femismo, por exemplo;
  • Jogar luzes sobre as mulheres e homens que impulsionaram o acesso aos Direitos Humanos devidos às mulheres,
  • Aliar a distribuição de brindes às ações de desenvolvimento (saber ser).
  • Lembrar que toda PJ é representada por PFs. Pessoas precisam querer fazer a mudança acontecer, porque se têm acesso a informação, podem inferir e optar pelo certo a ser feito.

O que é um Avanço: 

  • Trazer os homens para essa conversa.

Atenção: Não poderemos esperar que esses fatos aconteçam somente em… :

  • 2085: Equiparação salarial,
  • 2095: Equidade de gênero no mundo corporativo e
  • 2126: 51% dos cargos de diretoria executiva serão ocupados por mulheres.

Por Jorgete Lemos, CEO da Jorgete Lemos Pesquisas e Serviços – Consultoria Organizacional. É uma das Colunistas do RH Pra Você. O conteúdo desta coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.