Como lidar com as expectativas de quatro diferentes gerações que coabitam os escritórios?

As empresas vivem um momento peculiar. Pela primeira vez na história, pessoas com idades tão variadas atuam de forma conjunta no mercado de trabalho. Vivemos mais, permanecemos ativos e capazes, e mantemos nossa vida profissional – por necessidade financeira, mental e produtiva – por mais tempo.

Ao mesmo tempo, jovens altamente capazes e preparados ingressam no mundo corporativo. Assim, dentro dos escritórios, formou-se um caldo geracional inédito: Baby Boomers (onde me incluo orgulhosamente), Geração X, Millenials e Geração Z passaram a conviver.

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Esse cenário está ganhando cada vez mais luz em meio às discussões de diversidade, já que a multiplicidade geracional tem se comprovado como uma realidade para a maioria das empresas.

Se um almoço de família aos domingos que reúne de idosos a jovens é um desafio, imagine essa pluralidade no ambiente de trabalho, onde os laços que entremeiam as relações nem sempre são regados a afeto, mas sim a KPIs.

Diante de tantas diferenças, como atender a todos?

Como manter equipes eficientes e engajadas?

Como equilibrar diversas expectativas e visões de mundo e de futuro?

São perguntas que valem milhões – muitas vezes, literalmente. Costumo repetir: não existe one size fits all. Isto é, não há uma solução ou resposta que sirva para todos. Cada organização precisa entender o seu mix para explorar suas potencialidades.

Se por um lado lidar com a gestão de gerações tão distintas pode ser complexo, por outro é rico e engrandecedor. É, na verdade, uma possibilidade de aprendizagem e colaboração exponencial.

Enquanto os “novinhos” da GenZ são altamente tecnológicos, objetivos e orientados pelo senso de propósito, os mais velhos têm aquilo que só a experiência traz – como o refinamento das noções de prioridade, disciplina e responsabilidade.

Engana-se quem pensa que essa convivência de diversas faixas etárias responde a um modelo hierárquico em que os mais velhos são líderes e os mais jovens, aprendizes. Não mesmo.

Essa premissa não vale para cargos – algumas empresas já possuem programas para estagiários 60+, por exemplo – e nem para interações espontâneas. Ao olharmos para a dinâmica das relações, percebemos que há, cada vez mais, uma horizontalidade. Ou seja, uma troca entre iguais.

Se os mais jovens valorizam o impacto da empresa no mundo e o propósito de suas existências, os mais experientes são capazes de análises mais profundas e com mais referenciais.

Percebem a potência que existe nessa conexão?

Para além das responsabilidades corporativas, há também o nosso desenvolvimento pessoal. Em um mundo de tantas mudanças, uma das poucas certezas é que não podemos parar de aprender. O lifelong learning é uma realidade, veio para ficar.

Esse aprender nem sempre tem a ver com o conhecimento acadêmico, formal. Mas, sim, com o autoaprimoramento, com o compromisso individual de permanecer se desenvolvendo, especialmente, no âmbito das soft skills – isso vale para todas as faixas etárias e comportamentais.

Eu, por exemplo, estou fazendo um curso de Ambidestria e Inteligência Artificial, mas já tenho no pipeline “Neurociência” para aprender mais sobre as mudanças que se avizinham.

Não basta a coexistência e o autodesenvolvimento para que esses públicos interajam harmonicamente. Para afinar essa sinfonia, a resposta está na comunicação. As empresas precisam investir no diálogo e na escuta ativa para promover integração. Dessa troca genuína florescem a produtividade e um ambiente de trabalho que promove bem-estar e reconhecimento.

É nesse cenário que a gestão tem o desafio permanente de equalizar profundidade e abrangência, em um equilíbrio fino e compassado.

Ao mesmo tempo em que avançamos na pluralidade, precisamos trazer densidade para que as decisões corporativas sejam tomadas com amplitude e segurança, aproveitando-se da riqueza que emerge das interações multigeracionais: a diversidade de pensamentos e ideias.

Profundidade e abrangência: o desafio da gestão multigeracional

Por Washington Botelho, presidente da JLL Work Dynamics para a América Latina. Iniciou sua carreira na Xerox, onde ao longo de 20 anos exerceu diversas funções de liderança no Brasil. Foi VP/GM para Mercados Emergentes nos EUA, Presidente LATAM da Adecco e CEO da ISS Brasil antes de se juntar à JLL.

 

Ouça o episódio 143 do RH Pra Você Cast, “Inclusão 50+, bom para o presente e para o futuro (de todos nós)“. Como você se enxerga daqui a cinco ou dez anos? O questionamento, que já deve ter sido feito a muitos de vocês durante algum processo seletivo ao longo da carreira, nem sempre traz consigo uma resposta fácil. Especialmente para um público que, diante de tantos estereótipos e preconceitos, sequer sabe como será o dia de amanhã em sua vida profissional. A cada nova geração que entra no mercado, uma anterior se vê diante do dilema de ficar para trás e ver cada vez menos portas se abrirem.

O panorama, todavia, não só precisa como deve ser mudado. Pesquisas revelam que o tão falado “choque geracional” é extremamente benéfico não só a profissionais de todas as idades, mas também às empresas. E, afinal, se não olharmos para o público 50+ com atenção, como será quando chegar a nossa vez de lutar por espaço com os mais jovens? Para falar sobre as vantagens de mesclar gerações e como desenvolver mecanismos de inclusão, o RH Pra Você Cast traz Mórris Litvak, Fundador e CEO da Maturi. Confira o papo clicando no app abaixo:

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Capa: Depositphotos