Transparência, confiança e responsabilidade nos negócios, com a sociedade e com o planeta. Se me perguntassem quais os pilares de uma boa da Governança Corporativa, sem dúvida, estes três pontos estariam na liderança da lista.

De fato, Governança Corporativa tem características amplas e, para compreendê-las, é preciso entender o começo desta jornada. A primeira observação dessa trajetória nos leva às companhias abertas, pois foi nelas que os líderes buscaram e encontraram as respostas para reduzir a assimetria de dados existentes entre acionistas e executivos que operam negócios complexos.

Assim, criou-se um cenário corporativo em que a governança desponta como meio estratégico assertivo para geração de valor, com resultados positivos concretos para stakeholders, sociedade e planeta. E entre as empresas familiares a adesão a práticas recomendadas pelo Código Brasileiro de Governança Corporativa avança.


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A pesquisa realizada pelo IBCG e pela PwC, verificou que 64,2% das empresas familiares consultadas já tinham conselho de administração, estatutário ou consultivo, em 2019.

Indicadores que mostram como adoção dos princípios de transparência, equidade, prestação de contas (accountability) e responsabilidade corporativa somada à implantação de fóruns como o conselho de família e resolver conflitos, contribui para a tomada de decisões empresariais, agregam valor à empresa e reduzem o custo de capital.

Nas empresas com governança implementada, a gestão atinge os mais elevados índices de qualidade, com ações concretas e efetivas de toda a estrutura organizacional, resultando em um crescimento sustentável do negócio, com objetivos estratégicos, missão e valores alinhados.

Organizações oriundas de uma estrutura familiar têm ainda mais frutos a colher e a gerar para a economia nacional, que conta com uma grande contribuição de empresas dessa origem. O Grupo Sabin, que fundei em 1984, com minha sócia, é um exemplo de empreendimento que cresceu localmente e expandiu sua atuação para outras regiões com o alicerce fundamental da governança corporativa para sustentar uma expansão ousada e mesmo tempo sustentável.

Um movimento ambicioso e cheio de desafios individuais e organizacionais, na visão dos sócios-fundadores, que exigem investimento em conhecimento, disciplina, coragem e persistência para trilhar os caminhos em direção à nossa visão de futuro.

As experiências adquiridas à frente do Conselho de Administração me permitem compartilhar um pouco dessa trajetória que nos fez evoluir como empresárias e como grupo empresarial. Desenvolvemos, no Sabin, uma trilha de aprendizados contínuos sobre práticas que potencializam negócios, a partir de uma gestão direcionada para a longevidade da marca e perenidade dos nossos valores, propósito e missão.

Em 2010, tomamos a decisão continuar crescendo, mas em um novo patamar de atuação empresarial. Conquistar uma maior participação e contribuição no setor e na cadeia da saúde, bem como ampliar nossa presença em novas regiões do país.

Sendo assim, lhes convido a viajar em uma jornada pelo Brasil para entender como a governança corporativa foi fundamental na adoção e execução do nosso plano de expansão, que completa 10 anos este ano. Em 2012, expandimos nossas operações para cinco estados brasileiros, com quatro aquisições de laboratórios tradicionais.

 A partir daí, percebemos que as grandes decisões deveriam ser tomadas em uma instância apartada do dia a dia, que aumentavam em complexidade e demandavam uma gestão mais focada, com novas skills e em sinergia com a nossa cultura, onde as pessoas estão no centro da estratégia e a responsabilidade socioambiental é um dos nossos principais valores.

Às vésperas de completarmos três décadas de história, em 2013, iniciamos a implantação de nosso modelo de governança corporativa. Além da estruturação do Conselho de Família, instituímos o Conselho de Administração iniciando nosso processo de transição da direção executiva para o conselho.

Em 2013, quando já estávamos presentes em sete estados e já figurávamos entre os principais grupos de medicina diagnóstica no país, escolhemos nossa presidente-executiva, profissional de carreira, para conduzir a gestão da empresa com sua equipe de diretores executivos, que assumiram a gestão da empresa em 2014. Para seguirmos esse caminho, foi necessário contar com o conhecimento e apoio de especialistas da Fundação Dom Cabral. Dessa forma, evoluímos compartilhando nossas experiências e a filosofia empreendedora com a gestão.

Assumimos o compromisso de manter a visão de longo prazo e há oito anos conduzimos o Conselho de Administração em um contexto de grandes mudanças no setor de saúde tanto do ponto de vista tecnológico, mas também de novos modelos assistenciais. Ampliamos nossa atuação para mais de 70 cidades brasileiras a partir de um projeto de crescimento orgânico e também inorgânico com 27 aquisições de outras empresas.

Também diversificamos nosso portfólio de negócios; investimos em atenção primária à saúde; criamos a nossa plataforma integrada de serviços de saúde; e apuramos ainda mais o nosso olhar às startups e healhtechs, investindo em novas empresas e nos ecossistemas de inovação.

Dentre as boas práticas que implementamos, posso destacar ainda o Acordo de Acionistas, os Comitês de Ética, Auditorias, Riscos e Capital Humano, o Programa de Integridade e dispositivos formais de cumprimento do Código de Conduta, além da divulgação regular das nossas demonstrações financeiras certificadas por auditoria externa independente.

A cada ano trazemos novas camadas de boas práticas para que nosso sistema de governança se fortaleça e para que consigamos entregar mais valor aos nossos stakeholders e contribuindo para longevidade da organização.

Como empresa de alma feminina, abraçamos a bandeira do protagonismo feminino e assim temos alcançados números fora da curva do mercado. Aqui, 74% de mulheres estão em cargos de liderança, percentual que nos enche de orgulho e é fruto da seriedade das políticas e práticas internas, adotadas em prol da valorização da diversidade, da inclusão e da preparação de nossa futura geração de líderes. Acreditamos que a pluralidade e a habilidade de incluir e trabalhar com as diferenças potencializam nossa capacidade de inovação.

Os valores e políticas na nossa cultura organizacional nos diferenciam até mesmo em contextos mais delicados, como o da pandemia. Durante a crise sanitária nosso Conselho de Administração atuou com assertividade apoiando a gestão no protagonismo das ações de enfrentamento, além de manter nossos investimentos em inovação e nos planos de crescimento.

Nosso comprometimento com a sustentabilidade também é reflexo das escolhas estratégicas acertadas e princípios empresariais. Há mais de 15 anos, somos signatários do Pacto Global, para o qual ajudamos a mobilizar a comunidade empresarial na disseminação e aceleração sustentabilidade em todos os seus pilares. A partir da adesão ao Pacto, também nos engajamos à Agenda Universal proposta pela ONU, por meio dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Todos esses marcos foram singulares nesta caminhada.

Também queremos, além de influenciar nosso ambiente empresarial, contribuir para as comunidades em que atuamos com o entusiasmo e a mesma ousadia que começamos, em 1984, em busca de deixar um legado responsável, e uma empresa perene e engajada com seu propósito de inspirar pessoas a cuidar de pessoas.

Governança corporativa para o crescimento sustentável

Por Sandra Soares CostaCofundadora do Grupo Sabin e Vice-presidente do Conselho de Administração da empresa.

 

 

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