Entre os principais desafios enfrentados pelo mundo corporativo, o job hopping, traduzido como “pular de emprego”, tem se destacado e tirado o sono de muitos líderes e gestores. Essa prática é mais comumente realizada pelas novas gerações, como a Z, que são aqueles nascidos entre 1996 e 2010, e os millennials, que nasceram de 1981 a 1995.
Esse cenário causa uma rotatividade enorme de profissionais, e coloca as companhias em uma situação desfavorável, já que elas gastam muito tempo e recursos contratando e treinando os colaboradores para, pouco tempo depois, perdê-los para a concorrência.
De acordo com dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, aproximadamente 25% dos profissionais entre 18 e 24 anos, que somam cerca de 2,47 milhões de pessoas, passam menos de três meses no mesmo emprego, enquanto 24,1% (2,40 milhões) deles permanecem entre um a dois anos.
Já 41,67% dos colaboradores pertencentes à geração X (nascidos entre 1965-1980) e os baby boomers (1946-1964), que possuem entre 50 e 64 anos, tendem a ficar dez anos ou mais na mesma empresa.
Mas o que exatamente justifica esse cenário? Primeiro, é importante ter em mente que os jovens estão ingressando no mercado de trabalho com mentalidades, aspirações e expectativas distintas do que era observado até então. Antes, os trabalhadores tinham o desejo de fazer carreira nas empresas e passavam cinco, dez, vinte anos no mesmo lugar – e ficavam satisfeitos com isso.
Além disso, esses grupos apresentam uma relação diferente com o trabalho, pois não buscam nele o sentido de suas vidas, mas o enxergam como um meio capaz de proporcionar a realização de sonhos e a vivência daquilo que de fato desejam.
Outro ponto relevante é que as novas gerações têm menos tolerância com as insatisfações resultantes das rotinas de trabalho, com a empresa ou até mesmo com os colegas, e isso atrelado ao seu imediatismo e vontade de viver novas experiências e desafios faz com que tomem mais facilmente a decisão de procurar por novos repertórios, oportunidades e mais qualidade de vida.
Esse movimento global tem movimentado o mercado corporativo e obrigado as organizações a readaptarem seus modelos de trabalho e investirem em estratégias diferentes para a retenção desses talentos – o que considero algo positivo.
O primeiro passo para começar a enfrentar o problema da alta rotatividade entre os jovens é aceitar que os tempos mudaram e as vontades, necessidades e comportamentos da sociedade acompanham essas alterações. Não podemos nos apegar ao passado e encarar as transformações de maneira negativa, pois isso vai contra a mentalidade de inovação que é tão importante para o sucesso de qualquer negócio.
Além disso, os líderes e gestores podem contar com a ajuda da tecnologia para entender melhor essa tendência, como o RH algorítmico, que permite conhecer cada vez mais o comportamento do colaborador e, a partir das informações captadas, agir para melhorar o posicionamento como marca empregadora, buscar diferenciais e atrair novos talentos. Também é fundamental estar atento às demandas crescentes de Employee Value Proposition (EVP).
É essencial encarar esse cenário de frente e dispor de todos os esforços para se adequar aos novos tempos, e tenho certeza de que as empresas que focarem nisso sairão desse período turbulento muito mais preparadas para o futuro do trabalho. Pense nisso!
Gustavo Caetano é CEO da Samba Tech, embaixador da Reserva e autor do best-seller “Pense Simples”. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.