Comunicação, desenvoltura emocional, confiança e vulnerabilidade são as características mais procuradas nos líderes de hoje.

Nosso relacionamento com o trabalho – e nossas expectativas em relação a ele – mudaram drasticamente nos últimos anos, de acordo com uma nova pesquisa global da HP.

O Índice de Relacionamento com o Trabalho, um estudo com mais de 15.500 pessoas em 12 países, constatou que só 27% das pessoas que trabalham em escritórios no Brasil têm um relacionamento saudável com seus empregos. Para 71% dos trabalhadores, as expectativas em relação ao relacionamento com o trabalho aumentaram nos últimos dois ou três anos, assim como a forma como esperam ser tratados em seu local laboral (69%). Enquanto isso, 38% dizem que a inteligência emocional dos líderes de suas empresas não está atendendo às suas expectativas.

O resultado? Queremos mais de nossos empregos – e de nossos chefes.

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Qualquer deficiência não afeta apenas os funcionários. A produtividade cai e a moral, a conexão e o envolvimento da equipe enfraquecem. De fato, mais da metade (56%) dos trabalhadores diz que se desinteressa pelo trabalho quando o relacionamento não é saudável.

Globalmente, dois terços (66%) dos funcionários com relacionamentos saudáveis com o trabalho confiam nas intenções das altas lideranças, confiando que as elas entendem suas necessidades e ouvem suas ideias e preocupações e, de modo geral, se sentem mais conectados.

O estudo da HP identificou seis motivadores de um relacionamento saudável com o trabalho, para ajudar a sinalizar as mudanças nas expectativas dos funcionários.

  1. Realização: os funcionários estão priorizando o propósito, o significado e a autonomia.
  2. Liderança: os funcionários estão procurando líderes que demonstrem empatia e conexão emocional.
  3. Foco nas pessoas: os funcionários querem ver a tomada de decisões com as pessoas no centro.
  4. Habilidades: os funcionários querem novas oportunidades de treinamento e desenvolvimento.
  5. Ferramentas: os funcionários querem ter uma opinião sobre a tecnologia e as ferramentas que o empregador fornece.
  6. Espaço de trabalho: os funcionários estão procurando um ambiente que facilite e simplifique o trabalho em vários locais, e que lhes permita escolher onde trabalhar todos os dias.

Analisando esses fatores, há três que se destacam para mim, especialmente quando se trata de criar uma força de trabalho mais feliz. A satisfação dos funcionários, o desenvolvimento de uma abordagem centrada nas pessoas e a liderança pelo exemplo.

A fluência emocional e a satisfação dos funcionários

A comunicação é uma via de mão dupla. Aqui no Brasil, 76% dos trabalhadores do conhecimento acham que é importante que as pessoas sejam incentivadas a comunicar suas verdadeiras emoções no local de trabalho.

Por isso, os líderes também precisam dar o exemplo, demonstrando sua própria vulnerabilidade emocional. Mas a realidade é que só 39% dos entrevistados concordam que seus chefes demonstram empatia, ainda que 84% achem que isso é importante, e, de forma geral, estariam dispostos a renunciar a 13% do salário para trabalhar em uma empresa com líderes empáticos.

Confiança: pratique o que você prega e adote uma abordagem centrada nas pessoas

É difícil conquistar a confiança no local de trabalho. Um terço dos funcionários globais (33%) entrevistados afirma desconfiar das intenções da liderança – e outros 20% não têm certeza sobre isso – e apenas um quinto (21%) concorda que os estilos de liderança evoluíram com base em novas formas de trabalho nos últimos dois ou três anos.

Nesse contexto, uma ênfase visível em colocar o seu pessoal em primeiro lugar – e garantir que os funcionários sejam vistos como seres humanos, e não apenas como ações humanas – trará benefícios.

Com os trabalhadores reconhecendo a necessidade de priorizar mais o seu bem-estar físico e mental, os empregadores devem fazer a sua parte para ajudá-los. Sessenta e nove por cento dos trabalhadores em todo o mundo afirmam que essa deve ser a prioridade, mesmo que esteja acima do trabalho. No entanto, menos de um quarto (23%) tem essa experiência de forma consistente.

Além disso, os funcionários são menos positivos do que os líderes em relação ao que está disponível para eles em termos de flexibilidade, autonomia e equilíbrio entre vida pessoal e profissional: em média, pouco mais de um quarto (27%) diz que experimenta isso de forma consistente, contra 43% dos líderes. 69% dos funcionários dizem que é importante que os líderes deem o exemplo quando se trata de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, praticando o trabalho flexível e as pausas, bem como incentivando e defendendo esses comportamentos de forma mais ampla.

Liderar com vulnerabilidade em vez de perfeição

Para os líderes de negócios, isso pode significar se abrir para o feedback da equipe júnior e levantar a mão quando errarem. Os funcionários estão sinalizando que não há problema em os líderes não saberem a resposta o tempo todo, baixarem a guarda e demonstrarem emoções verdadeiras – liderar com autenticidade.

Quase três quartos (73%) dos trabalhadores do conhecimento pesquisados dizem que é importante que as altas lideranças reconheçam seus erros, enquanto 68% dizem que é importante que eles se comuniquem de forma transparente sobre tópicos difíceis, como demissões ou orçamentos. No entanto, apenas um quinto dos trabalhadores concorda que os líderes seniores de sua empresa demonstram inteligência emocional de forma consistente.

A pesquisa nos diz claramente que tanto os líderes quanto os funcionários acham que é necessário um conjunto diferente de habilidades de liderança para ter sucesso nos negócios atualmente.

Os líderes e gerentes devem demonstrar empatia e inteligência emocional mais forte – e, se o fizerem, ganharão o respeito de seus funcionários. O estilo de liderança mais humano e aberto que ganhou destaque durante a pandemia deve ser redescoberto e preservado se os líderes – e os relacionamentos com o trabalho no qual eles desempenham um papel fundamental – quiserem prosperar no futuro.

Por que os trabalhadores querem chefes emocionalmente inteligentes?

Por Ricardo Kamel, Diretor-geral da HP no Brasil.

 

 

Ouça o episódio 168 do RHPraVocê Cast, “Há espaço para emoções no ambiente de trabalho?”. Por que é tão difícil – até mesmo um tabu – falar sobre emoções no ambiente de trabalho? Elas fazem parte de cada nuance da jornada corporativa, afinal, a felicidade e a tristeza, por exemplo, podem ser variáveis que impactam consideravelmente o engajamento, a produtividade e, consequentemente, as finanças do negócio.

Mas como administrá-las? Qual é o papel do líder e do RH em relação às emoções? Para deixar claro que o assunto deve, sim, entrar em pauta nas organizações, o RH Pra Você Cast de hoje conta com uma dupla da Coppead/UFRJ: Paula Chimenti, Professora e Coordenadora do Centro de Estudos em Estratégia e Inovação; e Fernanda Souza, doutoranda e pesquisadora. Confira clicando abaixo:

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