Aspecto fundamental da vida humana, as emoções são uma força poderosa que moldam nossas experiências e influenciam em nossas ações diárias. No entanto, muitas vezes nos sentimos à mercê destas sensações, incapazes de controlar nossas reações diante de situações desafiadoras.

Por isso, é essencial que comecemos a falar de forma aberta e inclusiva, a fim de reduzir pensamentos negativos de forma mais eficaz, o estresse e a ansiedade, beneficiando a nós mesmos e nossos relacionamentos pessoais e profissionais.

No livro “A Vida Secreta do Nosso Cérebro“, a professora de psicologia na Northeastern University, Lisa Feldman Barrett, afirma que “as emoções são construções do cérebro e são produzidas em resposta às experiências sensoriais e informações que recebemos do ambiente, sendo moldadas por nossa cognição”. A autora afirma que as construímos a partir de categorias de experiências que usamos para organizar informações sensoriais.

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Por exemplo, podemos usar a categoria “ameaça” para construir o medo, ansiedade e raiva. Afirma também que, são influenciadas pela interação e contexto social, que frequentemente são compartilhados e transmitidos entre as pessoas por meio da comunicação verbal e não verbal.

Em qualquer emoção, está contido um movimento que altera a mente e gera ações imediatas, sentidos externalizados através de ações, reações, ideias e comportamentos, por meio de um estado neuropsicofisiológico, provocando respostas autônomas, como alteração na frequência cardíaca, de pressão sanguínea, que resumidamente nos representa de modo eficaz na adaptação às mudanças frente aos ambientes externo e interno.

Temos muito mais controle sobre estas emoções e reações do que assumimos, sobre as suposições que nosso cérebro constrói no momento em que bilhões de células ali trabalham, mas é preciso treino.

Nossa cabeça funciona com base em deduções, previsões e adivinhações, sentimentos positivos e negativos surgem a partir de prognósticos que fazemos em nossas mentes. Por isso é preciso treinamento para lidar de forma otimista e realista diante destas experiências.

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Qual o primeiro passo? Atenção ao interno, desenvolver habilidade de foco enquanto as experiências acontecem e ter discernimento para melhor decisão.

O segundo passo é introspecção, pois com a mente estável é possível identificar as reais motivações internas, qualidades e desafios pessoais, desenvolver autoconhecimento, autoconsciência e auto-domínio; e

O terceiro passo é a transformação, bons hábitos mentais transformam o mundo interno e refletem na mudança das ações, relações e impactos no externo. A partir do momento que se exerce essa prática, é possível vivenciar situações de outra maneira.

Não é possível lidar com isso de forma isolada, pois influenciará na convivência com o mundo exterior de forma sistêmica, deixando as decisões mais assertivas, auto conscientes, baseadas em vivências passadas com novas ressignificações.

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Muitas pessoas passam uma quantidade significativa de tempo pensando sobre eventos passados ou planejando o futuro. A grande sacada é criar a habilidade de foco no momento presente como, por exemplo, quando recebemos uma mensagem ou e-mail que não gostamos. Apenas não rebata!

Escreva a resposta, leia, veja se não está supondo algo errado baseado em impressões do passado, reflita e então responda. Para isso, precisamos estar no agora. Se estiver fora deste instante, perde-se o foco, a habilidade de aprendizagem não sendo possível administrar o que está acontecendo. Para isso precisamos de empenho.

É natural para o cérebro seguir caminhos conhecidos, ter consciência das emoções permite gerir o comportamento, padrões e tendências. É isso que algumas empresas como Google e a Meta, detentora do Instagram e do Facebook, fazem. Tentar prever padrões de nossos comportamentos e tendências a partir do que digitamos, clicamos ou assistimos.

O que o algoritmo destas empresas está executando? Uma tentativa de supor o que nós vamos fazer a partir do nosso histórico comportamental, porque é mais fácil seguir o que já sabem a nosso respeito, sendo que a mente faz o mesmo.

É preciso se desafiar para que o cérebro não atrofie, fazendo ele se exercitar todos os dias, estando no presente, controlando as emoções, tendo autoconsciência para entendê-las no momento que acontecem e autogestão para direcionar o comportamento de maneira positiva, com flexibilidade, e sempre que puder rever padrões, gerir as reações emocionais perante situações e pessoas no momento que elas ocorrem.

Com todo esse ensinamento, nós aprendemos a conviver, a ter habilidade de empatia, altruísmo, amor e compaixão, pois começamos a entender que as pessoas tiveram experiências diferentes das nossas durante suas trajetórias e com isso desenvolvemos consciência social, que é entender a emoção dos outros no momento que ela acontece.

Quando estamos no presente, passamos a entender o outro, a compreender a interdependência das emoções, dos relacionamentos, passamos a ser mais colaborativos, e começamos a fazer gestão das relações.

Por que vemos hoje um índice maior de depressão e ansiedade generalizada?

Porque nós estamos com menos paciência para lidar com nossas emoções e com as dos outros, essa consciência nos permite chegar em um acordo quando os conflitos acontecem. A gestão das relações nos permite diferenciar os vínculos, ou seja, minha família não me criou da mesma maneira que a sua e quanto mais empatia tivermos sobre isso, mais empoderados seremos, porque mais escolhas teremos sobre o que estamos sentindo, a partir de uma nova vivência criada em nosso cérebro.

Isso nos ensina a fazer escolhas e a externalizar comportamentos de uma forma humana. Por exemplo, a comunicação não violenta é sobre permitir que atrás de sua consciência e inteligência emocional você consiga expor de uma forma mais produtiva, amigável e assertiva, ou seja, permitir ampliar um universo de opções.

Ter autonomia e consciência sobre essas possibilidades e os impactos delas sobre o outro e o mundo à sua volta, permite que tenhamos mais responsabilidade, que é a gestão dos efeitos provocados pelas nossas decisões e atos.

O que nós fazemos, que por vezes está relacionado a reações impensadas, pode ter um impacto negativo sobre a vida de outras pessoas. Quando desenvolvemos inteligência emocional naturalmente nos deparamos com novas experiências e conexões neurais, que nos tornam seres humanos melhores. Quando pensamos antes de agir, ganhamos flexibilidade, desapego de nossas crenças limitantes e do que acreditamos ser e não somos.

Quando aprendemos a controlar tudo isso, conseguimos ter liberdade interior e de escolha, aprendemos a ser melhores para nós, para o outro e para o mundo, e é disso que a humanidade está precisando.

Cultive as emoções positivas e lembre-se que elas são treinadas. Esses estados mentais transformam nossa lucidez, nossa precisão de escolha, clareza, e isso gera um amor altruísta que reflete na interdependência que existe entre todos os seres.

Quando há um diálogo existem duas pessoas conversando e é sobre isso, entender o que você sente e o impacto sobre suas ações e a de outras pessoas.

Datas especiais fortalecem a cultura organizacional?

Por Andreia Girardini, Diretora de Pessoas e Cultura no GetNinjas, onde tem a missão de gerir estratégias de gestão de pessoas, com atuação em desenvolvimento organizacional, cultura e atração de talentos. Com mais de 15 anos de experiência na área, anteriormente trabalhou em empresas como a Cargill, Energizer e Endurance International Group. É formada em Business Management pela Kingston University e pós graduada em Gestão Estratégica de Pessoas pela FGV, com MBA em Essencial Master Coaching pelo Ipog.

Ouça também o PodCast RHPraVocê, episódio 90, “Burnout como doença do trabalho: o que muda?” com Marcela Ziliotto, Head de People na Pipo Saúde e José Ricardo Amaro, Diretor de RH da Ticket. Clique no app abaixo:

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