Eventos tão comuns nas empresas podem significar momentos de angústia para pessoas neurodivergentes. Pequenas adaptações podem criar momentos agradáveis para todos . A aproximação do final do ano traz consigo uma aura de expectativas positivas: dias de descanso, festas em família e confraternizações.

No entanto, é importante considerar que, para indivíduos no espectro autista, interagir com muitas pessoas ao mesmo tempo pode ser algo desafiador e exaustivo. Além disso,  as reuniões festivas, muitas vezes barulhentas e repletas de estímulos sensoriais, nem sempre são bem toleradas. 

Quando o assunto é a inclusão de pessoas com TEA no mercado de trabalho, as festas corporativas de final de ano  podem ser uma ótima oportunidade para explorar maneiras de tornar essas ocasiões agradáveis para todos, considerando as necessidades únicas de cada indivíduo.

Algumas dicas gerais podem ser valiosas O primeiro ponto fundamental, é proporcionar previsibilidade, comunicando antecipadamente  detalhes como o local, horário e a programação do evento (como jogos, sorteios e premiações). Isso permite que pessoas autistas se preparem melhor e possam usufruir da ocasião com mais tranquilidade. 

Reduzir estímulos sensoriais que podem ser aversivos (como luzes brilhantes, música alta, aromatizadores de ambiente) é uma medida imprescindível. Sempre que possível, a empresa  deve disponibilizar um espaço mais reservado e silencioso onde as pessoas possam se refugiar em caso de sobrecarga. A flexibilidade em relação ao uso de roupas confortáveis, calçados e acessórios de regulação (fones canceladores de ruído, por exemplo) também contribui para o bem-estar durante o evento.

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As festividades podem ser uma oportunidade para conscientizar os demais sobre as diferentes formas em que podemos  comunicar respeito  e carinho. É importante reconhecer que abraços e beijos podem causar desconforto, e que algumas piadas e brincadeiras podem não ser engraçadas para todos. 

Algumas vezes, é preciso entender que a recusa em tirar fotos com o grupo ou participar de uma situação específica do evento não significa que a pessoa autista não goste dos colegas ou não esteja comprometida com a equipe, mas tão somente que não consegue lidar com essa demanda naquele momento. 

Outras ideias interessantes são o uso de crachás com nomes e informações relevantes para facilitar  o reconhecimento entre pessoas que não se veem com frequência, e cartões com mensagens escritas previamente, proporcionando uma forma alternativa e inclusiva de comunicação. 

O sentido das celebrações  de final de ano nas empresas  vai muito além das adaptações para pessoas neurodivergentes. Ele abrange a compreensão de que cada indivíduo enfrenta suas próprias batalhas e se estende para aqueles que estão  distantes de seus entes queridos ou passando por desafios pessoais. Um gesto gentil pode fazer toda a diferença.

 Ao criar ambientes inclusivos e acolhedores, nós reconhecemos o valor de cada pessoa e colaboramos para a construção de celebrações verdadeiramente significativas e memoráveis para todos os participantes.

Como tornar as festas de final de ano mais inclusivas?

Por Raquel Del Monde, graduada pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP com residência em pediatria pela UNICAMP. Após ter um filho diagnosticado com TEA, transformou sua carreira na intenção de ajudar outras pessoas com desenvolvimento atípico a receberem um diagnóstico adequado.  Em 2014, Raquel realizou o Treinamento em Psiquiatria da Infância e Adolescência também pela UNICAMP e, desde então, a médica se consolida como uma referência nacional em autismo, TDAH e demais transtornos do neurodesenvolvimento.

Ouça o episódio 168 do RHPraVocê Cast, “Há espaço para emoções no ambiente de trabalho?”. Por que é tão difícil – até mesmo um tabu – falar sobre emoções no ambiente de trabalho? Elas fazem parte de cada nuance da jornada corporativa, afinal, a felicidade e a tristeza, por exemplo, podem ser variáveis que impactam consideravelmente o engajamento, a produtividade e, consequentemente, as finanças do negócio.

Mas como administrá-las? Qual é o papel do líder e do RH em relação às emoções? Para deixar claro que o assunto deve, sim, entrar em pauta nas organizações, o RH Pra Você Cast de hoje conta com uma dupla da Coppead/UFRJ: Paula Chimenti, Professora e Coordenadora do Centro de Estudos em Estratégia e Inovação; e Fernanda Souza, doutoranda e pesquisadora. Confira clicando abaixo:

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Capa: Depositphotos