Inclusão histórica do burnout, ansiedade e depressão na lista de doenças relacionadas ao trabalho reflete as mudanças no mundo do trabalho.
Recentemente, o Ministério da Saúde fez uma mudança importante que impacta diretamente a vida dos trabalhadores brasileiros. Após 24 anos, a lista oficial de doenças relacionadas ao trabalho foi atualizada pela Portaria GM/MS n.º 1.999, de 27/11/2023. Trata-se de uma espécie de “guia” que reconhece quais problemas de saúde estão ligados às atividades profissionais.
As mudanças na legislação são parte dos esforços do governo para manter as políticas de saúde ocupacional alinhadas às necessidades atuais e garantir uma abordagem abrangente para as condições de trabalho e saúde mental.
O mais notável é que agora condições relacionadas à saúde mental foram incluídas nessa nova lista. Transtornos mentais como burnout (a famosa síndrome do esgotamento profissional), ansiedade e depressão foram oficialmente reconhecidas como doenças relacionadas ao trabalho.
Essa atualização é relevante porque reflete a compreensão crescente de como o ambiente de trabalho pode afetar não apenas a saúde física, mas também a saúde mental das pessoas.
Imagine isso como uma resposta do governo às preocupações crescentes sobre o estresse e a pressão no trabalho que muitos profissionais enfrentam.
Os riscos de adoecimento no trabalho transcendem os tradicionalmente reconhecidos como os físicos, ergonômicos, químicos e biológicos. A atualização recente na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho destaca a crescente conscientização sobre os riscos psicossociais e mentais presentes no ambiente profissional. Condições como burnout, ansiedade e depressão refletem a complexidade dos desafios enfrentados pelos trabalhadores modernos.
Esses riscos podem surgir de cargas excessivas de trabalho, pressões constantes e ambientes pouco saudáveis, sublinhando a importância de uma abordagem mais holística na proteção da saúde dos profissionais. A legislação está evoluindo para abarcar essa perspectiva mais ampla, reconhecendo que cuidar da saúde no trabalho vai além do físico, abrangendo aspectos psicológicos que desempenham um papel crucial na qualidade de vida das pessoas.
Essa mudança não só destaca a importância da saúde mental, mas também mostra que as políticas de saúde estão e precisam se adaptar para acompanhar as novas realidades e desafios enfrentados pelos profissionais modernos.
Acabamos de passar pela campanha Janeiro Branco, de conscientização e alerta para os cuidados com a saúde mental e emocional da população, a partir da prevenção às doenças mentais. O tema é muito importante e não pode ser esquecido ao longo do ano. É sempre o momento de se investir na promoção da saúde mental no ambiente de trabalho, o que beneficia não apenas os trabalhadores individualmente, mas também traz vantagens significativas para as empresas.
Organizações que incorporam práticas de saúde mental estão mais alinhadas com questões de responsabilidade social e sustentabilidade, fortalecendo seu compromisso com os princípios de ESG (boas práticas ambientais, sociais e de governança).
Trabalhadores mais saudáveis e engajados geralmente resultam em ambientes de trabalho mais produtivos e equitativos. Além disso, essa abordagem demonstra uma preocupação genuína com o bem-estar das pessoas, fortalecendo a imagem corporativa e a atração de talentos.
Ao reconhecer a importância das dimensões psicossociais da saúde ocupacional, as empresas estão não apenas cumprindo normativas atualizadas, aderentes ao compliance de saúde mental, como investindo no seu ativo mais valioso: as pessoas.
Esse comprometimento não só melhora a qualidade de vida no trabalho, mas também contribui para construir organizações mais resilientes e sustentáveis no longo prazo.
Por Dra. Ana Carolina Peuker, CEO da Bee Touch e diretora de Mercado e Expansão da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV).
Ouça o episódio 181 do podcast RH Pra Você Cast, “A saúde dos trabalhadores está em risco?“. A abordagem das empresas em relação à saúde dos colaboradores traz otimismo. Desde a pandemia, o bem-estar e a qualidade de vida passaram a ser assunto obrigatório nas organizações para que elas se mantenham competitivas. Contudo, será que a prática é tão positiva quanto o debate? Segundo uma pesquisa recém realizada pela Alice, ainda existem muitos gaps a serem corrigidos. Para falar mais sobre o estudo e também a respeito do cenário da saúde do trabalhador para 2024, batemos um papo com Sarita Vollnhofer, CHRO da Alice. Confira abaixo:
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