Questões de segurança são muito importantes até mesmo para quem trabalha em um ambiente de escritório. Um piso escorregadio devido a um vazamento ou à limpeza rotineira, mas que ficou sem o cavalete de sinalização, pode gerar uma queda e resultar desde hematomas a uma fratura exposta ou traumatismo craniano. Um acidente de trabalho sempre evitável.

O alto índice de sinistralidade no ambiente de trabalho é um dos pontos críticos para as empresas, e que pesa na folha de pagamento. O custo com acidentes de trabalho pode variar entre 0,5% e 2,5% na folha de pagamento, o que pode onerar bastante, principalmente no caso das grandes corporações.

De acordo com o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho da Secretaria Especial do Trabalho, a cada 49 segundos ocorre um acidente de trabalho no Brasil. Dados preliminares do Radar SIT, plataforma do Ministério do Trabalho e Previdência, apontam que o Brasil registrou 571.800 acidentes de trabalho em 2021, uma média de 1.566 registros por dia. Desse total, 189.259 casos necessitaram de tratamento por um período maior de 15 dias e 2.487 óbitos foram contabilizados.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), foram registrados 5,6 milhões de doenças e acidentes de trabalho no Brasil. Isso equivale a um gasto previdenciário que ultrapassa R$ 100 bilhões somente com despesas acidentárias, e a perda de 430 milhões de dias de trabalho.

Sem as medidas corretas de prevenção fica muito difícil reduzir esses números. O uso de tecnologias como inteligência artificial (IA) e análise de dados (analytics) podem apoiar as organizações a ficarem em compliance com as exigências de Segurança e Saúde do Trabalho (SST), e auxiliar as áreas de Recursos Humanos a atuar preventivamente, diminuindo o custo com essas ocorrências.

Todas as informações encaminhadas ao eSocial desenham um cenário do ambiente de trabalho daquela empresa em relação às normas de SST. Na arrecadação do imposto pelo governo, a principal preocupação é identificar aquilo que as empresas estão deixando de cumprir e que pode gerar multas, como o descumprimento de regras do INSS, onde o LTCAT está inserido.

Os dados fornecidos ao eSocial de SST permitem realizar um trabalho de inteligência para prever movimentos de saúde populacional. Dessa forma, é possível reduzir o número de sinistralidades e de afastamentos. Consequentemente, diminuem os custos com afastamentos e indenizações trabalhistas por acidente de trabalho.

Principais indicadores de desempenho de SST

Existem alguns indicadores que, aliados à tecnologia, podem ajudar a realização de um melhor acompanhamento e gestão para evitar os acidentes de trabalho. Eles permitem identificar onde estão as falhas na prevenção e corrigi-las, ajudando na proteção da integridade física dos funcionários e promovendo uma melhor qualidade do ambiente de trabalho.

Total de acidentes relatados – Esse indicador mostra quantos acidentes foram notificados em um determinado período.

Dias sem acidentes – Identifica qual foi o período em que a empresa permaneceu sem acidentes.

Taxa de Gravidade – Esse é um indicador que mensura o tempo perdido com o afastamento de funcionários devido a acidentes de trabalho. Seu cálculo é feito a partir da fórmula TG = (TC x 1.000.000) / HR, sendo TC o Tempo Computado de dias perdidos com os acidentes, e HR as Horas de Exposição ou o total de horas trabalhadas pelos outros funcionários.

Taxa de Frequência – Esse indicador mostra a frequência com que ocorrem os acidentes na empresa. Ele é determinado pela fórmula TF = (N x 1.000.000) / HR, sendo N o número de acidentados.

Total de “quase acidentes” – Esse número deve ser levado em consideração, pois mostra situações que por pouco não resultaram em acidentes de fato. Por exemplo, um escorregão devido a algum vazamento hidráulico, mas sem queda do colaborador.

Nível de produtividade pós-acidente – Esse indicador de desempenho serve para mensurar a produtividade da equipe após o afastamento dos funcionários acidentados.

Doenças ocupacionais – É muito importante monitorar o número de afastamentos devido a doenças laborais como Lesão por Esforço Repetitivo (LER, problemas respiratórios, depressão, burnout, entre outras.

Treinamentos de prevenção de acidentes de trabalho – Uma equipe bem treinada colabora para reduzir o índice de sinistralidade no ambiente de trabalho.

Na área da saúde o ditado “a prevenção é o melhor remédio” se encaixa perfeitamente. A tecnologia atual já nos permite realizar um trabalho efetivo de prevenção sem a necessidade de um especialista para avaliar o cenário da empresa, mas fazendo a leitura correta dos dados.

A cada 49 segundos ocorre um acidente de trabalho no Brasil

Por Renan Soloaga, CEO da Indexmed, responsável pela direção executiva e de inovação tecnológica na plataforma digital de gestão da saúde e segurança ocupacional. Formado em Comunicação Social (UEL) e MBA em Tecnologia da Informação e Internet (Uninove), teve passagens como analista de negócios e sistemas em empresas líderes de mercado como Micelli Soluções em Saúde Empresarial e Mantris Saúde Corporativa Integral, onde se especializou em tecnologia para gestão da saúde e foi responsável pelos projetos das maiores empresas do Brasil para integração com o eSocial.

Para mais informações sobre saúde no trabalho, ouça o episódio 90 do PodCast do RHPraVocê “Burnout como doença do trabalho: o que muda?“. Entrevista com Marcela Ziliotto, Head de People na Pipo Saúde, e José Ricardo Amaro, Diretor de RH da Ticket. Clique AQUI.

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Capa: Depositphotos