Nos últimos anos, temos testemunhado uma rápida evolução no setor da inovação corporativa, impulsionada por uma combinação de avanços tecnológicos, mudanças culturais e a necessidade crescente das empresas de se adaptarem a um mercado em constante transformação. Nesse contexto, a área de inovação emerge como um campo vibrante e promissor para profissionais ambiciosos.
Quando olhamos para o mercado e para pesquisas como a Innovation Survey, realizada anualmente pela ACE Cortex, com o objetivo de realizar uma fotografia do panorama atual da inovação no Brasil, conseguimos perceber tendências e alguns cases de sucesso que estão moldando o que conhecemos e os profissionais que estão na linha de frente no setor de inovação das companhias.
Partindo dessa premissa, alguns pontos se apresentam como preponderantes e estão cada vez mais presentes. São eles:
1. Capacitação das lideranças
Uma das tendências mais marcantes no setor de inovação é a necessidade de preparar as lideranças para impulsionar o sucesso de novos produtos e ideias. Segundo a pesquisa da ACE Cortex que entrevistou mais de 120 c-levels e gestores de companhias com faturamento anual de até R$ 10 bilhões, menos de um terço dos executivos (31,25%) acredita que a liderança está “preparada” ou “muito preparada” para conduzir a empresa a um futuro mais inovador.
A grande maioria (64,06%) dos respondentes avaliaram que os líderes não estão nem preparados, nem despreparados, mostrando que na maior parte das empresas a cultura de inovação, apesar de abordada, na prática ainda não é executada. Isso destaca a importância do desenvolvimento de habilidades gerenciais e estratégicas alinhadas com os princípios da inovação.
Para destravar valor com inovação, é necessário mais do que apenas a conscientização de que precisamos inovar. Existem poucos líderes que não entendem a importância deste tema. Os maiores obstáculos estão na criação de um plano claro para que isso aconteça, bem como uma governança que permita que a organização dê os passos necessários na direção dos resultados.
2. Governança Estratégica
A falta de governança foi identificada como uma das principais dificuldades na execução de projetos de inovação. A governança de inovação envolve a sistematização dos processos e práticas relacionadas à inovação em todas as etapas. Uma boa prática para profissionais de inovação é conhecer de perto como diferentes empresas estruturam suas iniciativas de inovação, de forma a imergir verdadeiramente na cultura da governança.
Cerca de 70% dos entrevistados da pesquisa citada acima afirmaram que falta uma estratégia e preparo da liderança sobre qual direção seguir. Isso confirma que ainda prevalece a velha dinâmica em que o líder cria um projeto a partir de “achismos” e convicções próprias enquanto o time executa.
3. Descentralização da Inovação
A descentralização da inovação dentro das organizações significa que as empresas estão adotando modelos mais flexíveis, com múltiplas áreas dedicadas à inovação, como novos negócios, inovação aberta e investimentos.
Essa abordagem diversificada permite uma resposta mais ágil às demandas do mercado e estimula a criatividade em diferentes setores da empresa. Essa tendência é observada em empresas como a Ambev, que adotam estruturas multifacetadas para promover a inovação em toda a organização.
4. Colaboração na Inovação Aberta
A colaboração com startups e pesquisadores é uma estratégia eficaz para impulsionar a inovação. Por meio de parcerias com o ecossistema de inovação, as empresas podem acessar novas ideias, tecnologias e modelos de negócios, encurtando o ciclo de inovação e aumentando sua competitividade.
Para basear esse fato, a Innovation Survey 2023 aponta que 40,62% das empresas esperam aumentar seus mercados de atuação. Por isso, é possível observar um número crescente de companhias que entendem que precisam modificar seus modelos de negócio, buscando vantagem competitiva.
Essa tendência é evidente em empresas como a Oxygea, que atua como um HUB de inovação da Braskem, conectando corporações a startups e gerando valor para ambas as partes.
(Innovation Survey 2023)
5. Cultura de Inovação e Mindset Inovador
Uma tendência crucial é a promoção de uma cultura de inovação dentro das organizações. Isso vai além de simplesmente implementar processos e envolve uma mudança cultural profunda, onde a experimentação, a criatividade e a tolerância ao erro são valorizadas.
Pode-se observar que essa tendência é vivenciada em empresas como a Raízen, que investe em hubs de inovação e programas de incentivo à criatividade, buscando soluções para os desafios do mundo real. Abaixo, listo alguns benefícios para quem está inserido nesses projetos:
Para as corporações:
- A inovação deixa de ser um departamento isolado e se torna um tecido que permeia toda a organização.
- A liderança se torna um catalisador da inovação, criando um ambiente propício para a experimentação e a criatividade.
- A governança estratégica garante que a inovação seja direcionada e gere resultados tangíveis.
- A colaboração abre portas para novas ideias, tecnologias e modelos de negócios.
- Uma cultura vibrante de inovação atrai e retém os melhores talentos, impulsionando a competitividade e o sucesso.
Para os profissionais de inovação:
- As oportunidades de carreira se multiplicam em áreas como liderança, governança, descentralização, colaboração e cultura.
- Habilidades como pensamento crítico, criatividade, resolução de problemas e comunicação se tornam cada vez mais requisitadas.
- A capacidade de se adaptar a diferentes ambientes e colaborar com equipes multidisciplinares é essencial para o sucesso.
- A busca por aprendizado contínuo garante que os profissionais de inovação estejam sempre atualizados com as últimas tendências e tecnologias.
Em suma, as tendências em carreiras de inovação representam uma oportunidade única para empresas e profissionais se reinventarem e prosperarem em um mundo em constante mudança.
Em suma, fica o convite para abraçar a transformação, colaborar com ousadia e construir um futuro mais inovador e sustentável para todos. Esse será um caminho sem volta.
Por Miguel Nahas, co-founder e CEO da Future Dojo, edtech de inovação e negócios da investidora early-stage ACE Ventures. Nahas atuou já atuou como executivo na consultoria ACE Cortex, realizando o processo de inovação de grandes empresas como BTG Pactual, Renner, Eneva e BRF, além de ter sido Diretor e Conselheiro no movimento de empresas juniores, como na Projec, Núcleo Unicamp e FEJESP (Federação das Empresas Juniores do Estado de São Paulo).
Ouça o RH Pra Você Cast, episódio 146, “Upskilling e Reskilling: os caminhos para a autoaprendizagem“. O “Global Sentiment Survey”, uma das pesquisas mais importantes destinadas ao público de treinamento & desenvolvimento, trouxe uma nova atualização sobre as tendências e preocupações globais dos profissionais do setor. O que não mudou em relação a 2022, porém, foi a primeira colocação entre os temas que a comunidade de T&D enxerga como os de maior atenção para a área – e o topo segue com Reskilling/Upskilling. Apesar de serem palavras já disseminadas, quais suas particularidades? Como as empresas estão enxergando (e aplicando) os conceitos? Qual o caminho para a autoaprendizagem? Falamos sobre tudo isso nesse episódio do RH Pra Você Cast, e quem nos guiou foi Mari Achutti, fundadora e CEO da Sputnik. Acompanhe clicando no app abaixo:
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