Juventude “nem-nem” pode condenar o futuro do país. Dados publicados recentemente mostram que o Brasil chegou a menor taxa de desemprego desde 2014 – 8% da população. O índice, associado à alta no rating do País para investimentos vindos do exterior e à baixa na inflação, contribuirá para a redução dos juros internos pelo Banco Central, o que já é uma expectativa de todos os analistas e da população.
Entretanto, essa “chuva” de boas notícias na economia macro (externa) e micro (interna) não tem tido, de certa forma, grande efeito no país em razão ao grande número de jovens que “nem estuda, nem trabalha”.
A expressão “nem-nem” atravessou fronteiras. Segundo o relatório Education at a Glance, publicado em 2022 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), na faixa etária entre 18 e 24 anos, 37 países tinham jovens que figuravam nesta condição, sendo que o Brasil estava na 2ª colocação, ficando atrás apenas da África do Sul.
O Brasil vive hoje um cenário único. Há uma geração de jovens, entre 15 e 29 anos, composta por mais de 50 milhões de pessoas. Apesar deste bônus demográfico, em contrapartida, o alto índice de jovens “nem-nem”, que representa 36% deste total, não dá conta de que em breve toda esta população estará desqualificada e despreparada para produzir e gerar renda, fato que representará um custo alto para o país no que se refere às políticas assistencialistas ou políticas de segurança pública.
Este problema merece toda atenção e gera preocupação, pois se trata de um país em desenvolvimento. Ao que tudo indica, se tudo continuar como está, em breve o país terá uma geração que não será capaz de sustentar a população mais velha.
Dessa forma, é urgente que toda a sociedade brasileira encare essa parcela da população e exija políticas públicas específicas para a juventude, pois além das dificuldades já conhecidas, como o alto índice de desemprego dos jovens, os efeitos da pandemia da Covid-19 agravaram a situação para essa parcela da população, que apresentou uma evasão escolar com altos índices.
O Brasil não dispõe de uma política nacional para a juventude que estabeleça ações articuladas e que proporcione oportunidades de formação profissional para todos ou promova uma educação de qualidade que possibilite o prosseguimento dos estudos.
Por essa razão, é essencial que o estado reverta o problema por meio de políticas públicas estimulantes e que criem oportunidades para o ingresso no mundo do trabalho.
O grande problema identificado atualmente é que os jovens não se interessam pelos estudos, por não terem interesse pelas matérias aplicadas e por não enxergarem um futuro a partir delas.
A reforma do Ensino Médio, que vem sendo implementada desde o início de 2023, possibilitará que ele escolha uma trilha, um curso profissionalizante, que poderá servir de estímulo. Isso significa que a educação pode ficar mais contextualizada, pois, por um lado, o jovem estará aprendendo o que realmente deseja e, por outro, permitirá que as empresas contratem a juventude, o que ajudará o Brasil a reverter este quadro.
A reforma vai atingir apenas uma parte da população que está no ciclo de estudo. É relevante que este grupo populacional importante não seja considerado perdido, ou estaremos desperdiçando mais do que uma geração.
Estaremos determinando como perdida uma batalha de valorização social do trabalho e de efetiva capacidade produtiva. E a distância da evolução tecnológica quando comparada com a evolução de capacidade produtiva e social de um país pode inviabilizar de vez o outrora considerado país do futuro.
Por Francisco Borges, mestre em Educação e consultor da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT).
Ouça o episódio 155 do RH Pra Você Cast, “O impacto da Geração Z nas relações de trabalho“. Pela primeira vez, quatro gerações dividem o mesmo ambiente de trabalho no mundo corporativo. Uma delas, a Geração Z, tem trazido diversas transformações e reflexões ao mercado de trabalho. Mas será que as empresas, líderes e RH conseguem entender o que esses jovens buscam e almejam para suas carreiras? O que tudo isso exige de revisão por parte da gestão de pessoas e como se tornar um “parceiro estratégico” desses profissionais? No episódio de hoje, conversamos com a doutora especialista em Geração Z, Thaís Giuliani, também consultora, mentora, escritora e criadora da Geração Zimago. Acompanhe:
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