Líderes e executivos de organizações, em especial profissionais de Recursos Humanos, são frequentemente convidados ou convocados para proferir palestras, participar de eventos, congressos e seminários, compartilhando técnicas, ideias implementadas nas suas organizações, além de participarem de entrevistas, lives, eventos em geral.

Faz parte das atividades do profissional que cuida de gente falar sobre gente, sobre sua saúde, suas condições de trabalho, sobre seu desenvolvimento, seus problemas e as melhores práticas adotadas atualmente diante de um cenário dinâmico, diverso e incerto.

A questão que levanto é simples: caso convidado(a) para apresentar uma palestra ou falar em nome da empresa em um evento, como é sua reação? Está preparado para dar um show?  Ou prefere fugir, dizendo que não se sente bem diante de um público virtual ou presencial?

Tenho lidado com profissionais de todas as áreas das organizações, principalmente com líderes, e confesso que, em relação aos colaboradores de outras áreas, os profissionais de Recursos Humanos são os mais requisitados para fazer uso da palavra, fruto da própria natureza do trabalho de cuidar de pessoas desde o primeiro contato quando estão à procura de uma vaga até o dia do desligamento da empresa.

Muito embora os profissionais de RH tenham mais facilidades, percebo que muitos deles necessitam de métodos ou práticas para falar em público, pois há algumas falhas como: ausência de planejamento, prolixidade, falta de emoções na expressão na voz e no corpo, dificuldade para estruturar e roteirizar uma linha de pensamento e dificuldade para engajar a audiência.

Sem a pretensão de esgotar o assunto, mas de propor uma reflexão a respeito, apresento alguns pontos que, no meu entender, são cruciais para quem deseja romper barreiras de timidez, ansiedade e falar com calma, técnica, naturalidade e elegância em qualquer situação, desde uma entrevista, participação em reuniões, apresentação de projetos na empresa, sessões de coach e mentoria, negociações e realizações de palestras internas ou em eventos externos.

O primeiro deles é ter um método que funciona. Melhor que sair por aí falando o que vem à cabeça sem uma estrutura e congruência, podendo colocar em risco sua reputação e a da empresa que você representa.

Um bom método é o sistema que criamos, chamado Metodologia F.A.L.A.R., que consiste em uma sequência de passos para alcançar o resultado esperado.

Tais passos começam pelo F de Finalidade, ou seja, toda vez que for fazer uma palestra, aula ou apresentação de um projeto, ter clareza do objetivo a ser atingido.

Segundo passo, a letra A, de Análise, que significa uma aferição das forças positivas e negativas que favorecem ou dificultam uma apresentação, por exemplo, como positivas, fluência verbal, extroversão, gramática correta, voz com bom timbre e boa dicção e como negativas, tende a falar demais, possui vícios de linguagem, fala de forma linear, não sabe como estruturar uma linha estratégica de raciocínio.

A partir desse levantamento, se faz um plano de ação para reforçar os pontos fortes e corrigir as limitações.

Na sequência, a letra L, que significa Lapidação, momento no qual se estabelece uma série de exercícios para se corrigir as limitações, precedidos de práticas geradoras de hábitos para se estabelecer um novo e mais elevado patamar de atuação.

Depois disso, novamente a letra A, que significa Avaliação, fase na qual se faz uma aferição do progresso conseguido. Se os exercícios e práticas foram suficientes, atingiu-se o R, última letra, que significa Resultado, fechando o circuito da metodologia F.A.L.A.R.

Outro método é o estudo das 7 dimensões da Comunicação Verbal, estudando e aprimorando cada uma das etapas do processo dessa metodologia, que são:

  • 1 – Dimensão Intrapessoal, que abarca o autoconhecimento, autoestima, consciência dos seus valores, propósito, crenças e compromissos.
  • 2 – Dimensão Interpessoal, caracterizada pela percepção das diferenças de cada tipo de personalidade, do temperamento e qualidades das pessoas com as quais se relacionam para poder se flexibilizar e conviver e falar com segurança para cada tipo de pessoa.
  • 3 – Dimensão Vocal, estudando-se nesse ponto as qualidades da voz, como volume, tonalidade, velocidade, pausas, musicalidade e teatralização, sendo elementos responsáveis para se dar vida e emoção à fala.
  • 4 – Dimensão Corporal, abrangendo toda a parte da comunicação das mãos, da expressão facial, do olhar, da postura, da elegância, aparência, estilo e presença.
  • 5 – Dimensão Técnica, absorvendo os principais conhecimentos relacionados ao mundo da tecnologia e dos recursos que farão parte da apresentação, tais como projetor de multimídia, PowerPoint, iluminação, sonoridade, movimentação do pessoal,
  • 6 – Dimensão Intelectual, considerando aí a estruturação do pensamento, a estratégia a ser adotada em função do público-alvo, tempo, clareza do tipo de apresentação e dos objetivos a serem conseguidos. Inclui-se a contação de histórias, exemplos, metáforas e recursos adicionais para facilitar a compreensão dos ouvintes.
  • 7 – Dimensão Espiritual, abrangendo valores, ética, responsabilidade social princípios, direcionando o apresentador ou palestrante de Recursos Humanos para a prática do bem comum, de prestar serviços e ter a humildade para compreender que ninguém é superior a ninguém, apesar de várias tentativas de se superar.

De posse apenas disso, você já poderá obter resultados melhores nas suas apresentações.

Um outro sistema também útil para essa reflexão, é apoiar-se em um estudo chamado Alinhamento de Níveis Neurológicos. Compõe-se de uma série de etapas para você avaliar até que ponto está ou não preparado para falar com maestria.

Primeiramente se analisa o ambiente, quem estará presente, onde será a apresentação, quando acontecerá o evento.

Na sequência, levanta-se os comportamentos que serão necessários para uma boa apresentação, envolvendo-se aí tudo o que será necessário para a atuação nos contextos analisados no ambiente.

Após isso, quais as competências já existentes e as que faltam para se fazer uma boa apresentação. Se já são suficientes, ótimo, mas essa fase te ajuda a mensurar o que falta para te estimular a buscar os recursos necessários, por meio de cursos, livros, aprendizados de técnicas para esse objetivo.

Em seguida, avalia-se as crenças positivas e negativas que favorecem e dificultam essa atividade. Se as crenças são limitantes, talvez seja o momento de se fazer as mudanças necessárias para se fazer a atividade. Se por exemplo, as crenças forem do tipo: acredito que posso, que sou capaz, tudo fica mais fácil, porque nada como se acreditar em algo para que seja conseguido, pelo contrário, se as crenças forem negativas, do tipo, não vai dar certo, não vou conseguir, automaticamente tudo converge para não dar certo.

Outro recurso relevante é a habilidade de contar histórias, usar exemplos, metáforas, explicações com comparações, facilitando a compreensão da audiência sobre o que você quer transmitir. Nada como uma boa história para explicar algo e facilitar o entendimento daquilo que quer transmitir.

Para finalizar, saliento a importância do exercício. É praticando que se aproxima da perfeição e da excelência. Quanto mais ousadia houver para fazer apresentações, em vez de fugir, de participar de lives, entrevistas, proferindo discursos, ensinando, ministrando treinamentos, dando aulas ou outras atividades que promovem o contínuo aprimoramento.

Reinaldo Passadori, Professor de Oratória e Escritor, Mentor, fundador e CEO da Passadori Comunicação, Liderança e Negociação. Adaptação do seu livro ‘Quem Não Comunica Não Lidera’ – Ed. Passadori. É um dos colunista do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.