Estamos diante de um momento bastante desafiador, no qual notícias de todas as partes surgem de maneira desencontradas e alarmantes. É como se tivéssemos que enfrentar um inimigo invisível, com superpoderes desconhecidos, e muito rápido. Frente a isso, claro que algumas emoções aparecem de forma muito intensa, gerando um grande mal-estar para todos. O que fazer diante de algo que não se sabe de onde vem, como vem, quais as consequências, quais os sintomas e quanto tempo vai durar.
Com todas essas incertezas e inseguranças, temos a possibilidade de testar nossa inteligência emocional, o que nos ajuda a ficar mais conectados com a realidade da situação, sem entrar em pânico, mas também sem desconsiderar a gravidade.
O que fazer para manter a serenidade necessária? Não é o meu objetivo dar uma receita de algo pelo qual nunca passamos, mas compartilho o que acredito ser um caminho:
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Buscar o significado em meio a essa turbulência: o que estou aprendendo? O que precisamos aprender?
Só neste ponto há vários aspectos a serem considerados: por exemplo, qual o valor real das coisas? Em um momento como esse é que se observa que, de um momento para o outro, tudo muda… as necessidades supérfluas ficam evidentes e o que precisamos é saúde, alimento e um local para nos obrigar. Aquelas necessidades básicas de que Maslow já falava. Ficamos com vontade de abraçar, beijar e não podemos. Talvez seja para dar valor ao contato físico com outro ser humano e não pregar tanto os olhos no celular, como vínhamos fazendo até então. Até parece que o Universo resolveu pregar uma peça. Vocês não estavam preferindo o celular, não estavam se isolando? Pois então, agora divirtam-se! A pressa que nos fazia não parar para pensar, não parar para nos olharmos, está dando lugar à obrigação de ficar em casa e olhar… olhar para os filhos, para o(a) companheiro(a) e talvez enxergar coisas que até então não estavam sendo vistas.
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Buscar a natureza como um caminho de cura
Interessante que o contato com os nossos pets não faz mal e nem a troca energética com as árvores, flores e plantas em geral. Ou seja, parece que algo mostra que as relações tóxicas entre humanos podem viralizar e chegar a matar, mas isso não acontece com a natureza. A natureza acolhe e cura. É um momento para pensar e repensar o nosso abandono e maus tratos para talvez a única ‘mãe’ que realmente temos e que nos pode salvar, a “Mãe Natureza”.
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Aproveitar o tempo para meditar, rezar, cantar, estar presente no corpo
A correria é tanta que não lembramos que temos corpo, que temos o dever de cuidar dele. Afinal, o corpo é a nossa casa e parece que sempre retocamos por fora e nunca por dentro. Não temos tempo para meditar, para rezar, para cantar, para comer, para dormir. E o pior é que esse vírus ataca quem tem uma baixa imunidade, ou seja, alguém que, por algum motivo descuidou da sua casa e não se alimentou direito, não dormiu bem, não cuidou dos seus pensamentos negativos e também não chacoalhou os ossos, seja em uma dança, seja em uma academia, seja andando, ou nadando.
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Reconhecer a emoção que está sentindo e levar razão a ela
Ou seja, é medo? É angústia? É ansiedade? O que é possível fazer nesse momento? Leve a razão para essas emoções. O que se deve fazer é o que as autoridades médicas nos pedem. Além da higiene, ficar em casa o máximo possível para evitar o contágio. Se é isso que pode ser feito, é o que se deve fazer, sem alarde, sem desespero e sem aumentar fatos, gerando terrorismo. Respirar fundo quando vier a ansiedade, lembrar que não há o que fazer, a não ser algo que é muito mais importante que tudo: pensar em todas as outras pessoas e se cuidar, não para si, mas para os outros. Talvez aí exista uma outra lição importante… na medida que eu cuido dos outros, cuido de mim. Que bela maneira de sair do egoísmo e do individualismo que vinha tomando conta das nossas vidas, não?
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Usar o tempo e a mente para produzir, aprender, a desenvolver-se
Ficar preso ao problema, não fará com que se resolva mais rápido. Esse vírus, assim como as situações desafiadoras em geral, tem seu tempo de maturação, tem seu ciclo. E, como todo ciclo, primeiro ele fica encubado, depois se manifesta, se expande, até terminar. Não adianta querer pular etapas desse caminho. O que podemos, talvez, é encurtá-las, seguindo as orientações, mas, enquanto estão no seu curso, continuar sendo produtivo, colocando a mente para aprender coisas novas, desenvolver novos projetos, fazer cursos online, aprender brincadeiras com os filhos, enfim, deixar a mente produzindo coisas boas, sem permitir que fique presa a pensamentos negativos e lixos tóxicos que geram emoções negativas.
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Ajudar quem precisa
É o momento em que ajudar, colaborar, cooperar, vem antes dos resultados custe o que custar, tão conhecidos nesse nosso mundo VUCA (veloz, incerto, complexo e ambíguo). Pequenas grandes coisas estão surgindo, desde fazer compras para pessoas que estão precisando e são do grupo de risco, portanto com maior dificuldade de sair de casa. Conversar por telefone com pessoas que estão se sentindo mal pelo isolamento, propondo-se a desenvolver conversas positivas. Ficar com as crianças de quem está com algum tipo de situação impeditiva, mas, especialmente, abrir-se para colaborar no que for preciso.
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Resgatar a fé e a intuição
Talvez algo que perdemos, a fé. Tantos números, prédios, empresas, reuniões, pressões, que nem sabemos mais o que é ter fé, porque só acreditamos no que é absolutamente palpável (e talvez por isso estejamos tendo tanta dificuldade em acreditar e lidar com algo que não é palpável). Esquecemos o poder da fé e da nossa intuição. Choramos pelo cancelamento de um evento e esquecemos a importância da nossa intuição gritando que o evento poderia destruir inúmeras famílias.
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Apreciar colocar o pé no breque e desenvolver inovadoras soluções
Todos nós teremos que aprender coisas de outra forma, vamos reinventar nossas atividades, nossas necessidades de reuniões, formas de deslocamento, alimentação, prazer, enfim, serão tempos novos, onde o novo e a flexibilidade não são opções, são necessidades imperiosas. Menos deslocamentos e mais ações, mais foco e maior produtividade, utilizando a tecnologia a nosso favor, como sempre deveria ter sido.
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Por fim, tudo passa
Assim como tudo na vida, esse momento difícil também vai passar. Não se sabe quando, mas vai passar e essa certeza cria um alento, uma paz e um olhar para a grande sabedoria da natureza: que tudo tem um ciclo, assim como o sol que nasce e se põe, assim como as marés que vem e vão, assim como a chuva que vem e passa.
O mais importante é chegar ao fim de tudo isso e saber que valeu a pena… que aproveitamos cada minuto dessa desafiadora fase para sermos “seres” melhores, mais presentes, mais conectados uns aos outros e, talvez, quem sabe, mais felizes por nos termos dado conta do que realmente vale a pena.
Por Profa. Dra. Fátima Motta, Sócia-Diretora da FM Consultores. É uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.