Boa parte da força de trabalho em uma organização recebe ordens, enquanto uma parcela menor faz a gestão de tais ordens e uma parcela menor ainda cria as ordens.

Nesta cascata de comando é comum atribuir o pensamento estratégico ao topo da companhia, deixando para as camadas inferiores a tarefa de execução, criando a ilusão de que cabe somente aos cabeças da organização a função de refletir sobre o negócio.

Contudo é realmente muito importante que a capacidade de se pensar estrategicamente ocupe todas as mentes, principalmente aquelas que estão a serviço de um trabalho.

Da mesma forma que os executivos tem objetivos a alcançar, gerentes, coordenadores, analistas, trainees e estagiários também têm. Podemos, inclusive, levar esta análise para um pouco mais longe, a sua própria casa. Nela, tarefas precisam ser executadas, desafios vencidos (às vezes bem maiores que no próprio emprego) e projetos devem ser concluídos.

Ao manter uma mente puramente operacional corre-se o risco de se tornar um robô executor com uma programação que nunca se atualiza. Esta situação torna-se ainda mais desafiadora para aqueles que estão almejando subir de cargo e, assim, se aproximar cada vez mais da necessidade de um pensamento com maior amplitude, mais inclusivo, mais profundo e reflexivo.

Mesmo que você não almeje subir na carreira em direção aos altos cargos, o pensamento estratégico lhe deixará melhor preparado(a) para se adaptar e resolver problemas. Uma das características essenciais desta qualidade de pensamento é a capacidade de parar para observar. Quando esta atividade é realizada com competência ganha-se perspectiva, torna-se possível ver diferentes alternativas. É como se o peixe pudesse sair da água e olhar o lago por cima, tendo uma visão mais ampla de seu lugar de atuação.

Pode parecer fácil, contudo, parar para observar é uma das tarefas mais desafiadoras, principalmente para quem trabalha próximo ou na operação em si.

Por onde começar?

Responda as perguntas a seguir:

  1. Você para para organizar seus pensamentos?
  2. Com que frequência você para para fazê-lo?
  3. Qual o resultado alcançado depois que se organiza seus pensamentos?

Se parar para organizar seus pensamentos é parte de sua rotina, saiba que você já está vários passos na frente de muitos colegas.

O simples parar para pensar, sobre o que se pensa, conhecido como meta-cognição, lhe dá uma perspectiva sobre a vida e sobre o que você faz. Contudo, não basta fazê-lo uma vez ou outra, deve haver uma frequência e uma estrutura para que se possa extrair benefício deste processo.

Para quem está começando nesta caminhada do pensamento estratégico, recomendo que experimente criar um ritual. A cada salário recebido faça o reconhecimento de seu próprio valor.

No dia em que a grana entrar na conta, pare por pelo menos 15 minutos para organizar seu pensamento. Tenha na sua agenda este espaço de tempo reservado.

Sobre o que você vai pensar nesses 15 minutos?

  • Visão

Sobre a visão que você tem de sua própria vida. Acredite, muitas pessoas, mesmo com décadas nas costas, nunca pararam para escrever sobre o que pensam e o que  esperam da vida. Escreva, coloque a data e na próxima vez que você parar para olhar este tema novamente, veja se algo mudou e o quanto você validou essa visão.

  • Declaração

O segundo ponto de sua reflexão será sobre sua declaração. Esta deve conter um compromisso pessoal quanto a uma conquista que você está buscando. Pode ser desde um novo celular a uma casa nova, ou ainda a um novo cargo e até mesmo um novo emprego. Tenha isso por escrito e atrelado a um tempo para que você possa acompanhar sua evolução.

  • Valores

O terceiro tópico trata daquilo que é importante para você. Na medida que vamos envelhecendo e, assim, ganhando experiência, mudamos de opinião sobre o que é importante em nossas vidas. Contudo, podemos melhorar a qualidade de nossos valores pessoais quando nos permitimos analisá-los. Esta etapa trata disso, de olhar para seus valores e refletir sobre o quanto você os tem praticado e o quanto eles estão alinhados com a empresa em que você trabalha. Se esta será a primeira vez que colocará seus valores por escrito, sugiro que os tenha à mão e os compare ao máximo de decisões que você considera importante. Tanto decisões sobre sua vida pessoal como sua vida profissional.

  • Acordos

O último tópico a se pensar é sobre os acordos que você tem feito ou que deveria fazer. Principalmente no ambiente de trabalho, independente de sua função e cargo, ser proativo e proativa na busca de acordos e combinados é fundamental. Analise o quanto você está deixando de ganhar e produzir simplesmente porque não parou para conversar com seus colegas, pares e líder. Como fala o dito popular: O que é combinado não é caro.

Uma vez adotado o pensamento estratégico sua capacidade de cuidar de diferentes temas evoluirá, principalmente frente às encruzilhadas da vida e as intempéries das mudanças avassaladoras de nosso momento histórico. Experimente e persista na construção desta rotina. O mínimo que lhe poderá acontecer é ganhar melhor perspectiva sobre a vida e um afastamento sadio do modelo robótico de fazer as coisas.

Sucesso em sua jornada.

Tiago Petreca, diretor fundador e curador chefe da Kuratore – consultoria de educação corporativa, Country Manager da getAbstract Brasil e autor do Livro “Do Mindset ao Mindflow”. É um dos colunistas do RH Pra Você. Foto: Divulgação. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista.