A imprevisibilidade do cenário econômico-financeiro pós pandemia, agravado pelo conflito Rússia e Ucrânia já no sexto mês, e ainda pelas disputas políticas internas e externas, está a exigir uma administração super ágil das empresas para acompanharem as mudanças cada vez mais velozes dos mercados.
O momento impõe a alocação dinâmica dos recursos materiais e humanos, com orçamentos flexíveis e metas dinâmicas, além de uma gestão estratégica ajustada em tempo real, com decisões fundadas em “business intelligence”.
A grande dificuldade num cenário muito oscilante do mercado é dimensionar e qualificar adequadamente os recursos humanos, que representam um custo fixo, enquanto a renda é incerta. Quando o volume de vendas cai, o peso desse custo pode ser excessivo; e quando aumenta, os recursos podem ser insuficientes! Esse fato é mais grave quando os recursos estão dispersos em várias localidades, onde pode ser excessivo em umas, e insuficiente em outras.
Para suportar essas demandas, o RH necessita possuir visão detalhada das competências requeridas e das existentes (skills gap) para ajustar os recursos às necessidades atuais e, eventualmente, as futuras. Esse ajuste implica em treinamento, aquisição de talentos, e talvez em dispensas dos inadequados a curto prazo.
Vivi esse problema numa empresa de TI, com elevado custo fixo de mão de obra dispersa pelo país, e demanda bastante oscilante. A solução adequada foi criar pools por tipo de capacidade, que seriam alocados a projetos conforme a demanda. No caso em questão, os pools foram ciados com profissionais de toda a América Latina, e a possibilidade de trabalho remoto foi muito oportuna.
A solução ideal é possuir um “colchão” de recursos não fixos que possam ser mobilizados conforme a demanda, o que é possível através de contratos de outsourcing com empresas especializadas, e que hoje estão disponíveis para quase todas as especialidades.
Conheci um caso em que uma indústria de materiais elétricos treinou presidiários em atividades simples, o que utilizava como mão de obra flutuante e sem encargos trabalhistas, contratando-os quando a demanda excedia os recursos fixos.
Para exercer plenamente sua função, os responsáveis por RH precisam estar preparados para participar do planejamento empresarial com igualdade e em parceria com as demais diretorias e entender dos negócios da empresa para adequar os recursos humanos aos objetivos empresariais, além de definir as políticas de administração de pessoas e os recursos orçamentários para viabilizar tais políticas, desenvolver gestores e líderes para gerir os quadros funcionais conforme planejamento de desempenho individual, e monitorar o clima organizacional como resultado dessa gestão.
Há muito tempo Recursos Humanos deixou de ser uma atividade meio. Hoje é atividade fim, e importante protagonista na gestão das empresas.
Vicente Graceffi, consultor em desenvolvimento pessoal e organizacional. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.