A adoção de inteligência artificial pode adicionar 4,2 pontos percentuais de crescimento ao PIB brasileiro até 2030, isso em um cenário de benefício máximo onde empresas e governos utilizem a tecnologia para expandir operações e o mercado de trabalho adote todas as suas funcionalidades disponíveis.

Segundo o estudo “A Inteligência Artificial (IA) ​​na era da COVID-19: Otimizando o papel da IA ​​na geração de empregos e crescimento econômico no Brasil”, conduzida pela consultoria americana FrontierView a pedido da Microsoft, a tecnologia tem um imenso potencial de transformar os negócios e a sociedade, mas, para que isso seja possível, precisa ser conduzida de maneira ética, responsável e que seja acessível a todos.

Conforme resume Cristiane Carvalho, diretora de Recursos Humanos da Microsoft Brasil, em entrevista ao RH Premium Digital, “sem capacitação, sem que as pessoas possam se sentir confortáveis em utilizar a tecnologia, sem ser um meio para um fim, ela não é eficaz”. E esse tem sido um dos principais focos da companhia nessa seara.

Essa jornada também expõe desigualdades sociais e de gênero, sendo grandes desafios para que o Brasil possa se beneficiar de todas as oportunidades. “Se a gente não capacitar as pessoas, vamos acentuar as desigualdades sociais, e não só no Brasil, e não vamos conseguir (empresas, instituições e Governo) avançar na agenda de transformação, porque não haverá força de trabalho para fazer isso”.

Para endereçar os desafios, a Microsoft lançou, por exemplo, o programa “Microsoft Mais Brasil”, um plano abrangente que irá apoiar o crescimento inclusivo por meio de tecnologia, programas de sustentabilidade e qualificação para até 5,5 milhões de brasileiros.

“A transformação digital começa na transformação da educação, então a gente tem um olhar começando com a escola; outro para a mão de obra atual e como habilitá-la; e um terceiro em como capacitar e atrair a participação de mulheres na tecnologia”, destaca Cristiane. Acompanhe um trecho da conversa:

RH Premium: Como a gestão de pessoas da Microsoft tem contribuído e impulsionado a cultura de transformação digital da companhia? A pandemia acelerou essa transformação? E como envolver os colaboradores nesse processo?

Do ponto de vista interno, a Microsoft já vem se transformando há uns cinco, seis anos desde a chegada do novo CEO, Satya Nadella, e a transformação começou com uma reformulação, uma ressignificação da missão e do propósito da empresa.

E, no cerne dessa missão, está apoiar a transformação digital. A gente entende que a quarta revolução industrial, na verdade, se trata de uma revolução de inovação impulsionada pela transformação digital.

Mudamos do mundo analógico para o mundo digital, com todas as implicações, principalmente em termos de cultura e capacitação da força de trabalho, e a gente olha desde a missão, cultura, de qual líder a gente precisa e quais são as soluções passando pela própria capacitação dos nossos colaboradores.

Nos envolvemos bastante em treinamento interno, de parceiros e clientes para que a tecnologia seja eficaz para apoiar, porque sem capacitação, sem que as pessoas possam se sentir confortáveis em utilizá-la, sem ser um meio para um fim, ela não é eficaz.

Jornada da capacitação

Quando envolvemos inteligência artificial e machine learning, por exemplo, a capacitação se torna ainda mais crítica. A Microsoft transformou um grande modelo de negócio, de sair de modelo on premise [modelo de servidor físico] para nuvem, toda a questão da inteligência artificial (IA) e como as nossas soluções podem ser criadas de forma responsável e ética.

Temos uma série de princípios em torno do uso da IA, a privacidade de dados, todos esses componentes vivem internamente para ajustar a nossa gestão, políticas e processos, mas é uma jornada, porque a Microsoft, diferente talvez de outros concorrentes, não nasceu na nuvem, mas fez a transformação. E estamos na jornada.

Avançamos em vários campos, na cultura, na capacitação, mas temos um trabalho grande pela frente. Temos discutido muito a escassez de talentos para o mundo de tecnologia. É um desafio.

RH Premium: Ainda sobre capacitação, o estudo “A Inteligência Artificial (IA) ​​na era da COVID-19″ mostrou que o mercado de trabalho brasileiro terá que requalificar cerca de 22% da mão de obra existente para suprir a demanda projetada para a adoção da inteligência artificial no País nos próximos 10 anos. Como conduzir essa capacitação? 

A gente acredita que a transformação digital tem quatro pilares importantes: missão e estratégia – em que você está se reinventando, e essa mudança significativa que aconteceu com a pandemia vai exigir muito que as pessoas reimaginem e reinventem seus negócios. Outro pilar é entender qual é o seu ativo principal, como gerar valor para o seu cliente, seguido por cultura e capacitação.

Quando olhamos para esse último tópico, e temos feito parcerias com institutos e consultorias para entender como a tecnologia pode ajudar, vemos que, na verdade, se a gente não capacitar as pessoas, vamos acentuar as desigualdades sociais, e não só no Brasil, e não vamos conseguir (empresas, instituições e Governo) avançar na agenda de transformação, porque não haverá força de trabalho para fazer isso.

A transformação digital começa na transformação da educação, então a gente tem um olhar, falando em capacitação, começando com a escola; outro olhar para a mão de obra atual e como habilitá-la; e um terceiro olhar em como capacitar e atrair a participação de mulheres na tecnologia. Ainda é muito baixa, e já começa na ciência da computação, não passa de 20% em pesquisas.

Mulheres na tecnologia

A presença de mulheres na tecnologia, principalmente em cargos técnicos, é ainda muito desigual, e outra jornada, por consequência, da equidade salarial. Temos a semente, que é educação, e talvez a gente não esteja educando para o futuro e para as capacidades.

Temos uma força de trabalho hoje que precisa se capacitar – principalmente a que está desempregada, e os números subiram significativamente até em função da pandemia. Para se recolocar talvez as oportunidades de trabalho estejam em outra área que você não está capacitado, então lançamos a iniciativa “Microsoft Mais Brasil”, que tem um pilar forte em parcerias nesse sentido. E outra questão são as profissões que ainda vão existir, olhando para o futuro.

Ao longo da entrevista, a profissional também contou quais foram as prioridades e adaptações da companhia desde o início da pandemia do novo coronavírus; equidade de gênero; diversidade; sustentabilidade e proteção de dados. Para acessá-la na íntegra, baixe gratuitamente o RH Premium Digital aqui.

Por Gabriela Ferigato