O ano de 2022 foi muito importante para o mundo como um todo, pois foi o primeiro após a pandemia de Covid-19, no qual a maior parte das pessoas estava vacinada e de fato voltando às suas rotinas. Foi um período determinante para entender se as mudanças ocorridas durante a crise sanitária realmente iriam continuar ou se precisaríamos nos ajustar mais uma vez aos novos tempos.

Embora tenha afetado todos os setores, esse retorno foi ainda mais impactante para o universo corporativo, que foi um dos mais intensamente afetados pela pandemia e se transformou completamente de 2020 para cá. Nos últimos dois anos, foi possível observar uma disrupção tanto nos modelos de trabalho, quanto na relação dos colaboradores com o ofício e as suas expectativas perante as empresas.

Boa parte das companhias que tinham adotado o home office optou por continuar com ele, enquanto outras resolveram testar o modelo híbrido, possibilitando a ida das equipes aos escritórios algumas vezes na semana. Segundo o estudo “O Futuro do Trabalho no Brasil”, realizado pelo Google Workspace em parceria com a consultoria IDC Brasil, entre abril e junho de 2022, aproximadamente 56% dos trabalhadores brasileiros entrevistados trabalhavam de maneira híbrida, ou seja, 12% mais do que o registrado em 2021.

Outros dados da Pesquisa de Trabalho Remoto 2022, produzida pela Revelo, plataforma de recrutamento, mostram que durante a crise sanitária cerca de 83,6% dos colaboradores trabalhavam remotamente, enquanto 9,3% já estavam em modelo híbrido e 7,1% no presencial. Já atualmente temos 16,4% no híbrido, 73,4% no teletrabalho e 10,2% presencialmente.

Já com relação a preferência dos profissionais, 83,4% gostam mais de trabalhar de casa, 16,2% têm predileção pela mistura entre remoto e presencial, e somente 0,4% gostam mais de realizar suas tarefas na empresa. Além disso, 79,1% disseram que mudariam de emprego se a companhia demandasse a volta ao presencial, e mais da metade (59,6%) recusaria uma oportunidade de emprego que exigisse a ida ao escritório.

Esses dados nos dão uma boa noção dos desejos dos colaboradores atualmente e indicam quais são as suas expectativas com relação ao mercado corporativo daqui para frente. Porém, ainda que a demanda pela continuidade do home office seja alta, já podemos observar um movimento por parte das corporações de caminhar cada vez mais para um cenário de adoção do modelo de trabalho híbrido.

Mas existem alguns pontos fundamentais que precisam ser acertados e merecem toda a atenção das organizações no próximo ano, além de diversos desafios a serem superados para que essa modalidade de trabalho funcione. O principal deles é relacionado à produtividade: de acordo com o relatório Pulse da Microsoft, que contou com vinte mil respondentes, cerca de 97% dos funcionários no país sentem que rendem mais em casa do que no escritório.

Portanto, para que a nova rotina de trabalho não ganhe um peso negativo e atrapalhe na eficiência dos times, é importante que as empresas foquem na criação de ambientes bem estruturados que permitam a adoção do híbrido, com foco em tornar os espaços mais agradáveis e receptivos para as equipes, e invistam em estratégias que motivem, engajem e integrem os colaboradores, já que, de acordo com uma pesquisa do Google Workspace, aproximadamente 46% dos empregados têm dificuldade em construir relações com os colegas nessa modalidade.

Se 2022 foi um ano piloto, no qual testamos com alguns grupos os novos modelos e pudemos compreender melhor o que funciona ou não, em 2023 entraremos na fase beta, na qual aplicaremos mais amplamente os aprendizados adquiridos até então para entender de fato como será a aceitação tanto dos trabalhadores quanto das companhias.

Gustavo Caetano é CEO da Samba Tech, embaixador da Reserva e autor do best-seller “Pense Simples”. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.