O mundo está em constante evolução e, nos últimos anos, temos visto uma fusão sem precedentes da biologia com a tecnologia digital. Esta combinação revolucionou nossa percepção de como podemos operar, gerenciar e evoluir como espécie, colocando-nos firmemente na era da gestão biodigital.

Hoje, somos seres intrinsecamente biodigitais. Nossas vidas estão intimamente entrelaçadas com a tecnologia, a ponto de uma falha em nossas redes digitais causar um desastre para a humanidade. Não estamos mais apenas usando a tecnologia, estamos integrando-a em nossos corpos, em nossa vida cotidiana e até mesmo em nosso código genético. Os avanços na biotecnologia, inteligência artificial e tecnologia da informação criaram um cenário no qual a distinção entre o biológico e o digital está se tornando cada vez mais tênue.

No seu livro ‘The Shallows’, Nicholas Carr argumenta que cada nova tecnologia que entra em nossas vidas nos transforma de maneira irreversível. Essa ideia capta com precisão o impacto profundo e transformador da tecnologia na sociedade. A tecnologia não é apenas uma ferramenta externa que usamos para tornar nossas vidas mais confortáveis ou eficientes; ela molda a maneira como pensamos, agimos e percebemos o mundo ao nosso redor.

Os seres humanos são notáveis pela sua capacidade de se adaptar e evoluir de acordo com as circunstâncias e tendências que nos cercam. Com a emergência da era biodigital, esta capacidade de adaptação está sendo testada como nunca antes. Estamos nos encontrando em um cenário em que não apenas usamos a tecnologia, mas somos, em certo sentido, “tecnologia”. Nosso acesso a informações e nossa capacidade de se conectar com os outros não estão mais limitados por barreiras físicas ou geográficas, mas agora estão essencialmente incorporados em nossa existência.

Por um lado, a gestão biodigital abre portas para avanços surpreendentes na saúde, na ciência e na eficiência humana. Estamos vendo progressos incríveis na medicina personalizada, na edição de genes e na IA, todos alimentados por essa fusão de biologia e tecnologia. Por outro lado, essa nova era também levanta questões éticas e morais profundas sobre privacidade, autonomia e a própria definição de ser humano.

A era da gestão biodigital é emocionante, mas também aterrorizante. Como em qualquer revolução, existem incógnitas e desafios significativos. No entanto, se aprendermos a navegar nesta nova era com sabedoria e ética, temos a oportunidade de moldar uma realidade futura que utilize o melhor da tecnologia, sem perder nossa essência humana.

Como Carr sugere, as mudanças causadas pela tecnologia são irreversíveis. Mas isso não significa que não tenhamos nenhum controle sobre a direção dessas mudanças. Agora é o momento de decidir que tipo de seres biodigitais queremos ser. Agora é o momento de gerenciar ativamente nossa evolução biodigital para garantir um futuro que honre tanto nossa biologia quanto nossa tecnologia. Porque, no final das contas, a maior inovação da era biodigital poderia ser o próprio ser humano.

Por Leila Navarro, palestrante Internacional com foco em comportamento e motivação, empresária, startuper, mentora e conferencista. Autora de 16 livros. É uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Site institucional. Foto: Divulgação.