Não é novidade que as inteligências artificiais generativas, incluindo chatbots e outros modelos de processamento de linguagem natural, tiveram um impacto significativo no mercado corporativo nos últimos anos – basta acessar qualquer veículo de notícia para rapidamente encontrar diversas matérias falando sobre o ChatGPT e outros similares, e como eles devem revolucionar o mercado de trabalho.

O sucesso dessa tecnologia se deve principalmente ao fato de conseguir automatizar tarefas, melhorar sua eficiência, oferecer suporte personalizado e gerar conteúdos originais e novos. Um exemplo de uso efetivo são as empresas que contam com chatbots para responder perguntas frequentes dos usuários, e, devido a isso, conseguem remanejar os funcionários para tarefas mais complexas e desafiadoras, que ainda não podem ser realizadas por máquinas.

Os modelos generativos de IA como o ChatGPT também podem ser usados ​​para gerar conteúdos, como textos, descrições de produtos, resumos de filmes, séries e livros e até mesmo postagens em redes sociais. Se por um lado esse cenário traz preocupações referentes ao desaparecimento de profissões que dependem da criatividade para existir, por outro também pode influenciar na criação de novos empregos que utilizem diferentes aspectos da sabedoria e capacidade humana.

Nesse sentido, ele apresenta uma oportunidade para as organizações realizarem práticas como upskilling, que consiste em ensinar aos colaboradores novas competências para otimizar sua performance, e reskilling, uma espécie de “reciclagem”, que busca oferecer treinamento aos funcionários para realocá-los em uma nova posição. Segundo levantamento do LinkedIn, trabalhadores de empresas que viabilizam a possibilidade de mudança para outros cargos internamente continuam por duas vezes mais tempo na mesma companhia.

É importante ter em mente que as IAs podem e devem ser vistas como aliadas das pessoas, levando a trabalhos menos operacionais e mais estratégicos – só que, para isso, é preciso se capacitar.

Porém, vale lembrar que existem desafios e riscos potenciais associados ao uso de IA generativa no mercado de trabalho. Uma das principais dificuldades é garantir que os modelos sejam precisos e confiáveis, fornecendo informações verdadeiras e não tendenciosas – caso contrário, modelos mal projetados ou treinados podem prejudicar a reputação de uma companhia e levar até a questões legais.

Outro obstáculo está relacionado à ética e responsabilidade dos modelos: por terem um conteúdo generativo, precisam ser constantemente monitorados para que não promovam discurso de ódio ou desinformação. Outro ponto é que, por lidarem com dados importantes dos clientes, precisam ser transparentes sobre a coleta e uso, além de seguros.

Dessa maneira, ainda não é possível prever todos os impactos do ChatGPT e outras IAs generativas no universo corporativo, mas é inegável que eles já estão acontecendo e a tendência é que, com os avanços da tecnologia, as transformações sejam ainda maiores daqui para frente.

Portanto, é importante que as organizações adotem uma postura positiva com relação a isso. Pois, ir contra a inovação não vai mudar em nada no seu desenvolvimento e aprimoramento, mas irá certamente impactar negativamente nos negócios caso a sua companhia possa se beneficiar dela. Pense nisso!

Gustavo Caetano é CEO da Samba Tech, embaixador da Reserva e autor do best-seller “Pense Simples”. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.