Temos constatado que, muitas vezes, há publicações, artigos e entrevistas que falam sobre a questão da saúde e bem-estar na abordagem ESG (environment, social, governance) nas empresas, de maneira abstrata e subjetiva. Além disso, muitos gestores de programas de saúde, segurança e bem-estar nas empresas apresentam relatos de atividades e programas pontuais utilizando indicadores de satisfação ou participação do usuário.

No entanto, há escores, padrões de avaliação e indicadores que são utilizados por gestores, investidores e especialistas que devem ser adotados no estabelecimento de metas para os programas de saúde, segurança e bem-estar.

A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) possui o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) que possui atualmente 83 empresas listadas, sendo que o seu questionário inclui tópicos relevantes em capital humano, como práticas trabalhistas (por exemplo, qualidade de vida e benefícios e formatos de trabalho), saúde e segurança do trabalhador, inclusão, diversidade e inclusão dos trabalhadores. O perfil completo das empresas pode ser consultados no ISE Workspace (https://iseb3.com.br/esg-workspace).

A organização Global Reporting Initiative (GRI) publica normas temáticas que são amplamente adotadas no ambiente corporativo. Por exemplo, a norma GRI 403 de Saúde e Segurança no Trabalho inclui temas como a promoção da saúde, a participação e capacitação dos trabalhadores em SST. Inclui a prevenção e mitigação de impactos de saúde e segurança do trabalho diretamente vinculados com relações de negócios. Ela pode ser baixada, em português no link https://www.globalreporting.org/how-to-use-the-gri-standards/gri-standards-portuguese-translations/.

Muitas organizações utilizam os padrões SASB que integram as empresas e os investidores. Há padrões para 77 setores econômicos que ajudam a identificar os riscos relacionados a sustentabilidade e as oportunidades de desenvolvimento. Em muitos setores, os riscos se referem ao capital humano. Eles estão disponíveis no endereço eletrônico https://sasb.org/.

Finalmente, merece destaque a norma IS0 26000, de responsabilidade social, que não visa certificação. Esta Norma pode oferecer as melhores práticas para a organização, cadeia de fornecedores e mercado. Ela define a Responsabilidade Social como a responsabilidade de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no ambiente, através de um comportamento ético e transparente que:

  • A. Contribui para o desenvolvimento sustentável, incluindo a saúde e o bem estar da sociedade;
  • B. Tem em conta as expectativas dos stakeholders;
  • C. Está em conformidade com a legislação aplicável e é consistente com as normas internacionais de comportamento;
  • D. Está integrado e praticado por toda a organização
  • E. A norma é válida para todas as organizações, pequenas ou grandes, públicas, comerciais ou não-governamentais.

Os gestores de programas de saúde, segurança e bem-estar devem buscar capacitação neste tema para que possam utilizar os mesmos indicadores e metas que os setores de sustentabilidade das organizações. Certamente, trata-se de uma nova fronteira, bastante promissora, para tornar o campo da qualidade de vida do trabalhador relevante para o planejamento estratégico das empresas.

Alberto Ogata, presidente da Associação Internacional de Promoção de Saúde no Ambiente de Trabalho (IAWHP). É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.