A paz de espírito nunca esteve tão ameaçada como atualmente. Sofremos impactos emocionais das mais variadas fontes que ameaçam nossas vidas e nosso futuro, causando um estado de ansiedade que prejudica nossos relacionamentos pessoais e profissionais, além da nossa capacidade produtiva e criativa.

Temos alardes quase diários sobre o destino sombrio do planeta, e mesmo quando muito distantes, nos trazem sombrias expectativas.

Os meios de comunicação dão amplo destaque dos acidentes climáticos com muita destruição e mortes, a ameaça de guerra mais ampla torna-se cada vez mais eminente com o conflito entre a Rússia e Ucrânia que já dura mais do que um ano, a descoberta de novos vírus nos ameaça com uma nova pandemia, e assim por diante.

A estabilidade política do Brasil é posta em xeque diariamente, trazendo incertezas e estimulando ansiedades doentias mesmo em quem não participa de atividades partidárias, e o noticiário policial demonstra uma crescente ameaça ao cidadão comum, já não bastassem as atribulações normais de cada dia.

O cenário é extremamente agressivo, e mesmo quando não somos atingidos diretamente, nos rouba a paz, e nos mantém em estado exacerbado de ansiedade. Se permitimos que permaneçam por muito tempo, adoecemos.

A ciência admite que o estímulo de determinadas partes do cérebro leva o sistema límbico a produzir neurotransmissores, provocando reações químicas relacionadas ao prazer, alegria, cólera, medo, tristeza etc.

Em outras palavras, determinados estímulos promovem reações psíquicas e físicas conforme os interpretarmos, levando a uma sensação de “bem-estar” ou a um “mal-estar” enquanto durar sua ação.

A fisiologia sugere que muitas doenças físicas resultam de um prolongado distúrbio emocional (doenças psicossomáticas), e é exatamente isso que atualmente percebemos em muitas pessoas.

Ressalte-se que o estado mental de felicidade é reflexo de nosso inconsciente, independentemente de fatores externos. Ser feliz ou infeliz é uma decisão pessoal, uma atitude diante de fatos comuns a todos. Se não podemos mudar os fatos, podemos adotar atitudes mentais adequadas.

O estado de “felicidade” é, conforme todas essas definições, decorrente do perfeito equilíbrio emocional, tendo como consequência, a produção ideal dos humores que promovem o bem-estar físico e mental. Mas, se estamos emocionalmente perturbados, como reconquistar e manter o equilíbrio? Como gerar uma atitude adequada?

Uma vez confuso e depressivo, não será fácil retornar ao equilíbrio inicial e recuperar a paz perdida. Para o viciado física e mentalmente em autopiedade, o sofrimento é uma necessidade física, e voltar a ter paz é árdua tarefa individual.

Para reverter essa disposição incômoda, recomendo realizar uma catarse através um workshop onde a integração e discussão sobre o funcionamento de nossa mente, e o controle das emoções possa gerar a determinação de adotarmos atitudes que nos ajude a recuperar a paz de espírito.

Estudos recentes comprovaram que as relações afetivas estáveis geradas nesses encontros estimulam a produção de endorfina e serotonina, levando a um estado de “felicidade” e melhora geral do equilíbrio emocional!

Certamente todos já experimentamos a sensação de felicidade resultante de um gesto bom ou da realização de algo importante; momentos em que nos sentimos “felizes”. Estimular essas recordações pode ajudar muito o processo de equilíbrio emocional.

O que produz essa sensação de felicidade é a percepção de valor pessoal. Diante de amigos, vemo-nos e sentimo-nos como uma pessoa de valor, em paz com sua consciência, realizada e radiante! Essa autoimagem “fixada” em nosso inconsciente alimenta automática e permanentemente a sensação de felicidade.

“Sinta-se feliz e serás feliz” nos ensinou Dale Carnegie (1888-1955), escritor americano que se notabilizou por seus cursos de autodesenvolvimento.

Segundo o escritor e filósofo alemão Thomas Mann (1875-1955), “aquilo que chamamos felicidade consiste na harmonia e na serenidade da consciência, ou seja, na paz da alma”.

Emile-August Chartier, filósofo francês que escrevia sob o pseudônimo “Alain”, (1868-1951), concorda com essa definição quando afirma: “A felicidade não é fruto da paz, é a própria paz”!

O ser humano física e psiquicamente saudável é naturalmente feliz! Nascemos felizes – observe as crianças – e, se não nos desequilibrarmos no decorrer da vida, temos tudo para ser bem sucedido e feliz.

Vicente Graceffi, consultor em desenvolvimento pessoal e organizacional. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.