Nos últimos anos, vimos a temática da saúde mental ganhar uma força jamais vista na mídia, nas rodas de amigos, instituições de ensino e dentro das empresas. Isso porque a nova doença causada pelo coronavírus, o isolamento social e a crise econômica que se instalou desde então agravaram os quadros de doenças da mente e fizeram a sociedade ficar mais atenta às suas consequências.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com maior número de pessoas ansiosas do mundo: 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) afirmam viver com o transtorno. O que nem todo mundo sabe ou comenta é que um dos gatilhos para a ansiedade em níveis patológicos está em um velho companheiro nosso, que pode ser amigo ou inimigo, a depender da situação. Estou falando do dinheiro.

A edição de 2022 da pesquisa Estresse Financeiro do Trabalhador Brasileiro, feita pela Onze, revelou que o dinheiro é a maior preocupação dos CLTs, com 74% das respostas. Já outra pesquisa mais recente, também feita pela fintech, mostrou que 49% dos profissionais se sentem ansiosos ao falar sobre finanças e 17% ficam tristes. A falta de perspectiva para a realização de metas, a renda insuficiente para pagar as contas e o poder de compra abalado pela inflação são as principais causas dos sentimentos ruins.

Mas a informação mais grave está por vir: 53% dos entrevistados dizem que já tiveram a saúde mental abalada pelos problemas financeiros, com destaque para a ansiedade, insônia e depressão. E ainda assim o assunto é um tabu nas rodas de conversas.

Cerca de 57% dos entrevistados não costuma falar sobre dinheiro com outras pessoas e a maioria dos que sofrem com doenças da mente por questões financeiras diz que nunca buscou ajuda profissional. Então eu pergunto a você, leitor: qual o papel de um líder e de um profissional de RH nesse momento?

Como agentes de mudanças podemos sensibilizar nosso olhar e preparar nossas empresas para acolherem os colaboradores que estão passando por toda essa situação difícil e delicada. Como? Com canais de comunicação mais abertos, pesquisas internas e benefícios corporativos que cuidem do bem-estar físico, mental e financeiro dos times.

É urgente refletir sobre a qualidade de vida no trabalho de forma profunda e entender a saúde mental como uma necessidade básica para que o processo produtivo funcione. Uma pessoa preocupada dificilmente conseguirá ser criativa ou buscar soluções inovadoras. O bem-estar do funcionário é também o bem-estar das empresas. Cuidar das pessoas e cuidar de nós mesmos significa também preservar a vida.

Sejamos todos parte dessa mudança!

Antonio Rocha é CEO e cofundador da Onze, fintech de saúde financeira e previdência privada. É um dos colunistas do RH Pra Você.O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.