A saúde financeira tem, aos poucos, ganhado mais destaque nos debates das empresas. Algumas organizações já entendem o impacto que um colaborador com a vida financeira saudável tem para os negócios e resultados da empresa. Porém, a verdade é que o cenário ideal ainda está longe e temos um longo caminho a percorrer para alcançar essa conscientização por parte das instituições.

Os dados de endividamento no Brasil são altos e falar de organização financeira, muitas vezes, é delicado. A preocupação com as contas pode gerar ansiedade, problemas de sono e até depressão. O impacto na qualidade de vida das pessoas é gigante. Ao mesmo tempo, as organizações também sentem muitos efeitos.

Você consegue imaginar uma empresa perdendo meio milhão de reais por ano apenas por conta do estresse financeiro de seus colaboradores? Pois é, uma pesquisa da Onze, realizada apenas com pessoas empregadas em vínculo CLT, mostrou que 31% dos trabalhadores alegam que preocupações financeiras atrapalham seu rendimento e o relacionamento no trabalho, fazendo com que percam de 1 a 5 horas por semana.

Em média, essas pessoas perdem 3,3 horas a cada sete dias em função do estresse financeiro. Considerando uma empresa de 500 funcionários com salário médio de R$ 2.500, isso representaria uma perda de mais de R$ 500 mil por ano.

Não à toa, analisando o resultado da aplicação de nossas ferramentas de check-up financeiro, na maioria dos casos, as empresas se surpreendem em função da má saúde financeira de seus funcionários e como isso impacta na produtividade no trabalho.

Até mesmo os profissionais, muitas vezes, não percebem o impacto do estresse financeiro em suas vidas pessoal e profissional. Em nossa pesquisa, além dos 31% que afirmaram que preocupações financeiras atrapalham seu rendimento e relacionamento no trabalho, 55% disseram que dificultam sua vida pessoal e 75% alegaram que prejudicam sua saúde mental e qualidade de vida.

Imagine, se falar de dinheiro já é um tabu, falar das consequências de uma má organização é mais delicado ainda. Exatamente por isso é vital dar visibilidade ao tema para que as pessoas encarem-no com cada vez mais naturalidade.

E, afinal, por onde começar? Bom, por mais tabu que o dinheiro seja, quando as pessoas têm a possibilidade de receber apoio para cuidar disso, elas se abrem para essa oportunidade. Esse é o impacto: dar atenção e recursos para cuidar de um ponto vital da vida dos colaboradores.

Com isso, quero dizer que um bom ponto de partida é que a área de recursos humanos das empresas garantam que o tema ganhe mais força. Afinal, atualmente, o RH atua como um agente transformador essencial em prol do bem-estar e saúde dos colaboradores e quando a saúde financeira entra como prioridade na agenda do setor, naturalmente o tema ganha prioridade na vida dos profissionais.

Imagine: você tem um problema, como uma dívida, e muitas vezes não sabe como resolver ou até evita por conta do nível de frustração que esse problema gera. De repente, o RH da sua empresa passa a enviar conteúdos, palestras e até ferramentas para ajudar a equilibrar a saúde financeira. Sua atenção, naturalmente, iria para o assunto, certo?

Para se ter uma ideia, segundo a pesquisa Employee Financial Wellness 2022, da PwC, 76% dos colaboradores estressados financeiramente se sentem mais atraídos por empresas que demonstram se importar mais com seu bem-estar financeiro.  Entre eles, 38% dos entrevistados procuravam um novo emprego.

Não obstante, vemos que os RHs mais inovadores já estão priorizando a saúde financeira dos funcionários por perceber que ela é um pilar essencial da saúde mental e física. Ao dar prioridade para esse tema, o setor também atua de maneira assertiva para minimizar as consequências do estresse financeiro, que vão desde baixa produtividade até turnover.

Para além da produtividade, essa é uma ação capaz de gerar vínculos profundos entre a empresa e seus colaboradores, levar o engajamento do time para outro nível e passar a contar com verdadeiros defensores da sua marca.

Antonio Rocha, CEO e cofundador da Onze, fintech de saúde financeira e previdência privada. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.