Quem acompanha as notícias sobre o mercado corporativo já deve ter se deparado com o termo “quiet quitting” muitas vezes ao longo dos últimos dois meses. Seu significado pode ser traduzido como demissão/desistência silenciosa, e indica um movimento que se popularizou recentemente e foi adotado e apoiado por diversos profissionais ao redor do mundo.
Ele consiste basicamente na imposição de limites por parte dos trabalhadores entre vida pessoal e profissional e na postura de realizar apenas as tarefas que dizem respeito e fazem sentido com o cargo ocupado por eles no momento.
Ainda que o conceito seja confuso para algumas pessoas, já que possibilita uma má interpretação, os adeptos dessa filosofia enfatizam que não se trata de um pedido de demissão e nem necessariamente de um comprometimento menor com as empresas, mas sim um olhar mais direcionado e atento para o que realmente importa e tem coerência com as demandas do dia a dia laboral.
Por ser um movimento defendido e praticado principalmente por profissionais da geração Z e millenials, logo chamou a atenção do planeta inteiro, já que essas gerações estão ganhando fama por romper paradigmas do mundo corporativo e trazer para os holofotes questões como saúde mental no trabalho e modelos mais justos e inclusivos.
Conforme estampava as capas dos jornais e revistas e era assunto em todas as redes sociais, as pessoas passaram a refletir mais sobre o seu significado e o que ele de fato implica para o presente e futuro do trabalho.
Segundo levantamento realizado em junho com mais de 15 mil profissionais nos EUA pela Gallup, empresa de pesquisa de opinião, cerca da metade da força de trabalho americana atualmente se encaixa na definição de “quiet quitting”. Além disso, a quantidade de trabalhadores engajados foi de 32%, enquanto os desengajados correspondiam a 18%.
Então, embora o movimento não implique obrigatoriamente na diminuição do envolvimento com as atividades da companhia, com o passar do tempo acaba inevitavelmente levando a esse cenário. E, ao contrário do que imaginávamos, já estamos vivenciando o “quiet quitting” na prática.
Diante deste cenário, os gestores e líderes das companhias devem focar os seus esforços em ações internas direcionadas ao bem-estar dos times e ao retorno do engajamento e felicidade com o trabalho. Caso contrário, a tendência é que tenhamos cada vez mais profissionais insatisfeitos e infelizes. De acordo com dados da American Psychological Association, a síndrome de Burnout e o estresse entre funcionários chegaram a níveis nunca antes vistos, e não podemos fechar os olhos para esse problema.
Gustavo Caetano é CEO da Samba Tech, embaixador da Reserva e autor do best-seller “Pense Simples”. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.