Durante os 19 anos em que tenho me dedicado à causa do câncer infantojuvenil, tenho tido o privilégio de conhecer, conviver e compartilhar tanto a dor quanto a alegria de inúmeras mães.

Desde o momento em que recebem uma notícia devastadora sobre o tratamento de seus filhos até as intercorrências que surgem no caminho, e até mesmo o doloroso processo de aceitar a perda de um filho nessa batalha, tenho testemunhado a resiliência e a força dessas mulheres. Além disso, tenho tido a oportunidade de compartilhar abraços e receber agradecimentos pelas vitórias alcançadas, pelas curas conquistadas e por ver seus filhos retornarem à vida.

Essas mães são verdadeiros exemplos de coragem e determinação, personificando a essência da palavra “Mãe”. Sua capacidade de enfrentar desafios com resiliência é inspiradora e digna de admiração.

Para mim, o aspecto mais significativo desta jornada é a valorização da empatia em todas as interações com aqueles que atravessam essa jornada, independente do desfecho. É essencial que saibam que estamos juntas em cada etapa que precisarem enfrentar. Isso envolve não apenas estar presente, mas buscar compreender profundamente suas experiências e perspectivas.

É sobre sentar ao lado delas, se colocar em seus lugares, sobre enxergar o mundo através de suas lentes para entender verdadeiramente nosso propósito e como podemos auxiliar de maneira efetiva nessa missão.

Essa é exatamente a essência que guia meu trabalho em equipe quando pensamos em desenvolver programas e projetos. Ao considerar a jornada das famílias, recordamos que nossa missão inicial era apoiar durante o tratamento, garantindo qualidade e dignidade nos cuidados hospitalares. Esse princípio norteou a abertura e operação das 7 unidades do Programa Casa Ronald McDonald e das 9 unidades do Espaço da Família Ronald McDonald.

Como fazer essas famílias e essas mães se sentirem seguras com o tratamento que recebem, como poderem ficar ao lado dos seus filhos sem se preocupar com nada mais. Em cada Casa Ronald McDonald, como ter o seu espaço, sua privacidade, como ter apoio de outras mães, como passar os dias sem se preocupar com o que comer, onde ficar, como ir para o tratamento e tendo um espaço inclusive para partilharem suas dores e amores e para resgatarem a vaidade, a individualidade e até para se descobrirem novamente produtivas para a vida.

Mas entendemos que cuidar desta fase não era suficiente, afinal, a cada 10 crianças, 3 estão morrendo sem diagnóstico e muitas mães não chegavam a tempo de salvarem seus filhos. Então, começamos a trabalhar no programa do Diagnóstico Precoce para que possamos levar mais conhecimento sobre a doença que mais mata de 1 a 19 anos no Brasil e ajudar tantas mães a salvarem seus filhos.

Mais uma vez, buscamos nos colocar no lugar delas e junto com o time de médicos e técnicos do Instituto, entendemos nosso papel de lutar por cada vida e por cada criança como leão e, afinal, é isso que as mães fazem. Os resultados são incríveis: já foram mais de 4 mil profissionais capacitados e 5 milhões de filhos e filhas impactados indiretamente no Brasil, só em 2023.

Agora seguimos com o propósito de apoiar essas mães na vida após a cura, preparando-as para o mercado de trabalho, ensinando e munindo-as dos seus direitos e emponderando-as e com todo conhecimento para fazerem as melhores escolhas por elas e por seus filhos.

Por isso, trabalhamos com o cuidado centrado na família, estratégia focada em fortalecer o protagonismo da família das crianças no processo decisório sobre os pacientes, fortalecendo seu protagonismo pela vida.

Em todos os momentos e nas decisões mais difíceis, meu guia é o amor dedicado a essas milhares de crianças, filhos e filhas pelo Brasil e me colocando no lugar delas, entendendo a dor e a emoção e ouvindo suas necessidades, reflexões, anseios e desejos mais profundos.

Assim, o Instituto segue sua missão de aproximar as famílias e as mães da cura para seus filhos e filhas. Cada vida salva, é um novo filho e filha que ganhamos. Esse é o amor que nos guia e o amor que me move a ir além todos os dias.

Feliz Dia das Mães a todas essas guerreiras incansáveis e motivação de energia e inspiração para eu seguir minha missão de amor.

O amor de mãe em todas as coisas...

Por Bianca Provedel, CEO do Instituto Ronald McDonald.

 

 

Ouça o RHPraVocê Cast, episódio 105, “Qual o caminho para naturalizar a maternidade no ambiente corporativo?” com Marina Franciulli, Head de sustentabilidade financeira e projetos de impacto da b2Mamy e Shirlei Lima, Gerente de Produto da DIMEP. Clique no app abaixo:

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Capa: Depositphotos