O mercado de trabalho é um cenário complexo, onde talentos se encontram, empresas prosperam e desafios surgem, principalmente quando falamos sobre mulheres no mercado de trabalho. Entre esses desafios que o público feminino enfrenta, um tema que merece atenção especial é o preconceito enfrentado quando nos tornamos mães

Durante muito tempo ouvi falar sobre a inclusão, mas só senti na pele quando me diante ao dilema: carreira ou maternidade? Infelizmente, para algumas, esses caminhos parecem não se cruzar, mas bateu fortemente na minha porta quando me vi grávida aos 20 anos.

Evoluindo profissionalmente, o medo de perder meu emprego por ser jovem e mãe me cercou, contudo,  pelo contrário, fui promovida grávida e enfim estava trabalhando na minha área. Na época estava na reta final da graduação em jornalismo e meu primeiro emprego na área foi quando engravidei (sim, foi incrível).

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Porém, o sonho durou pouco tempo, a preocupação de como seria a vida pós licença-maternidade é real. De acordo com uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) quase metade das mulheres entrevistadas (48%) perdeu seus empregos após a licença. Esse cenário de exclusão social sempre me preocupou, pois todos os preconceitos são muito reais e mais comuns do que imaginamos.

Ele se manifesta na redução de funções, exclusão de projetos importantes e tratamento diferenciado por parte de chefes e colegas de trabalho. Cerca de 52% das mães passam por situações desagradáveis no ambiente corporativo e em minha visão, é necessário mudar esse cenário o mais rápido possível.

E para minha surpresa, comigo não foi diferente, após ouvir durante meses que a empresa que eu trabalhava jamais me desligaria, fui demitida no  dia em que retornei ao trabalho.

Sim, o RH alegou que agora eu teria tempo para cuidar da minha filha e isso me pegou de tal forma, porque eu não precisava ficar off do mundo corporativo para cuidar da minha filha. E eu não era menos capaz por ter me tornado mãe, pelo contrário, a maior parte das mulheres quando se tornam mães, lutam com ainda mais garra, pois entendem que tem uma criança que depende dela. Fora que sentimos a necessidade de nos provar 100% do tempo, porque as pessoas ainda julgam nossas habilidades e capacidades após a maternidade.

É necessário uma mudança interna nas empresas para mudar esse cenário. É óbvio que muitas vezes uma mãe precisará se ausentar por motivos de doenças do filho ou qualquer outra coisa, mas isso não lhe faz uma profissional ruim.

Então, como mãe, profissional extremamente capacitada e estudante de psicologia positiva, acredito que para que as empresas comecem a mudar esse cenário, os seguintes pontos de atenção podem fazer com que se destaquem e se tornem um lugar com mais diversidade e respeito para todas: 

Conscientização: Sensibilizar líderes e colaboradores sobre os desafios enfrentados pelas mães e fazer com que entendam que uma profissional não deve ser desmerecida por ter gerado uma criança, pois isso não a torna menos capaz. 

Flexibilidade: Oferecer horários flexíveis e opções de trabalho remoto. Ambos os pontos auxiliam muito na rotina exaustiva da mulher. Trabalhar, cuidar da casa e do filho muitas vezes é desafiador, mas se você trabalha em um lugar respeitoso, tudo fica mais leve.

Políticas de igualdade: Garantir que mães e pais tenham os mesmos direitos e benefícios é crucial, até porque ambos possuem a mesma capacidade. E um dos pontos importantes, é que a empresa evite perguntas preconceituosas, como “com quem vai deixar seu filho?”, pois dificilmente perguntam isso para os pais.

Programas de apoio: Criar redes de apoio e programas de desenvolvimento para mães é importante para que se sintam acolhidas.

Cultura organizacional: Fomentar uma cultura inclusiva e combater preconceitos inconscientes.

Sempre admirei a força das mulheres quando se tornam mães, suas habilidades, a resiliência, organização, empatia e capacidade de gerenciar múltiplas tarefas, são capacidades que se tornam ainda mais fortes com o passar do tempo.

Ao reconhecer e valorizar essas competências, as empresas não apenas beneficiam as mães, mas também fortalecem suas equipes e promovem a diversidade.

Em resumo acredito que é hora de romper com os estereótipos e construir um mercado de trabalho mais inclusivo e igualitário. As mães merecem oportunidades e respeito, e as empresas têm muito a ganhar ao abraçar essa mudança.

Maternidade x carreira: preconceitos e desafios

Por Rafaella Ranulfo, autora de dois livros, formada em Jornalismo e Comunicação Social, pós graduada em assessoria e gestão da comunicação e atualmente está cursando sua segunda pós graduação em psicologia positiva, felicidade e bem-estar. Além disso, é criadora de conteúdo e compartilha sua rotina com a maternidade, em suas redes sociais.

 

Ouça o RHPraVocê Cast, episódio 105, “Qual o caminho para naturalizar a maternidade no ambiente corporativo?” com Marina Franciulli, Head de sustentabilidade financeira e projetos de impacto da b2Mamy e Shirlei Lima, Gerente de Produto da DIMEP. Clique no app abaixo:

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Capa: Depositphotos