Muitas das questões sociais que costumavam ocupar a agenda de governos antes de 2020 – como ampliação de acesso das minorias ao mercado de trabalho e atendimento à população menos favorecida – ficaram em segundo plano com o surgimento da Covid-19.

De lá para cá, o que vemos é um setor público sobrecarregado, lidando ainda com os impactos da pandemia e os problemas dela decorrentes, em especial o aumento da insegurança alimentar entre os mais pobres.

Assim, passados mais de dois anos, em muitas frentes ainda não foi possível retomar de maneira efetiva as ações de enfrentamento a essas questões, bem como poucos progressos foram feitos no país no sentido de retomar os níveis esperados de crescimento econômico, emprego e renda.

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Além disso, o período da pandemia mostrou claramente a fragilidade das nossas estruturas de proteção social, fragilidade essa que, em momentos de crise, elimina empregos entre os menos qualificados, retira alimentos das mesas mais pobres e rouba o futuro de jovens em situação de vulnerabilidade.

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Tudo isso já é terrível do ponto de vista humano; mas, do ponto de vista econômico, é também desastroso, já que reduz a massa de rendimentos, diminui o mercado consumidor e coloca toda a economia em uma situação delicada, levando as questões sociais cedo ou tarde a baterem à porta das empresas.

E é por isso que, no atual cenário, a presença da iniciativa privada se faz cada vez mais necessária. Certamente as empresas não podem colocar sobre os ombros o peso de resolver todos os problemas sociais do País. Mas é fundamental que o empresariado desperte para o fato de que é estratégico engajar-se em causas sociais, pois isso vai além da imagem da marca ou do necessário atendimento à legislação, cujo descumprimento pode penalizá-los.

É um investimento na própria sustentabilidade no longo prazo, e o consumidor está atento a isso.

Hoje, o aumento da fome é o aspecto mais preocupante de nossas demandas sociais. Muitas empresas têm se mobilizado em torno de doações e ações voluntárias envolvendo funcionários. Mas essa é uma solução paliativa. Todos sabemos que ganhar uma cesta básica é bom, mas ter renda suficiente para adquirir essa cesta e vários outros itens de necessidade é o caminho para evitar a repetição desse desastre humanitário.

Desenvolver ou unir-se a projetos voltados à educação para a cidadania, ao desenvolvimento de talentos, à qualificação para o trabalho e para o empreendedorismo é o melhor investimento social que uma empresa pode fazer a médio e longo prazo. Esses projetos costumam ser o passaporte certeiro para um trabalho mais bem remunerado e para uma vida mais digna.

É preciso fortalecer essa cultura de engajamento e abandonar a ideia de que atuar no social é um investimento a fundo perdido. Ajudar pessoas a construir conhecimento, melhorar a empregabilidade, buscar melhores oportunidades, é um investimento de valor inestimável no futuro de todos nós. É um caminho viável para transformar uma legião de vulneráveis em verdadeiros cidadãos – que participam da vida em sociedade, produzem, consomem, evoluem. Com isso, ganham as pessoas, ganham as empresas, ganha todo o País. É um projeto de humanidade.

O papel das empresas na transformação da Sociedade

Por Mário Ugolini, presidente do CAMP Pinheiros. Em atividade desde 1978, o CAMP Pinheiros atua na Assistência Social promovendo o desenvolvimento pessoal e profissional de adolescentes, jovens, pessoas com deficiência e adultos, num trabalho voltado à inclusão ao mundo do trabalho, além de oferecer cuidado específico para idosos e apoio e orientação aos seus familiares, priorizando famílias em situação de vulnerabilidade social e econômica. Opera em articulação com políticas públicas comprometidas com a proteção social, inclusão e integração ao mundo do trabalho.

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Capa: Deposithphotos