As experiências que cada colaborador tem ao longo de sua jornada dentro de uma empresa vão sendo sedimentadas e, espontaneamente, definem um conceito que responde a questões como:

  • “Por que devo ficar aqui?”,
  • “Por que devo trabalhar aqui e não em outra organização?” e
  • “Por que eu recomendo a marca/empresa onde trabalho?”.

Ao apurar e organizar essas respostas, a empresa pode construir uma proposta de valor ao colaborador, mais conhecida como Employee Value Proposition (EVP), que poderá contribuir para a atração e retenção dos talentos, bem como na construção de sua reputação como marca empregadora.

Não se trata apenas de um processo de gestão que visa deixar as pessoas mais engajadas, mas de tudo o que envolve o ciclo de vida deste profissional em relação àquela empresa, gestor, cliente, processos, cultura etc.

Para que uma proposta de valor tenha sucesso precisa começar de dentro para fora. O EVP não é criado, trata-se de algo que a empresa identifica, se apropria e passa a usar como parte de sua identidade; faz disso uma cultura organizacional forte.

O mapeamento que concretiza o que os colaboradores estão vivenciando na empresa é essencial para entender o que pode ser melhorado nessa experiência, que começa no primeiro contato com a marca e termina no encerramento do seu ciclo, quando o profissional sai da companhia.

A pesquisa Glassdoor/Harris Poll aponta que 86% dos funcionários e candidatos pesquisam avaliações das empresas antes de decidirem se candidatar a uma vaga.

Os desafios são grandes para as organizações que prestam serviços de alimentação e facilities e que estão “dentro da casa” dos clientes, como é o caso da Sodexo, que tem mais de 46 mil colaboradores e, destes, cerca de 95% estão alocados em mais de duas mil unidades dos nossos clientes no Brasil.

Além disso, devido à natureza do nosso negócio, podemos proporcionar oportunidades para diversos tipos de profissionais, nas várias áreas de expertise e níveis da organização, que atuam em todas as regiões de um país continental e, por esses motivos, com grande distinção nas respectivas expectativas.

São diversas realidades, como a das equipes operacionais que trabalham alocadas, imersas no ambiente e na cultura do cliente, mas que levam consigo o propósito da Sodexo em suas atividades diárias.

Como criar algo que faça sentido para esse profissional, para que ele sinta orgulho de pertencer?

Realmente, isso demanda um nível de personalização muito específico do EVP, tornando bastante complexo construir uma proposta de valorização que faça sentido e seja interessante para todos, considerando expectativas dos níveis operacionais ao executivo. Mas compreender o dia a dia de cada um e sentir na pele seus desafios faz toda a diferença.

Como liderança de RH, certa vez tive o desafio de fazer uma pesquisa para entender o clima organizacional de uma determinada operação. Os colaboradores estavam muito focados na entrega aos consumidores de um cliente e seria bem difícil parar a operação e captar as informações necessárias.

Como espírito de servir é um dos nossos valores, é algo vivo por aqui e incentivamos que seja praticado entre todas as áreas, não pensei duas vezes e coloquei a máscara, a touca e o avental para conseguir “viver” o clima da cozinha.

Depois de estar devidamente paramentada, assumi um dos “postos” da operação para entender de fato aquela realidade. Por meio da vivência – e com uma escuta ativa – pude entender quais eram os desafios diários daquele grupo.

O trabalho de campo foi realizado, mas, mais do que isso, conseguimos captar algumas novas percepções e fazer ajustes simples e necessários que permitiram elevar a experiência daqueles profissionais.

Vejo isso como uma atitude básica, pois ter líderes próximos as equipes deveria ser a regra e não a exceção. Temos como ambição, colocar o colaborador no centro de tudo o que fazemos, pois sabemos que nesse ciclo virtuoso, nossos clientes receberão o melhor atendimento.

Colaboradores que se sentem pertencendo a uma grande equipe, acolhidos em sua totalidade do jeito que são, em que sua presença e sua opinião importam e que estão, acima de tudo, exercendo e desempenhando um papel alinhado com os seus valores e propósito, atuam como embaixadores da marca nas empresas.

É na simplicidade do dia a dia que o EVP acontece: em uma liderança humanizada e nas pequenas oportunidades de manifestação legítima da empatia. A empresa que consegue olhar para isso e que cuida das pessoas de uma forma genuína, torna-se desejada e atraente para os grandes talentos, algo muito valioso não somente para o RH, mas para toda a organização, clientes e consumidores, além de ser um diferencial para o negócio.

A construção do EVP é uma jornada contínua, que se retroalimenta da experiência real em todos os pontos de contato da marca.

Quando bem direcionado, o EVP permite que as pessoas atinjam seu máximo potencial, tornando-se protagonistas de seu crescimento ao longo da sua jornada profissional dentro de uma organização.

EVP: a manifestação genuína do foco em pessoas

Por Ana Menegotto, Vice-presidente de Recursos Humanos da Sodexo On-site Brasil.

 

 

 

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