O mundo do trabalho está pulsando mudanças. E quase todas elas envolvem, em algum nível, profissionais de Recursos Humanos, Gestão de Pessoas, Gente & Gestão.
Isso porque, as provocações atingem camadas profundas das empresas, questionando o propósito e o modus operandi que servem de base para existirem – tópicos que são inerentes à nova posição que essas áreas ocupam nos negócios.
Ou seja, o ponto de encontro de todas as transformações está na raiz: a cultura organizacional.
A cultura é absorvida pelas pessoas e também modificada por elas, portanto, é viva e fluida. Dentro das organizações, a cultura carrega a missão, visão, valores e práticas capazes de criar uma identidade e percepção sobre como é a empresa.
É claro que, toda e qualquer companhia, estabelece esses pilares partindo de premissas positivas — respeito, ética, fazer o mundo melhor, ajudar as pessoas. No entanto, é muito comum uma dissonância entre o que está definido com o que é praticado.
Fato é que, no mundo de hoje, com comportamentos e valores emergentes, essa distância entre o dito e o feito não está sendo muito mais tolerada pelas pessoas, sejam profissionais ou consumidores.
Há alguns anos, o conceito de Glass Box (caixa de vidro, em português) foi criado para traduzir o quanto a cultura organizacional, agora visível para a comunidade, influencia diretamente tanto na decisão de compra quanto na hora de aceitar uma proposta de emprego. Mais do que nunca, é o cerne da estratégia dos negócios.
Na pesquisa “The Great Realization: panorama do mundo do trabalho 2022”, do ManpowerGroup, que fala sobre tendências, foi identificado que 2 em cada 3 trabalhadores querem trabalhar para organizações com valores semelhantes aos seus.
Já a pesquisa da Edelman Trust Barometer 2022 aponta que 63% dos brasileiros compram ou defendem marcas com base em seus valores e crenças. Segundo o mesmo estudo, as empresas são as instituições, ao lado de ONGs, que mais inspiram confiança da sociedade.
Sendo assim, há claramente uma expectativa em torno da postura e do posicionamento das empresas que extrapola os muros da organização.
Mas, para reverberar para fora, é preciso construir dentro. Até porque, um dos grandes desafios atuais para as empresas é a intensa escassez de talentos — no Brasil, 81% dos empregadores afirmaram ter dificuldades de encontrar habilidades necessárias, de acordo com a mais recente pesquisa da nossa empresa sobre o tema.
Formatos de trabalho, estilo de liderança, comunicação, reconhecimentos e benefícios, apoio ao bem-estar são, por exemplo, algumas das questões que precisam ser tratadas pela lente da cultura organizacional para, realmente, formarem um EVP (Proposta de Valor ao Colaborador) que tenha consistência.
Nesse sentido, é fundamental que profissionais de Gestão de Pessoas acompanhem as novas necessidades e demandas dos trabalhadores.
O estudo “The Great Realization” traz insights que mostram que 49% dos trabalhadores mudariam de organização para terem maior bem-estar. Além disso, 4 em cada 10 querem escolher em quais dias trabalham remotamente e ter a flexibilidade de mudar esses dias a cada semana.
A pesquisa aponta ainda que 7 em cada 10 acreditam que o trabalho que fazem é importante e querem que suas contribuições sejam reconhecidas pela gestão.
Além disso, ampliando o raio, a cultura também deve se comprometer com temas de interesse da sociedade, como o caso da redução da desigualdade e ações para a sustentabilidade.
Ao estabelecer — e realizar — princípios que prezem por diversidade, inclusão e consciência socioambiental, as empresas se tornam agentes de mudanças urgentes para o nosso mundo, atendendo aos anseios das pessoas.
No estudo também é possível notar esse movimento por parte das empresas, pois 6 em cada 10 organizações estão vinculando as metas ESG (sigla em inglês para Meio Ambiente, Social e Governança) ao seu propósito, e 2 em cada 3 organizações relatam ESG como foco crucial para sua organização.
É da cultura organizacional que nascem as estratégias de employer branding (marca empregadora), assim como o employee experience (experiência do colaborador).
E a forma como as empresas materializam seus valores e suas premissas no dia a dia, nos processos, nas interações e nas entregas é o que abre espaço para novas e melhores oportunidades de desenvolvimento, seja pela atração e retenção de talentos, seja na expansão de valor para parceiros e demais stakeholders.
Cultura, como um ser vivo, não se resume a um documento, embora possa surgir de um, mas está manifesta diariamente no trabalho e deve ser cultivada para ser cada vez mais potente.
Por Wilma Dal Col, Diretora de Gestão Estratégica de Pessoas no ManpowerGroup Brasil. É formada pela Universidade Metodista de São Paulo e conta com mais de 30 anos de experiência na área de RH, além de atuar há 20 como consultora. Wilma também já trabalhou em empresas nos setores industrial, varejo, aviação, serviços, financeiro, público, setor misto e saúde.
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