Pessoas que utilizam o mindset fixo têm a tendência de deixar a felicidade de lado, pois aprenderam a “crença” de que ao se empenharem terão sucesso nos negócios, e somente quando alcançarem este sucesso, é que finalmente serão felizes.

A crença estabelecida é que a felicidade é o “fim”, algo que se busca como uma recompensa, ou seja, é reconhecido e valorizado, por isso é feliz.

Mas, na verdade, as novas descobertas da ciência sugerem o oposto, ou seja, já somos felizes, e assim somos mais propensos à felicidade. É como se a felicidade fosse a mola propulsora para que pudéssemos atuar na vida e assim alcançarmos os nossos propósitos. Então, definitivamente, o que se busca é o propósito, e não a felicidade.

Por exemplo, os corretores de imóveis otimistas fecham 56% mais vendas que seus colegas pessimistas. Isso porque nossa mente é programada para responder com melhores resultados quando está configurada no modo positivo.

Porém, em função de como fomos influenciados, pensamos e nos comportamos com ações que nos autossabotam, e por conseguinte, isso nos impede de usufruirmos sonhos.

Simplesmente porque a forma como programamos nosso cérebro nos controla e nos faz agir em muitas oportunidades em desacordo com o propósito que se quer alcançar.

Um exemplo é a pessoa obesa, que insiste em não fazer atividade física e a não comer alimentação saudável. Ela sabe que a atividade física e a alimentação saudável vão fazer bem pra ela, e podem ajudá-la a emagrecer, mas o seu comportamento é o contrário, configurando resultado oposto ao qual ela gostaria de receber.

Nos últimos anos, atendendo inúmeras pessoas com problemas dos mais diversos relacionados a saúde mental, tenho a consciência do quanto estamos equivocados em relação às nossas crenças, e que elas são as responsáveis pelo primeiro estágio do adoecimento mental.

Os novos achados da ciência apontam que a maneira mais eficiente de se engajar colaboradores e motivá-los a buscar a conquista dos propósitos empresariais é proporcionar felicidade ao invés de pressão, cobranças e tortura psicológica.

Porém, é preciso entender a diferença entre proporcionar alegria e proporcionar felicidade. Alegria é uma emoção que acontece geralmente de maneira rápida.

A empresa investe no “dia da família”, em que o colaborador leva os filhos, esposas ou maridos para viverem um momento juntos no ambiente laboral. É um dia alegre, festivo, mas o dia termina, e a alegria também. O período em que a empresa paga a participação de lucro na empresa para o colaborador é um dia alegre.

O colaborador recebe o dinheiro, toma as providências em relação àquele ganho, mas o dia passou, e muito provavelmente a alegria também. A alegria é boa, mas tem um tempo de atuação muito pequeno.

Agora, a felicidade é um sentimento, é algo duradouro que faz a pessoa levantar todos os dias com a disposição de fazer e acontecer porque ela vislumbra a conquista do seu propósito logo ali.

Mesmo diante da retração econômica que estamos passando em função dos dois anos de pandemia, muitas empresas enxergaram que treinando melhor o seu capital humano, conseguem expandir a sua produção e auferir mais lucro sem que tenha que fazer grandes investimentos.

Enfim descobriu-se que o capital humano nas empresas é um diamante bruto que, ao ser lapidado, torna-se uma preciosidade e ajuda mais efetivamente as organizações alcançarem os seus objetivos.

Estudos científicos já comprovaram como CEOs podem se tornar 15% mais produtivos ou como os gestores podem aumentar em 42% a satisfação do cliente, porém pouco ou quase nada se fez para tornar esse conhecimento em algo prático que possa mesmo reverter em benefícios para as organizações.

Então, como a felicidade, ou um treinamento de reprogramação da mente com o objetivo de entregar mais felicidade, podem melhorar o desempenho das organizações?

Primeiro é importante sabermos que a felicidade “é um prazer combinado com um senso mais profundo de sentido e propósito”. Isto é, a felicidade é algo que se vive no aqui agora e que estabelece uma perspectiva positiva para um tempo vindouro.

Ao contrário, a alegria decorre do ato das pessoas buscarem apenas o prazer, e com isso experimentam apenas o benefício do prazer, sendo que a felicidade além do prazer faz a pessoa combinar o envolvimento com o senso de propósito, o que constituiu na continuidade daquela vivência.

No mundo acadêmico, encontramos centenas de milhares de estudos científicos que comprovam que a felicidade leva ao sucesso em quase todas as áreas da nossa vida, ou seja, nos relacionamentos, saúde e bem-estar, envolvimento social, resolução de problemas e, em particular, no trabalho, carreira e negócios.

Revisitando a ciência, encontramos muitos dados que comprovam que trabalhadores felizes são mais produtivos, usam mais a criatividade para fechar mais vendas, se tornam líderes mais flexíveis e se adaptam melhor às circunstâncias da vida.

Recebem melhor um feedback, e reagem a ele de maneira mais adequada, e, portanto, se tornam tão imprescindíveis para a empresa que são mais bem remunerados.

Certamente os benefícios de se trabalhar a felicidade no ambiente corporativo não param por aí.

Isso explica por que Richard Branson, CEO da Virgin, disse que “mais do que qualquer outro elemento, a diversão é o segredo do sucesso da Virgin”.

Como executivo de resultados, Branson mediu as ações que levavam felicidade e diversão para os seus colaboradores, e o resultado é que o seu capital humano se tornava mais predisposto à criatividade e à inovação.

Capital humano nas empresas é um diamante bruto a ser lapidado

Por Renato Lisboa, neuropsicanalista, autor do best seller “3 Segundos: Escolhas que transformam a vida“, vice-presidente da Abrapcoaching e CEO do Instituto Lisboa.

 

 

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