A geração Z, nascida entre meados dos anos 1990 e 2000, é caracterizada como ‘nativa digital’ por seu profundo domínio e familiaridade com a tecnologia desde o nascimento.
Embora essa ‘habilidade’ seja bastante vantajosa no mercado de trabalho, diversas empresas têm encontrado dificuldades em lidar com estes jovens em função de suas características que confrontam outras gerações, como o modelo de interação e a velocidade de crescimento esperada, por exemplo.
De acordo com o relatório “Tendências de Gestão de Pessoas”, conduzido pelo Ecossistema Great People & GPTW, consultoria global de cultura de confiança, alto desempenho e inovação, 68,1% do mercado de trabalho diz ter dificuldades em lidar com essa geração.
A incompatibilidade de perfis é confirmada quando se vê a Geração Z preferir buscar a orientação de carreira no ChatGPT ao invés de alinhar essas expectativas com seu mentor.
Esse dado foi alertado numa análise da Intoo, organização norte-americana de desenvolvimento de carreira e recolocação, junto com a agência de pesquisa Workplace Intelligence. A pesquisa mostra que 47% dessa geração adota uma Inteligência Artificial como mentor de carreira.
Diante desse cenário, fica evidente a necessidade de encontrar caminhos nessa relação de diferentes gerações, considerando que é preciso se adaptar aos estímulos e valores que esses jovens consideram importantes.
Por exemplo, o tempo desses jovens em relação a novas oportunidades é constantemente disputado pelo ambiente tecnológico em que eles estão inseridos, o que exige ainda mais das empresas implementando estratégias inovadoras para atrair e reter esses talentos, sem contar a velocidade de crescimento profissional que eles consideram como condição de trabalho.
Certamente, as oportunidades de trabalho mais atrativas serão aquelas que ofereçam a melhor combinação de utilização do tempo de forma produtiva em um ambiente atrativo junto com a possibilidade de aplicar a sua mentalidade empreendedora nessas mesmas oportunidades.
Além disso, colocar um plano de carreira tangível em que a percepção de ser protagonista se materialize é outro caminho favorável nesta relação de descobertas, que podem possibilitar resultados positivos à organização.
Citando algumas iniciativas para começar a mudar esta realidade para melhor, promover um modelo de carreira aberta é uma opção atrativa para a Geração Z. Neste caso, quando analisamos o mercado de trabalho de tecnologia, é possível oferecer oportunidades para que os talentos escolham os projetos nos quais desejam trabalhar, dando mais autonomia às atividades.
Além disso, as organizações podem inserir o uso da tecnologia, por meio de plataformas baseadas em ciência comportamental, para ajudar a criar uma cultura organizacional voltada a um propósito compartilhado. Uma companhia IA driven, ou seja, orientada pela Inteligência Artificial, coloca um contexto interessante para esta Geração Z.
No quesito relacionamento interpessoal, é importante priorizar o contato humano, com mentorias empáticas, levando em consideração a identidade e as necessidades específicas dessa geração.
Muitas vezes, para os Babies Boomers e a Geração X, que são as pessoas nascidas de 1945 a 1964 e entre 1965 e 1980, respectivamente, ou seja, a maioria dos líderes quando pensamos numa estrutura organizacional mais tradicional, alguns aspectos da relação se tornam distantes porque os propósitos e o ritmo são diferentes.
Portanto, adotar um tom mais flexível e adaptável, valorizando a autenticidade e a autonomia, ajuda a promover uma cultura organizacional inclusiva e colaborativa.
Nesse caminho, as empresas poderão enfrentar com mais tranquilidade os desafios singulares desta Geração Z, garantindo sucesso no ambiente corporativo contemporâneo sem frear as mudanças positivas que são promovidas pela chegada dos novos profissionais, que, de certo, transformaram as organizações com uma nova perspectiva e seguramente com novas formas de inovar.
Por Javier do Porto, gerente do centro de desenvolvimento de talentos da Globant Brasil, empresa nativa digital focada em reinventar negócios por meio de soluções tecnológicas inovadoras.
Ouça o episódio 155 do RH Pra Você Cast, “O impacto da Geração Z nas relações de trabalho“. Pela primeira vez, quatro gerações dividem o mesmo ambiente de trabalho no mundo corporativo. Uma delas, a Geração Z, tem trazido diversas transformações e reflexões ao mercado de trabalho. Mas será que as empresas, líderes e RH conseguem entender o que esses jovens buscam e almejam para suas carreiras? O que tudo isso exige de revisão por parte da gestão de pessoas e como se tornar um “parceiro estratégico” desses profissionais? Neste episódio, conversamos com a doutora especialista em Geração Z, Thaís Giuliani, também consultora, mentora, escritora e criadora da Geração Zimago. Acompanhe:
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