Com a Geração Z, que hoje tem entre 18 e 24 anos, chegando com força ao mercado de trabalho, as empresas se veem diante de um desafio inédito no mundo corporativo: adaptar-se para atender esses jovens e, ao mesmo tempo, unir três diferentes perfis de profissionais, com interesses e características bastante diversas entre si, num mesmo ambiente de trabalho.
Até 2025 a estimativa é que os ‘zennials’ já representem 25% da força de trabalho global, trazendo como bagagem positiva um conhecimento ‘nato’ das novas tecnologias, além de ser uma geração que valoriza a diversidade e a inclusão de uma forma que as mais antigas ainda têm dificuldade em enxergar.
Mas, ao contrário da Geração Silenciosa, que nasceu nos anos 40 e aprendeu a valorizar a segurança no emprego e a ascensão da carreira em uma mesma empresa, ou da chamada Geração Y, cuja maior ambição era chegar aos cargos de liderança, para esses jovens o trabalho é apenas uma parte da vida. E nem sempre a parte mais importante.
A GenZ acredita que o sucesso não se mede mais pela velocidade com que são promovidos e chegam ao topo da carreira. Seu conceito de realização é encontrar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, buscando um emprego em que se sintam realmente felizes.
A verdade é que essa nova geração passou uma borracha em todos aqueles velhos conceitos já estabelecidos no universo corporativo. E ao reescrever as regras do jogo profissional está subvertendo a ordem das coisas.
Os funcionários da Gen Z acreditam que são mais do que seus trabalhos e querem que seus empregadores saibam disso. Eles estão ligados, é claro, em crescer e fazer a diferença onde trabalham. Mas não se importam em criar muitas raízes na empresa e nem estão preocupados em ocupar cargos de liderança. E por enfrentarem dificuldades em enxergar a longo prazo, facilmente se sentem estagnados.
Essa mudança de atitude traz desafios significativos para as empresas, principalmente as startups que possuem um quadro de funcionários majoritariamente júnior. A falta de interesse da Geração Z em assumir cargos de liderança afeta os planos de sucessão e crescimento das organizações. E isso, claramente, é um problema!
Resta saber, então, como as empresas vão lidar com esse novo perfil de profissionais, de forma moldá-los e a mantê-los motivados e engajados. A preocupação nesse sentido é tão grande que há, inclusive, empresas criando o cargo de ZEO para coordenar ações e pesquisas voltadas a entender melhor os ‘zennials’.
Para atrair e reter talentos da atual geração as companhias já perceberam que precisam ajustar suas estratégias de recrutamento, comunicação e cultura organizacional e estão fazendo isso passando a oferecer maior flexibilidade no trabalho e adotando políticas de promoção e impacto social.
Mas eu digo que é preciso ir além: se quiserem formar um time capaz de mantê-las competitivas no mercado, será preciso adotar uma abordagem personalizada e inovadora para cultivar futuros líderes. Isso pode incluir a redefinição de incentivos, o fortalecimento do apoio ao desenvolvimento de carreira e a criação de um ambiente de trabalho que alinhe as ambições pessoais com os objetivos corporativos.
A Geração Z valoriza a liberdade de ação e o relacionamento pessoal. Assim, dar autonomia para que os jovens desenvolvam suas funções e tragam novas ideias e, ao mesmo tempo, cultivar uma política de feedback construtivo que seja capaz de guiá-los em seu desenvolvimento profissional são pontos fundamentais.
As empresas que conseguirem contemplar todas essas expectativas da nova geração – e isso sem perder de vista a contribuição que os funcionários das gerações passadas podem dar – com certeza estarão mais preparadas para atuar no cenário atual e futuro dentro de um universo corporativo em constante transformação.
Por Deives Rezende Filho, fundador da Condurú Consultoria e possui 40 anos de experiência no mercado financeiro e em outras empresas.
Ouça o episódio 155 do RH Pra Você Cast, “O impacto da Geração Z nas relações de trabalho“. Pela primeira vez, quatro gerações dividem o mesmo ambiente de trabalho no mundo corporativo. Uma delas, a Geração Z, tem trazido diversas transformações e reflexões ao mercado de trabalho. Mas será que as empresas, líderes e RH conseguem entender o que esses jovens buscam e almejam para suas carreiras? O que tudo isso exige de revisão por parte da gestão de pessoas e como se tornar um “parceiro estratégico” desses profissionais? Neste episódio, conversamos com a doutora especialista em Geração Z, Thaís Giuliani, também consultora, mentora, escritora e criadora da Geração Zimago. Acompanhe:
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