Lifelong learner, “e o que você está aprendendo no momento?”

Lifelong learner: Provavelmente você já recebeu esse questionamento de amigos, em uma entrevista de emprego ou até de você mesmo. Parece que aprender constantemente tornou-se fundamental nos dias de hoje. Isso é verdade. Mas sempre foi assim.

Não é de agora que começamos a falar de aprendizado ao longo da vida. Nos anos 70, algumas entidades globais como a Unesco e a OCDE já se preocupavam com uma população que vivia cada vez mais em um mundo de mudança constante.

Se você acompanhar todos os livros de negócio dos últimos 30 anos, há uma mensagem meio parecida: a tecnologia avança sobre os empregos, vivemos um momento de transformação acelerada e precisamos nos reinventar sempre. A solução seria uma busca frenética por aprendizado que ocorra de maneira rápida, eficiente e com garantia de sucesso.

Não é um tema recente, mas de repente virou prioridade. Por quê?

Talvez tenha sido a oferta gigantesca de cursos online e outras oportunidades de aprendizado à distância que surgiram durante a pandemia, impulsionando uma mistura de desejo e culpa que já estava latente em cada um de nós.

Ou então, pode ter sido simplesmente a necessidade de adaptação que essa ruptura inesperada e intensa trouxe para nossas vidas. Do dia para noite tivemos que aprender a cozinhar, coordenar times online, apoiar filhos e até mesmo buscar paz interior em momentos em que duvidamos da nossa própria capacidade de aguentar isto tudo. A questão é que precisamos mudar e nos adaptar neste período. E isso se chama aprendizado.

Não é necessário inscrever-se em um curso ou ler um livro para aprender. Somos todos seres em constante mudança e crescimento. A vida oferece e demanda essa postura. A cada etapa de nossa história, somos levados a nos adaptar: faculdade, primeiros trabalhos, autoconhecimento, casar ou não, ter filhos ou não, mais autoconhecimento, relacionamento com família, posicionamento político, pensar na aposentadoria, cuidar dos pais. A cada dilema, a maneira como escolhemos os caminhos da nossa vida se dá pelo aprendizado.

Demanda X realidade

Não quero diminuir a importância das atividades estruturadas de aprendizado individual ou em grupo. Acho ótimo o aumento exponencial de ofertas de cursos, masterclasses, lives, webinars e outras formas de desenvolvimento. Contudo, me parece que estamos gerando uma pressão artificial por aprendizado ao longo da vida.

Me deparo cada vez mais com mensagens do tipo “se você não aprender, você ficará para trás” ou “as pessoas que participaram desses encontros tiveram ganhos financeiros magníficos”. Tudo isso junto com uma estratégia que utiliza princípios da economia comportamental – escassez, necessidade de vínculos – para venderem cursos.

Questiono a efetividade de programas em que nos inscrevemos por medo, pela ansiedade de perder a vaga ou de pagar mais caro. A andragogia – ciência que estuda o aprendizado adulto – tem como seu primeiro princípio a necessidade do aprendiz. Só há esforço e foco de energia em projetos de aprendizado, quando realmente sentimos que precisamos. É aí que muitas mensagens de venda de cursos atuam.

No entanto, esse não é o único princípio. Para que o aprendiz adulto realmente se engaje em um processo de desenvolvimento, é preciso que exista motivação intrínseca. A possibilidade de receber um aumento ou de ser promovido também contam como motivações, mas não são suficientes. Só aprendemos de verdade quando o desejo de saber mais sobre algo vem de dentro.

Por isso, para se tornar um lifelong learner, foque menos em descobrir as “5 habilidades mais importantes para o futuro do trabalho” e mais em desenvolver sua capacidade de prestar atenção ao que desperta sua curiosidade e te move. Esse olhar para dentro, combinado a um olhar para fora, sempre atento às oportunidades de aprendizagem que a vida naturalmente já nos apresenta, é o que faz um verdadeiro lifelong learner.

lifelong learner

Por Conrado Schlochauer, co-fundador da nōvi e autor do livro “Lifelong Learners – o poder do aprendizado contínuo” (Editora Gente).

 

 

Ouça também o PodCast RHPraVocê, episódio 72, “O papel do RH e do gestor de pessoas na chamada “nova economia”” com Diego Barreto, vice-presidente de Finanças e de Estratégia e Susanne Andrade, especialista em desenvolvimento humano, ambos do Ifood. Clique no app abaixo:

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