Um dos maiores desafios enfrentados pelo setor de RH atualmente é conseguir atrair e reter talentos dentro das empresas, principalmente os profissionais mais jovens que chegaram ao mercado de trabalho com uma mentalidade e perfil bem diferentes das gerações anteriores. A geração Z, formada por aqueles que nasceram a partir da metade dos anos 1990 até o início de 2010, tem rompido muitos paradigmas e transformado completamente a lógica não apenas dos processos de seleção e treinamento de novos colaboradores, como também as rotinas de trabalho em si. Segundo a pesquisa Millennials – Unravelling the Habits of Generation Y in Brazil, ela já representa 24% do mercado de trabalho brasileiro.

Diferentemente dos Millennials (também conhecidos como geração Y), nascidos entre 1981 e 1995, que, apesar de serem mais preocupados com a sociedade e contrários às estruturas políticas e mercadológicas anteriormente estabelecidas, ainda enxergam no trabalho um meio para realizarem seus sonhos e não anseiam por mudanças muito disruptivas, a gen Z é pautada no cuidado com a natureza, e exigem das empresas, seja para trabalharem ou para consumirem, que adotem o ESG (práticas relacionadas à governança, à sociedade e ao meio ambiente).

Além disso, se relacionam com o ofício de uma maneira completamente distinta, principalmente se comparados aos baby boomers (nascidos entre 1945 e 1964) e a geração X (1965 – 1980): não o veem como uma prioridade e nem acreditam que ele será o responsável por trazer satisfação e felicidade, e também não querem um equilíbrio entre vida pessoal e profissional como o que conhecemos até então.

Na verdade, eles almejam ambientes realmente diversificados, trabalhos que façam sentido e que permitam que eles foquem em outras áreas de interesse, como hobbies, viagens, relacionamentos etc. De acordo com estudo realizado pelo Workmonitor, da consultoria Randstad, aproximadamente dois em cada quatro profissionais das novas gerações optam pelo desemprego a continuar em um trabalho que não gostam. Ainda segundo o mesmo levantamento, 56% da geração Z afirmaram que abandonariam o emprego caso ele interferisse em suas vidas pessoais.

Devido a todos esses aspectos, os recrutadores e gestores têm tido muita dificuldade tanto para contratar novas pessoas, quanto para mantê-las dentro das companhias. E esse cenário tem demandado que eles revejam seus conceitos e encontrem soluções criativas e diferentes para encontrar e reter talentos.

Precisamos ter em mente que nenhuma geração é igual a anterior, e é normal que elas tenham exigências e desejos divergentes. O que fazia sentido dez anos atrás, já não faz mais, e o que acreditamos e ansiamos agora, em pouco tempo também estará defasado, pois essa é a ordem natural da evolução da vida.

O lado positivo dessa situação é que ela obriga as organizações a olharem para si mesmas com outros olhos e faz com que elas estejam sempre se reinventando e atualizando. Isso traz uma enorme vantagem competitiva e garante que os melhores profissionais do mercado se interessem por essas companhias, e isso facilita o trabalho dos profissionais de RH de atrair e reter os times. Pense e invista nisso!

Gustavo Caetano é CEO da Samba Tech, embaixador da Reserva e autor do best seller “Pense Simples”. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.