O ano de 2022 promete ser animador para quem busca carreira na área de Recursos Humanos. De acordo com o estudo Demanda de Talentos em TIC e Estratégia Σ TCEM, publicado em dezembro pela Brasscom, os profissionais de RH devem ser os mais requisitados deste ano. Tecnologia e finanças também são áreas que se destacam.
“É urgente a formação de profissionais em tecnologia e as empresas estão investindo em desenvolvimento para dar conta da demanda por competências técnicas para compor seu quadro. Enquanto isso, áreas como RH e finanças tiveram um ritmo acelerado de trabalho e serão cada vez mais demandadas, já que as empresas precisam ser mais eficientes na contratação e nos custos para tornarem-se competitivas. Vimos um incremento de salário destas três áreas em 2021 e essa tendência permanecerá, há bastante competição por esses profissionais qualificados”, explica Fabio Battaglia, CEO da Randstad no Brasil, segundo informações da Agência Educa Mais Brasil.
Para o executivo da consultoria de RH, a pandemia da Covid-19 teve sua parcela de responsabilidade para o setor de Recursos Humanos se destacar. Diante de todas as incertezas e novos cenários impostos pela chegada do vírus, os profissionais de gestão de pessoas foram determinantes para lidar com as vulnerabilidades do atual contexto, desenvolver estratégias de contratação e trabalho híbrido e implantar uma cultura organizacional flexível.
“Está claro, em nossos estudos, que os trabalhadores querem formatos de trabalho mais flexíveis em diversos aspectos: dress code, local de trabalho, modelo de contratação, pacote de benefícios e jornada. E essa é uma grande proposição de valor para as empresas que querem atrair e reter seus talentos. Quem não se desenvolver e passar a trabalhar com essa mentalidade, vai ter muita dificuldade em dispor de um quadro de talentos engajado”, alerta Battaglia.
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Profissionais devem estar preparados para as mudanças
Embora, durante 2021, muito tenha se falado sobre “pós-pandemia”, a verdade é que os rumos em relação à Covid-19 são incertos e podem seguir impactando o universo do trabalho. Com a chegada da variante Ômicron e o novo boom de casos ao redor do mundo, as empresas precisarão continuar sendo estratégicas para seguir desenvolvendo pessoas, elevando a produtividade e engajando os colaboradores.
Para Débora Mioranzza, Vice-Presidente para a América Latina e Caribe da Degreed, plataforma de aprimoramento e requalificação da força de trabalho, para 2022 as chamadas soft skills, habilidades comportamentais como resiliência, empatia, capacidade de trabalhar em equipe, entre outras, estarão ainda mais buscadas do que nos anos anteriores.
“As habilidades pessoais continuarão em alta. Depois de tudo que passamos nos últimos anos, vamos ter de trabalhar em habilidades funcionais e emocionais. E, vejo o foco na produtividade e a redução de múltiplas tarefas ao mesmo tempo como algo central para o pós-pandemia”, analisa.
Ainda de acordo com a VP, as organizações tenderão a investir no reskilling (desenvolvimento de novas habilidades) e no upskilling (potencialização de skills que já são fortes) de seus colaboradores, tornando sua força de trabalho mais competitiva, atualizada e pronta para lidar com os mais diferentes desafios de mercado. Além disso, a aprendizagem terá destaque em 2022, com a área de T&D se aproximando do C-level.
“A aprendizagem e o desenvolvimento de pessoas estão diretamente ligados ao futuro das empresas. Assim, não é só o jeito de trabalhar que está mudando, as organizações também estão mudando suas estruturas e, cada vez mais, a área de Treinamento & Desenvolvimento está mais próxima do C-level. Uma pesquisa do LinkedIn, inclusive, já indicou esta tendência – em março de 2020, apenas 24% dos profissionais de T&D achavam que seu departamento tinha um assento na mesa executiva; em junho de 2020, esse número subiu para 62%, e, em março de 2021, chegou a 63%.
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Empresas também devem se adaptar para encontrar as pessoas certas
Segundo um artigo divulgado pela Sociedade Americana de RH, foi apresentado uma dificuldade mundial em achar candidatos para vagas de emprego e que por isso, muitas empresas estão tendo que se adaptar e até mesmo mudar algumas de suas políticas.
Tendo esse cenário em vista, a Heach Recursos Humanos, empresa de recrutamento e seleção, fez uma pesquisa com 120 recrutadores do Brasil para poder analisar esse cenário no território nacional, e os resultados foram surpreendentes.
85% desses profissionais afirmaram que está sendo o pior momento profissional de suas carreiras, pois não conseguem encontrar candidatos. Enquanto 10% afirmaram que estão passando por dificuldades e, apenas, 5% disseram que o mercado em que atuam não teve oscilações.
“É um momento único na nossa história que ainda estamos tentando entender, adaptar, mas definitivamente a relação de poder entre as empresas e os candidatos mudou e os candidatos chegam aos processos muito mais empoderados”, relata Elcio Paulo Teixeira, CEO da Heach Recursos Humanos.
E o levantamento não parou por aí. Ao serem questionados sobre a redução de pré-requisitos, com o objetivo de alcançar mais pessoas, 78% afirmaram que estão fazendo isso constantemente, 16% que precisam dessa mudança eventualmente, e 6% contam que não fazem isso.
Segundo a psicóloga Hélia Souza, nunca foi tão grande essa dificuldade e que com isso as empresas precisam fazer concessões e estar o tempo todo mediando o processo de contratação com as empresas, que ainda não se adaptaram a essa nova realidade e continuam buscando candidatos dentro de um padrão pré-pandemia, contudo ele já não existe mais.
Entre as mais novas expectativas dos recrutados perante a uma vaga, 44% buscam flexibilidade no trabalho, 26% salários mais altos, 13% pacotes de benefícios, 13% plano de evolução de carreira e 4% investimentos em formação. A partir disso é possível perceber como a pandemia mudou o olhar do trabalhador, que hoje procura um emprego mais flexível, deixando o salário para segundo plano. Essa nova realidade pode ser facilmente explicada, já que com a situação que ainda estamos passando, as pessoas descobriram que é, sim, possível conciliar o trabalho com outras áreas de sua vida e isso se tornou primordial.
Por Bruno Piai