No ranking do Global Sentiment Survey 2021 de prioridades às quais organizações devem se atentar, executivos elencaram o reskilling e o upskilling de colaboradores, que até então nunca haviam figurado na lista, como os principais pontos de atenção para os próximos anos.
Por conta do “efeito Covid”, as empresas se viram diante de novas necessidades e de uma ruptura no modelo de trabalho, o que justifica a necessidade de profissionais cada vez mais qualificados não só em suas respectivas funções técnicas, como também em habilidades comportamentais – como a capacidade de adaptação, que foi duramente testada (e continua sendo) durante a fase pandêmica. Todavia, embora haja o consenso de que é necessário se qualificar e requalificar, muitas vezes não fica claro no que exatamente tempo e dinheiro devem ser investidos.
Qualificação é diferencial
Enquanto a taxa geral de desemprego no País gira em torno de 14% – segundo dados da última Pnad trimestral disponível –, entre profissionais com 25 anos ou mais e ensino superior completo, essa taxa cai para 6,9%. Ou seja, quanto maior a qualificação, menor o desemprego.
Diante desse cenário a Robert Half, empresa de recrutamento especializado, em parceria com a Fundação Dom Cabral, fez um levantamento com 979 pessoas, entre empregados e desempregados, para entender como andam as práticas de upskilling e reskilling, ou seja, de desenvolvimento de novas competências e requalificação.
Entre os empregados, 52% fizeram upskilling ou reskilling nas empresas, tendo como principal motivação a vontade de aprender (71,08%), seguida do desejo de desempenhar melhor seu trabalho atual (47,91%). A melhora na remuneração foi o terceiro fator mais citado pelos entrevistados (46,52%), como mostra o quadro:
“Quando fazemos essa análise por faixa etária, é possível perceber uma grande diferença entre jovens até 35 anos e pessoas a partir de 46 anos. O fator remuneração é um dos mais citados pela faixa mais jovem, com 55,94%”, destaca Paul Ferreira, professor e diretor do Centro de Liderança da FDC.
Perguntados sobre os principais desafios enfrentados para buscar upskilling e reskilling em suas empresas, os entrevistados afirmaram que o principal é a falta de tempo (88%), a falta de incentivo (70,9%) e o desinteresse em desenvolver as habilidades requisitadas pelos treinamentos (66,7%).
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“O profissional precisa estar atento para desenvolver as habilidades demandadas por sua carreira e posição, ou até mesmo entender os requisitos de outra posição almejada, mas alçar novos voos é positivo, quando o interesse parte do colaborador e vai ao encontro de iniciativas da empresa, que deve oferecer o estímulo para que ele permaneça e se aperfeiçoe no negócio”, afirma Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul.
Em busca da recolocação
A pesquisa também ouviu profissionais que estão em busca de recolocação no mercado, para entender sua percepção sobre upskilling e reskilling. Entre os entrevistados, 60% afirmaram que buscam aperfeiçoamento e reciclagem durante o período em que estão desempregados. Perguntados sobre suas principais motivações, 63,46% dizem buscar novos cursos para crescimento pessoal; 60,74% afirmam querer ser contratados mais rápido; 59,01% buscam desempenhar melhor seu trabalho; e 53,33% apontam a vontade de aprender.
Entre os desempregados, 90,6% afirmam estar buscando desenvolver e aprimorar suas habilidades, mas enfrentam alguns desafios significativos, como o alto custo de obter treinamento (85%), a dificuldade de encontrar material didático adequado (75%) e a falta de informações sobre em quais habilidades focar (57%).
“Vale destacar que existe ainda um recorte geracional entre aqueles que buscam recolocação. O grupo dos que têm mais de 46 anos é hoje o que mais investe em reskilling e upskilling enquanto busca novas oportunidades de trabalho”, afirma Paul Ferreira, diretor do Centro de Liderança da FDC.
Para saber mais
Se o mercado de trabalho, como um todo, busca identificar quais serão as skills mais importantes para o pós-pandemia e o futuro do trabalho, é claro que o profissional de RH não pode ficar para trás e igualmente deve ter a compreensão sobre as competências que ele não pode deixar de ter para ser competitivo na área e realizar seu trabalho com o máximo de qualidade. Mas, que competências são essas?
Para te dar uma luz a respeito, o CEO do Grupo TopRH, Daniel Consani, e o jornalista Bruno Piai, bateram um papo com a consultora organizacional e uma das 25 mais influentes vozes do LinkedIn no Brasil, Emanuella Velez. Confira no player abaixo ou, se preferir, clicando aqui.