Falar que a pandemia de Covid-19 modificou diversos aspectos da vida em sociedade, desde a forma como consumimos, passando pela maneira como trabalhamos e até em como nos relacionamos uns com os outros, a essa altura, é chover no molhado. Porém, não deixa de ser importante fazer essas análises, pois só assim é possível compreender de fato todas as transformações que ocorreram no último um ano e meio – e não há momento mais propício para pensar no assunto do que o atual, principalmente porque as campanhas de vacinação estão apresentando resultados positivos e permitindo pouco a pouco a retomada das rotinas pré-pandêmicas.
Mas, ainda que as mudanças tenham acontecido de forma geral, o mundo corporativo foi um dos que mais sofreu alterações definitivas, que devem perdurar por muito tempo. E, por ter sido um dos setores que mais rapidamente se adaptou ao isolamento social e a quarentena para conseguir sobreviver, foi também aquele que com muita agilidade e inteligência entendeu como as transformações na forma de trabalhar, entregar resultados satisfatórios para os clientes e, principalmente, lidar internamente com as equipes poderiam ter enormes impactos no sucesso dos negócios.
Ao analisar o cenário da gestão mais a fundo, o que percebemos é que o home office, inicialmente forçado, abriu as portas para uma maior compreensão sobre o quão importante é investir na estrutura interna das empresas sob o ponto de vista de proporcionar melhores condições de trabalho para os colaboradores, colocando a sua disposição as melhores ferramentas para que consigam realizar suas tarefas com êxito e dando a oportunidade para que se qualifiquem e se desenvolvam constantemente.
E isso envolve uma mudança cultural intensa, que seja sentida e aderida tanto por aqueles funcionários que estão na ponta da operação, quanto pelos cargos C-Level. E foi exatamente isso que aconteceu em diversas companhias brasileiras, que entraram na crise sanitária com uma determinada formação, e saíram com o núcleo do negócio totalmente transformado, com times mais capacitados, engajados, motivados e melhor preparados para lidar com futuras adversidades, com os desafios dos avanços tecnológicos e com os novos desejos dos consumidores.
Antigamente, o mundo corporativo pensava nas hard skills como características essenciais para o sucesso das organizações, e, portanto, concentrava suas buscas em profissionais que contassem com elas. Porém, durante a pandemia e com as novas descobertas e mudanças na esfera do trabalho, as soft skills, definidas como habilidades comportamentais, acabaram sendo uma das qualidades mais admiradas e demandadas pelas organizações.
O que vimos é que as companhias perceberam que essas capacidades interpessoais, relacionadas ao gerenciamento do ser humano e a uma disposição maior em lidar com suas diferentes facetas e comportamentos, têm muito valor e podem ajudar a alcançar outros patamares na gestão interna e na busca por novas soluções e produtos, que sejam mais alinhados com as expectativas do público.
E, nesse novo momento, no qual há o relaxamento das medidas de segurança e distanciamento e a volta aos escritórios, fica a dúvida: estamos preparados para ficar longe de casa novamente? Como será a nova relação com o trabalho remoto? O home office permitiu passar mais tempo com a família, mas ele certamente carregou muitas sequelas de stress e altos níveis de dedicação e produtividade.
Por isso, é preciso refletir sobre os novos hábitos, comportamentos e desenvolvimento de aptidões na era pós-Covid-19. Acredito que as soft skills podem ajudar a tornar esse retorno mais leve, facilitando a integração com os outros colegas e auxiliando a lidar melhor emocionalmente com as mudanças que virão do trabalho remoto para o presencial ou híbrido. Pense e invista nisso!
Gustavo Caetano é CEO da Samba Tech, embaixador da Reserva e autor do best seller “Pense Simples”. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.