Em meio às comemorações – e, principalmente, às ações de conscientização – que marcam o mês da mulher, algumas organizações se destacam na condução de iniciativas inspiradoras e poderosas em prol da diversidade, da inclusão e, principalmente, do respeito e da equidade. Exemplo é a Pernambucanas, protagonista na construção de um ambiente de trabalho que valoriza o público feminino.

Para entender um pouco da jornada equitativa de uma das mais tradicionais redes varejistas do Brasil, vale um breve retorno à década de 1970. Foi nela que a marca se tornou uma das primeiras empresas do país a contratar vendedoras para o seu quadro de colaboradores.

De lá para cá, a Pernambucanas colecionou sucessos no trabalho com as mulheres. Hoje, entre seus mais de 12 mil funcionários, 74% são do público feminino, sendo elas 58% do total de líderes da companhia.

“Estamos em um grande momento na Pernambucanas. Com a chegada do novo CEO – Marcelo Labuto, que assumiu a função em outubro do ano passado –, temos evoluído em muitas coisas aqui dentro. Temos sentido uma nova dinâmica de engajamento, pessoas muito empolgadas. Isso dá ainda mais energia. Você faz alguma ação e vê os resultados acontecerem, principalmente quando o tema é mulheres”, salienta Renata Del Bove (capa), Diretora Executiva de RH e Sustentabilidade da marca.

Trabalho positivo

Entre algumas das iniciativas da Pernambucanas destinadas às suas colaboradoras e à população feminina como um todo – e também a outros públicos –, destacam-se:

  • Comitê Estratégico de Diversidade

Comissão formada por líderes responsáveis pelos Grupos de Afinidade, divididos em quatro principais temas: mulheres, pessoas negras, pessoas com deficiência e pessoas LGBTQIAP+. Cada grupo conta com colaboradores que desejam se aprofundar e serem aliados na defesa das pautas, além de contribuírem na construção de um ambiente corporativo mais diverso.

O Comitê tem a missão de ser um fator-chave na estratégia de diversidade, equidade, inclusão e pertencimento dentro da companhia e é responsável por planejar e elaborar ações voltadas ao desenvolvimento da cultura organizacional.

  • Berçário no local

Há 40 anos, as mulheres que trabalham na sede administrativa, em São Paulo, têm acesso ao espaço. A iniciativa contribui para um retorno ao trabalho mais acolhedor para as mães, pois podem ficar próximas de seu bebê até completarem 1 ano de vida, estimulando a conexão das mães com seus filhos.

As mães têm livre acesso ao berçário durante todo o dia e a cultura interna da empresa, especialmente no que se refere às lideranças, contribui para que o cuidado com o bebê seja realmente tratado como prioridade.

  • Programa Tem Saída

Ação que visa oferecer autonomia financeira para mulheres em situação de violência doméstica e familiar, por meio da empregabilidade e geração de renda. A iniciativa é uma política pública da Prefeitura de São Paulo, por intermédio do Ministério Público, Defensoria Pública, Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, OAB-SP e ONU Mulheres.

Desde 2019, é feita a contratação de mulheres que passaram por situações de violência doméstica para as lojas participantes do projeto.

  • Luta contra a violência

A Pernambucanas possui compromisso firmado com a Coalizão pelo Fim da Violência Contra Mulheres e Meninas, iniciativa da ONU Mulheres e do Instituto Avon, alinhada aos Princípios de Empoderamento das Mulheres (The Women’s Empowerment Principles – WEPs, na sigla em inglês).

A plataforma orienta as empresas na adoção de planos de ações, bem como de políticas específicas, visando empoderar as mulheres nos quadros pessoal e cadeia de valor.

Além disso, a Pernambucanas disponibiliza, através da Coalizão, atendimento por WhatsApp para Orientação e Apoio ao Colaborador em casos de violência doméstica, com intuito de oferecer orientação psicológica, jurídica e financeira às vítimas.

Há quase 5 anos, a empresa tornou obrigatório a todos os colaboradores o curso “Conscientização e Combate à Violência Doméstica” em sua Universidade Corporativa Digital. O treinamento, criado pela própria companhia, também é aberto ao público, possibilitando ampliar o alcance desse importante tema que traz como foco os tipos de violência, orientações sobre como buscar e oferecer ajuda, telefones de denúncia, entre outros.

  • Programa Mães Pernambucanas

O programa foi criado para acompanhar todo o período de gravidez das mães colaboradoras. Assim que a inscrição é feita, elas passam a ser monitoradas mensalmente por enfermeiras obstetras.

Ao comprovarem 6 consultas de pré-natal, a empresa oferece um kit maternidade. Durante o período gestacional, elas têm isenção total de coparticipação em exames e, no período de puericultura, os bebês têm o mesmo benefício para exames simples até 1 ano de idade.

  • Sala de apoio à amamentação

O espaço foi lançado no último dia 14, no Centro de Distribuição da organização, em Araçariguama (SP).

“Chamamos mulheres gestantes e lactantes para puxarem a fita da sala. Foi um momento muito emocionante. Uma de nossas colaboradoras chorou ao comentar que agora seu filho poderá ter um pouco dela todos os dias. Quando ela disse isso, em um espaço com cerca de 30 pessoas presentes – incluindo o CEO –, as lágrimas caíram”, conta Renata.

Colunistas:
– Desvendando a invisibilidade: desafios e soluções para a valorização do trabalho da mulher
– Dia Internacional da Mulher – Lei de Igualdade Salarial: é só isso?

Pessoas certas no lugar certo: um diferencial para fazer acontecer

De acordo com a executiva, a escuta ativa é um ponto que faz toda a diferença para as iniciativas saírem do papel. Ela explica que a partir do momento que as ideias são baseadas não em achismos, mas no que as pessoas trazem, os projetos ganham em assertividade e atendem às reais necessidades dos colaboradores.

“É importante ter um RH, uma área de gente que está o tempo perto da operação. E para as ações voltadas às mulheres, temos também o engajamento dos homens. O fato de termos o CEO da empresa e outros diretores, durante um momento – do lançamento da sala de amamentação –, sem saber como reagir ao ver uma mulher chorar, tornam tudo mais forte. Eles vêem que não é só a Renata falando ‘precisamos fazer’, mas sim na prática qual é a realidade”, diz.

Ela salienta que dentro do planejamento montado pela marca para os próximos três anos, a diversidade conta com um capítulo inteiro, o que foi prontamente acolhido pela empresa.

“Só o fato da diversidade estar no plano estratégico e a discussão das pautas chegar a meus pares, ao presidente da empresa, faz as pessoas entenderem – ainda mais – a importância. E isso faz parte do DNA da Pernambucanas. Quando cheguei aqui, já tive o suporte – para trabalhar essas ações de diversidade e sustentabilidade. Dentro da governança executiva temos um comitê de diversidade e alcançamos a lotação máxima. O tema estar na pauta faz as pessoas se sensibilizarem. Ele estar presente na cultura, no propósito, faz toda diferença”, finaliza.

Por Bruno Piai